Ataques suicidas em 2017 já mataram 5 mil civis no Afeganistão
Segundo números da ONU, mortes e ferimentos por ataques suicidas a bomba e outros "ataques complexos" aumentaram 15 por cento
Reuters
Publicado em 17 de julho de 2017 às 14h58.
Cabul - A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu nesta segunda-feira aos grupos insurgentes no Afeganistão que parem com os ataques a civis após mais de 5 mil não combatentes terem sido mortos ou feridos nos primeiros seis meses de 2017.
A guerra no Afeganistão matou pelo menos 1.662 civis e feriu 3.581 no primeiro semestre do ano, número quase igual ao do mesmo período de 2016, disseram investigadores da ONU em comunicado divulgado na segunda-feira.
Mortes e ferimentos por ataques suicidas a bomba e outros "ataques complexos" aumentaram 15 por cento, com pelo menos 40 por cento de todas as vítimas civis causadas por ações com explosivos improvisados por parte de grupos antigoverno, incluindo ao longo de estradas.
"O custo humano dessa guerra no Afeganistão --perda de vidas, destruição e imenso sofrimento-- está de longe muito alto", disse Tadamichi Yamamoto, chefe da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão, em comunicado.
"O uso contínuo de dispositivos explosivos improvisados indiscriminados, desproporcionais e ilegais é particularmente assustador e deve parar imediatamente".
Em maio, um ataque com um caminhão-bomba no centro da capital afegã, Cabul, detonado por um suicida, matou pelo menos 92 pessoas e feriu quase 500, no que a ONU descreveu de "incidente documentado mais fatal" desde a intervenção militar internacional que derrubou o regime Taliban em 2001.
Nenhum grupo reivindicou responsabilidade pelo ataque.
Cabul contabiliza quase 20 por cento de todas as baixas civis deste ano.
Os investigadores dizem que o Taliban é responsável por pelo menos 43 por cento de todas as mortes de civis. O Estado Islâmico foi culpado por 5 por cento, enquanto forças anti-governo não identificadas são responsabilizadas por outros 19 por cento do total.
O porta-voz do Taliban, Zabihullah Mujahid, chamou as descobertas da ONU de "material de propaganda" politicamente motivada.
"Nós, uma vez mais, rejeitamos firmemente este relatório", disse em comunicado. "O Emirado Islâmico é muito mais sensível e vigilante sobre a prevenção de fatalidades civis que qualquer outro lado", acrescentou, usando o nome oficial do Taliban.