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Al Sisi deve ser investigado, diz ONG

Human Rights Watch acusou as autoridades egípcias de crimes contra a humanidade


	Abdel Fatah al Sisi: em massacre de acampamento, 817 pessoas morreram
 (Stringer/Files/Reuters)

Abdel Fatah al Sisi: em massacre de acampamento, 817 pessoas morreram (Stringer/Files/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2014 às 08h53.

Cairo - A Human Rights Watch (HRW) acusou nesta terça-feira as autoridades egípcias de crimes contra a humanidade pelo massacre, há um ano, do acampamento islamita de Rabea al Adauiya, no Cairo, motivo pelo qual o presidente do Egito, Abdul Fatah al Sisi, "deveria ser investigado".

O diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, pediu ao Conselho de Segurança da ONU a criação de uma comissão de investigação e convocou os estados a julgar estes crimes nos tribunais de seus países.

Roth apresentou um relatório sobre o massacre, na qual se estima que morreram pelo menos 817 pessoas.

A organização apontou como principais responsáveis Sisi, que na época era ministro da Defesa; o ministro do Interior, Mohammed Ibrahim, e o responsável das forças especiais da polícia egípcia, Medhat Menshaui.

"Há provas suficientes para justificar uma investigação contra Sisi e os outros responsáveis mencionados por crimes contra a Humanidade", afirmou Roth.

A apresentação do relatório for feita por meio de uma videoconferência depois que o Egito impediu Roth e membros do HRW de entrar no país no domingo.

"É a primeira vez que tivemos negado o acesso ao Egito, nem sequer nos tempos de Hosni Mubarak (ex-presidente)", disse Roth.

O relatório assegura que os assassinatos foram "sistemáticos" e planejado pelas autoridades antes de 14 de agosto, quando foram desalojados as acampamentos nas praças cairotas de Rabea al Adauiya e Al-Nahda.

Roth considerou que "a magnitude do massacre é tão grande que figura na mesma categoria de episódios como o da praça de Praça da Paz Celestial, na China".

O relatório acusa as forças egípcias de responder de forma desproporcional à ameaça dos manifestantes da praça de Rabea al Adauiya, como demonstra o fato de que entre dezenas de milhares de pessoas foram encontrados apenas 15 armas, enquanto oito policiais morreram, contra 817 manifestantes.

O governo egípcio disse em um comunicado que "rejeita o relatório e critica sua falta de neutralidade, devido às conhecidas orientações não objetivas da HRW contra o Egito".

Segundo a nota, "as recomendações e a enumeração dos fatos que tiveram lugar durante os meses de julho e agosto de 2013 refletem claramente a falta de profissionalismo dos trabalhadores da organização, por depender de fontes parciais não confiáveis e testemunhas anônimas".

Além disso, considerou que as investigações, a coleta de provas e as entrevistas com testemunhas feitas pela HRW sem contar com uma autorização para trabalhar no Egito representam uma flagrante violação dos princípios da legalidade internacional, que estabelece que um Estado tem soberania sobre seu território.

O governo egípcio lamentou ainda o relatório ignorar intencionalmente as "centenas de policiais, militares e civis que morreram devido às ações terroristas, que ainda prosseguem, nas mãos de quem a HRW cataloga de manifestantes pacíficos".

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