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Árabes, EUA e Canadá tentam bloquear relatório do clima

Países estão impondo obstáculos ao texto sobre mitigação dos efeitos do aquecimento global

Funcionário de um posto de gasolina abastece um carro: documento aborda o impacto dos combustíveis no aumento da temperatura média e o que fazer para limitar seu emprego (Paulo Whitaker/Reuters/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2014 às 22h10.

Berlim - Países árabes, liderados pela Arábia Saudita , EUA e Canadá estão impondo obstáculos ao texto sobre mitigação dos efeitos do aquecimento global , que experts do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) discutem nesta semana, em Berlim, na Alemanha. O documento aborda o impacto dos combustíveis fósseis no aumento da temperatura média da Terra e o que fazer para limitar seu emprego pela economia mundial.

Segundo o relatório integral, base do rascunho em debate, não há alternativa: para limitar o aumento da temperatura média em no máximo 2ºC até 2100, é preciso reduzir o consumo de derivados de petróleo. As negociações do Grupo de Trabalho 3 do IPCC, que discute a mitigação - ou a redução do impacto - do aquecimento, começaram na segunda-feira, 7, na capital alemã, e representam a última etapa antes do relatório-síntese, que será apresentado em outubro, em Copenhague, na Dinamarca.

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Nessa semana, acadêmicos discutem como limitar ou prevenir emissões de gases de efeito estufa e aprimorar tecnologias de captura de gás carbônico (CO2) da atmosfera. Para tanto, mudanças estruturais em diversos setores da economia mundial, como energia, transporte, construção civil, indústria, agricultura, exploração florestal e manejo da água, estão em questão.

O tema é da maior sensibilidade, porque grandes exportadores de petróleo, como Arábia Saudita e nações árabes, tentam bloquear as discussões sobre a migração para matrizes energéticas mais limpas. "Estamos no segundo dia de negociações. Muito difícil", afirmou em seu Twitter o economista italiano Carlo Carraro, reitor da Universidade Ca’Foscari Venezia, de Veneza, um dos autores do relatório que estão em Berlim. "A obstrução da Arábia Saudita e de outros países árabes é muito forte, mas também dos EUA e do Canadá dificultam uma visão colaborativa do problema."

A reportagem do Estado entrou em contato com autores reunidos pelo IPCC, mas um acordo impede que eles falem com jornalistas. "Muita coisa vai mudar até a redação final", justificou o engenheiro Roberto Schaeffer, consultor da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e membro do Programa de Planejamento Energético da UFRJ.

Acompanhando as negociações a distância, o engenheiro brasileiro Márcio D’Agosto, coordenador do programa de Engenharia de Transporte da UFRJ e um dos autores do relatório do GT 3, não se surpreendeu com a resistência imposta pelos produtores de petróleo, EUA e Canadá. "Os estudos das relações entre transportes, energia e meio ambiente mostram que precisamos alterar o nosso comportamento", diz.

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