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Bernanke prevê recessão nos EUA, se ajuda a bancos não for aprovada em breve

Republicanos e democratas estão céticos quanto à eficácia do pacote de ajuda proposto pelo governo

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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

Os Estados Unidos enfrentarão uma recessão, se o Congresso americano não aprovar rapidamente o pacote de ajuda aos bancos, proposto pelo governo. O alerta é do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke. "Eu acredito que, se o mercado de crédito não voltar a operar, mais empregos serão perdidos, mais residências serão desapropriadas, o PIB encolherá, e a economia não será capaz de se recuperar", afirmou Bernanke aos membros do Comitê de Bancos do Senado americano.

Ao lado do secretário do Tesouro, Henry Paulson, Bernanke pediu pressa aos parlamentares. Segundo ele, a aprovação do plano "é uma pré-condição para a recuperação saudável" da economia americana. O pacote propõe a aplicação de 700 bilhões de dólares, oriundos do Tesouro, para a compra de títulos lastreados em hipotecas - os papéis que estão no centro do terremoto financeiro que apavora Wall Street há mais de um ano.

O Congresso americano ainda está cético quanto à eficácia do plano de ajuda aos bancos, lançado pelo governo Bush. Os democratas querem incluir no pacote mais mecanismos de supervisão e controle do sistema financeiro. À medida que os analistas se debruçam sobre as causas da turbulência, muitos têm apontado a falta de supervisão do sistema como um dos motivos da atual crise. Além disso, os democratas também exigem garantias para que os mutuários não percam suas residências financiadas. "Devemos focar a raiz do problema, pondo um fim ao crescente número de despejos em nosso país", afirmou o senador democrata Christopher Dodd, presidente do Comitê de Bancos.

Resistência dos aliados

Mesmo entre os republicanos, partido do presidente George W. Bush, a adesão ao plano não é total. O senador Richard Shelby, por exemplo, afirmou que o pacote não passa de "uma mera formalização da ajuda do Tesouro".

A resistência ao pacote estende-se também à Câmara dos Deputados. De acordo com o americano The Wall Street Journal, a proposta enfrenta crescentes críticas, tanto da direita quanto da esquerda. Nesta semana, o Comitê Republicano de Estudos, um grupo de conservadores que representa metade dos 199 deputados republicanos, realizou um encontro para discutir o plano do governo. Após a reunião, o grupo anunciou que vai propor uma alternativa baseada nos princípios do livre mercado. A principal preocupação dos conservadores é quanto custará para os contribuintes o socorro aos bancos. Os republicanos também criticam a concentração de poderes no Tesouro, ocasionada pelo pacote. As preocupações republicanas aproximam-se da exigência democrata de limitar a participação do Executivo no pacote. Os conservadores defendem cortes de impostos e outras medidas que, segundo eles, seriam mais adequadas para revitalizar o mercado.

Em reposta, Bernanke afirmou que os contribuintes não arcarão com o total de 700 bilhões de dólares previstos no plano. Além disso, o presidente do Fed observou que, se bem executado, o pacote permitirá ganhos aos contribuintes, na forma de valorização dos ativos americanos.

A preocupação com a lentidão dos parlamentares em aprovar o pacote não é gratuita. Em 1989, o Congresso americano demorou seis meses para aprovar a Resolution Trust Corporation (RTC), uma estatal cuja função era comprar ativos - sobretudo títulos vinculados ao mercado imobiliário e hipotecas - de instituições financeiras insolventes. A RTC foi criada como resposta à crise de crédito que abalou os Estados Unidos nos anos 80. A estatal operou até 1995, quando suas funções foram transferidas para outro órgão do governo americano.

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