Mundo

Por temor ao coronavírus, americano toma produto com cloroquina e morre

Trump desafiou orientação de especialistas ao divulgar evidências não comprovadas de que a cloroquina, um medicamento antimalárico, poderia curar a covid-19

Estoques das farmácias de remédios feitos com os compostos cloroquina e hidroxicloroquina sumiram das prateleiras nos EUA (BartekSzewczyk/Getty Images)

Estoques das farmácias de remédios feitos com os compostos cloroquina e hidroxicloroquina sumiram das prateleiras nos EUA (BartekSzewczyk/Getty Images)

Janaína Ribeiro

Janaína Ribeiro

Publicado em 30 de março de 2020 às 15h23.

Última atualização em 31 de março de 2020 às 01h08.

Na semana passada, o presidente americano Donald Trump desafiou a orientação de especialistas ao divulgar evidências não comprovadas de que a cloroquina, um medicamento antimalárico, poderia curar a covid-19. Após o discurso de Trump, os estoques das farmácias de remédios feitos com os compostos cloroquina e hidroxicloroquina sumiram das prateleiras. Eles são usados por pessoas que têm diagnóstico de artrite reumatoide e lúpus.

Após a fala do presidente americano, um casal do Arizona descobriu em meio a seus produtos para animais de estimação uma versão não medicamentosa do fosfato de cloroquina, usada para limpar aquários. Acreditando que o produto químico vendido aos donos de animais de estimação, disponível online, era o mesmo que o medicamento antimalárico prescrito para humanos — mas não é —, o homem de 68 anos e sua esposa, de 61, tentaram se automedicar misturando uma colher de chá do produto, de sabor amargo, com refrigerante, antes de engolir.

Em 30 minutos, os dois passaram mal e foram levados às pressas para um hospital na região de Phoenix, onde o homem morreu e a esposa permanece sob cuidados intensivos, divulgou o jornal The Intercept.

Após o ocorrido, a esposa do homem concedeu uma entrevista à NBC News e afirmou que a atitude do casal foi após assistir ao pronunciamento de Trump pela televisão onde ele falava sobre os benefícios potenciais da cloroquina.

Agora, ela alerta outras pessoas a ouvir os profissionais de saúde para obter os melhores conselhos sobre o coronavírus. "Tenha cuidado e chame um médico", disse. "Eu nunca vou superar essa dor no coração."

Não foi divulgado se o casal tinha diagnóstico positivo para o coronavírus.

Nesta segunda-feira, 30, a Food and Drug Administration (FDA), agência que regulamenta os medicamentos nos Estados Unidos, autorizou o uso limitado em caráter de emergência da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratar casos do coronavírus no país. Com indícios de ser eficaz contra a covid-19, a droga ainda está em testes no país.

Em um comunicado divulgado em seu site, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos informa que, quando o uso emergencial de uma droga é apropriado, o FDA pode permitir o uso de emergência para facilitar o acesso a substâncias ainda não aprovadas para responder a ameaças “químicas, biológicas, radiológicas e nucleares.”

O documento afirma que a FDA permitiu que “sejam distribuídos e prescritos pelos médicos para pacientes adolescentes e adultos hospitalizados com covid-19, de maneira apropriada, quando um ensaio clínico não está disponível ou é viável.”

Os Estados Unidos registram mais de 140.000 casos do novo coronavírus e 2.489 mortes, segundo um balanço da Universidade Johns Hopkins.

As últimas notícias da pandemia do novo coronavírus

Mapa mostra como o Brasil e o mundo estão lidando com o novo coronavírus;
As fake news sobre a epidemia que estão circulando pelo mundo;
O que é a hidroxicloroquina, remédio promissor contra o novo coronavírus;
Otimismo de Trump com drogas contra coronavírus desafia ciência
No G20, Bolsonaro defende uso da hidroxicloroquina contra coronavírus

 

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDonald TrumpEstados Unidos (EUA)

Mais de Mundo

Trump critica democratas durante encontro com Netanyahu na Flórida

Milei diz que a Argentina apoia o povo venezuelano em sua 'luta pela liberdade'

Venezuela fecha fronteiras terrestres e barra entrada de avião com ex-presidentes do Panamá e México

Por que Kamala Harris é 'brat' — e como memes podem atrair o voto dos jovens e da geração Z

Mais na Exame