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Após acidente em Fukushima, críticas à energia nuclear se multiplicam

ONGs e ambientalistas pressionam governos para que revejam os investimentos no setor; energia nunclear é responsável por 15% da produção mundial

A usina de Fukushima, no Japão: acidente abriu espaço para os críticos (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 17h51.

Paris - Agora que o mundo acompanha de perto a tensão na usina nuclear japonesa de Fukushima, críticos à energia nuclear multiplicam comunicados e intervenções para deixar claro que é preciso acabar com a energia atômica.

"Continuar com o programa nuclear com o que sabemos revela claramente insconsciência!", irritou-se Jean-Marie Brom, engenheiro atômico, membro do Rede "Sortir du Nucléaire" (Deixar o Nuclear, em tradução livre).

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"Em Chernobyl, nós podíamos nos esconder, mesmo que fosse ilusório, atrás da alegação de que isso 'não seria possível em nosso país, os russos não sabem do que estão falando'; mas, agora, não podemos mais dizer isto. Os japoneses têm tanta tecnologia quanto a gente", continuou o diretor de pesquisas do CNRS (Centro Nacional da Pesquisa Científica).

A mobilização toma forma e as ONGs começam a ser ouvidas. Corrente humana com milhares de pessoas na Alemanha, manifestações em Paris, reivindicações pelo fim da energia nuclear por partidos e associações ambientalistas da Itália à Austrália...

"É preciso fechar progressivamente os reatores e não construir novos", insistiu o Greenpeace. "Maldita seja a energia atômica", acrescentou a organização Amigos da Terra.

"Faz tempo que o alarme está tocando e lamentamos que precisou chegar a esse ponto para que as autoridades começassem a se questionar, e nem mesmo estamos certos de que estão refletindo", declarou à AFP Sofia Majnoni do Greenpeace França.

Para ela, a "catástrofe" em curso no Japão "vai colocar um fim a 25 anos de debate sobre a segurança nuclear, conduzido principalmente pelo grupo nuclear francês Areva", e gigante mundial.

Antes do terremoto japonês, o setor de energia nuclear civil mundial estava indo bem, em particular com a alta no preço do petróleo. Sofreu os primeiros golpes após as catástrofes de Three Miles Island (Estados Unidos) em 1979 (incidente classificado em nível 5, de uma escala de 7) e Chernobyl (URSS) em 1986 (nível 7).

Hoje, existem cerca de 440 reatores distribuídos em 30 países, principalmente nos Estados Unidos, França e Japão, que fornecem cerca de 15% da eletricidade mundial.

No fim de 2009, outras 60 começaram a ser construídas.


A energia nuclear emite pouquíssimo CO2, um dos principais gases de efeito estufa que influencia nas mudanças climáticas. Ela é particularmente popular em grandes países emergentes, como China e Índia, mas também caiu nas graças de alguns dirigentes europeus.

As autoridades britânicas informaram no fim de fevereiro que iriam dar sinal verde provisório à utilização da tecnologia EPR para a construção de novos reatores nucleares.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel decidiu em 2009 prolongar a expectativa de vida das usinas nucleares, enquanto seu antecessor queria fechar todas até 2020.

Será que Fukushima será o golpe final contra o desenvolvimento atômico tão esperado pelos oposicionistas?

A Áustria exigiu no domingo a realização de testes de resistência das usinas nucleares na Europa para verificar se elas são "seguras em caso de terremoto".

Esse país, onde ambientalistas reivindicam com regularidade o fechamento de usinas próximas à Eslovênia e à Eslováquia, é contra a energia nuclear.

Para Sofia Majnoni do Greenpeace, "parece impensável que não haja uma conscientização, após uma catástrofe deste tipo".

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