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Ataque nos EUA mostra perigo de notícias falsas em redes sociais

Um homem entrou em uma pizzaria armado com um fuzil para investigar pessoalmente o caso conhecido como "Pizzagate"

Internet: o homem disparou seu fuzil, mas ninguém ficou ferido (foto/Reprodução)

Internet: o homem disparou seu fuzil, mas ninguém ficou ferido (foto/Reprodução)

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AFP

Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 12h08.

A invasão de um homem armado a uma pizzaria de Washington, alvo de um boato que a vinculava a uma rede de pedofilia, mostra os riscos das notícias falsas na internet, e nas redes sociais, em particular.

O episódio ocorreu no último domingo em um bairro abastado da capital, quando Edgar Maddison Welsh, de 28 anos, entrou na pizzaria Comet armado com um fuzil para, segundo suas próprias palavras, investigar pessoalmente o caso conhecido como Pizzagate.

Maddison Welsh disparou seu fuzil, mas ninguém ficou ferido, embora o local estivesse repleto de famílias.

O homem, que disse ter percorrido centenas de quilômetros de carro a partir da Carolina do Norte para saciar sua curiosidade, foi rapidamente preso pela polícia, que descobriu outras duas armas em seu poder.

Os motivos apresentados pelo homem para explicar sua conduta colocam em evidência as consequências da divulgação de falsos rumores na internet durante a campanha eleitoral dos Estados Unidos.

"O que aconteceu (no domingo) prova que o fato de promover teorias conspiratórias falsas e irreflexivas tem consequências", criticou em um comunicado o proprietário desta pizzaria de clientela familiar, James Alefantis.

Seu estabelecimento sofreu uma onda de perseguições pela internet desde que o site WikiLeaks publicou no início de outubro mensagens eletrônicas de John Podesta, diretor de campanha de Hillary Clinton, nas quais fazia menção a um dia de arrecadação de fundos associado a Alefantis.

Esta revelação foi o ponto de partida de um rumor infundado que afirmava que seu restaurante servia de fachada a uma rede de pedofilia. Além de comentários violentos nas redes sociais, a pizzaria Comet e os locais comerciais próximos foram ameaçados por pessoas que se deslocavam até ali, culminando com o ataque armado de domingo.

Filho de Michael Flynn envolvido

"Espero que os que atiçaram estas tensões reservem um momento para refletir sobre o que aconteceu aqui (no domingo) e parem de propagar estas mentiras imediatamente", afirmou James Alefantis.

A iniciativa do jovem atirador mostra que os muitos desmentidos para identificar de forma irrefutável o Pizzagate como uma história fantasiosa não necessariamente dão resultados.

Sites como Infowars, conhecido por divulgar teorias da conspiração e ideias de extrema-direita, continuam afirmando sem provas que a pizzaria Comet está vinculada a uma rede de pedofilia.

Após o ataque de domingo, o filho de um integrante da futura equipe do presidente eleito, Donald Trump, se envolveu na polêmica.

Michael G. Flynn, cujo pai foi eleito para dirigir a partir de janeiro o poderoso Conselho de Segurança Nacional (NSC), emitiu várias mensagens alimentando os rumores e em um tuíte afirmou que "enquanto não ficar demonstrado que o #Pizzagate é falso, continuará sendo um tema".

O ex-general, cuja nomeação foi uma das primeiras anunciadas por Trump, não falou diretamente do assunto, mas no início de novembro divulgou em um tuíte um artigo que vinculava Hillary Clinton com casos de pedofilia.

A propagação de rumores sempre existiu na política americana, mas com a internet são divulgados mais ampla e rapidamente e são difíceis de desmentir, consideraram especialistas.

"Os detalhes da teoria da conspiração conhecida pelo nome de '#Pizzagate'não merecem ser mencionados; o problema em si deveria ser piada se não tivesse sido divulgado por figuras de primeira linha relacionadas à segurança nacional", estimaram especialistas em segurança do grupo Soufan.

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