Alan Gross e sua esposa, Judy, caminham após desembarque em Washington, EUA (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 17h38.
Washington - Alan Gross, um americano de 65 anos libertado nesta quarta-feira, após ter passado cinco anos em prisões cubanas, acusado de espionagem, fez grande parte de sua carreira no âmbito da ajuda humanitária e desenvolvimento internacional.
"Alan é um especialista em desenvolvimento internacional muito respeitado que percorreu o mundo durante mais de 25 anos, ajudando as pessoas em mais de 50 países e territórios de Oriente Médio, Europa, África e outras partes", relata o site "Bring Alan home" ('Tragam Alan para casa'), a campanha que pedia sua libertação.
"Em 2009, Allan foi recrutado como funcionário terceirizado para um projeto da USAID (agência americana para o desenvolvimento internacional) para melhorar o acesso à internet de pequenas comunidades em Cuba, particularmente da comunidade judaica", acrescentou.
Acusado de espionagem, foi julgado e condenado em 2011 a quinze anos de prisão por ter "cometido atos contra a independência e a integridade territorial de Cuba".
Nascido em Nova York, estudou Serviço Social em Maryland e Virgínia (leste dos EUA) e iniciou sua carreira na área de desenvolvimento internacional.
Este especialista em comunicações por satélite trabalhou sobretudo no Paquistão, nos Territórios Palestinos, no Azerbaijão e na Bulgária, em projetos de mineração, criação de emprego e agrícolas.
Entrou quatro vezes em Cuba com visto de turista. Na última vez, levou celulares e telefones inteligentes, computadores portáteis e telefones por satélite. Alguns eram autorizados em Cuba, outros, não.
Em sua quinta viagem, em 2009, ele teria mantido em seu poder um chip que impedia a localização de ligações feitas com telefone via satélite.
Por ocasião do quinto aniversário de sua prisão, sua esposa, Judy, esteve muito preocupada com a saúde do marido. "Temo que estejamos perto do fim (...). É tempo de o presidente Barack Obama trazer Alan aos Estados Unidos, se não será tarde demais".
Ela contou que o marido já tinha se despedido dela e dos filhos e que se recusou a que fossem visitá-lo. Também repudiou o restante das visitas.
Segundo sua família, Gross passava 23 horas por dia trancado em uma pequena cela com outros dois prisioneiros, perdeu 45 quilos, sofre de depressão e artrite degenerativa em uma perna. Em abril, encerrou uma greve de fome de dez dias para "protestar contra o tratamento desumano" do qual, em sua opinião, era vítima na prisão.
Sua prima, Linda Gross, declarou nesta quarta-feira à emissora MSNBC que sua família estava "cheia de alegria. Simplesmente choramos".
"É um milagre da Hanuka (festa judaica). É incrível. É uma boa forma de terminar 2014. É simplesmente fabuloso", acrescentou.
*Atualizada às 18h38 do dia 17/12/2014