Centro de tratamento de petróleo na França: o ataque ao campo de gás de Amenas, na Argélia, "colocou uma nuvem negra no panorama energético do país", segundo a AIE (Joel Saget/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2013 às 09h25.
Paris - O repentino aumento nas pressões sobre o preço do petróleo no mercado global e a recente tragédia envolvendo reféns num campo de gás na Argélia, que colocam uma "nuvem negra" no setor energético do país, foram objeto de alerta pela Agência Internacional de Energia (AIE) na última sexta-feira.
Segundo a AIE, um fator dominante no mercado global de energia agora "tem muito a ver com risco político em larga escala, e não só na Síria, Irã, Iraque, Líbia ou Venezuela", incluindo problemas de regulação.
A AIE reduziu levemente a previsão de demanda mundial de petróleo para 2013, em consequência das projeções de crescimento do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A agência, que reúne os principais países desenvolvidos, prevê uma demanda de 90,7 milhões de barris por día (mbd) este ano, o que representa 90.000 barris diários a menos.
Sobre o ataque ao campo de gás de Amenas, na Argélia, a AIE alertou: "O sequestro de 16 de janeiro e o assassinato de funcionários estrangeiros no campo de gás de Amenas colocou uma nuvem negra no panorama energético do país".
"A produção no campo foi interrompida, incluindo um número estimado de 50.000 barris por dia de gás natural condensado", destacou a AIE.
Os sequestradores alegaram ter atuado em retaliação à ação militar da França contra islamistas no Mali.
A AIE comentou que o campo de Amenas era controlado por um consórcio entre a operadora Statoil, a BP e a estatal Sonatrach. O campo também contava com a presença da empresa de engenharia japonesa JGC.
A agência, braço energético da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 34 membros, destacou que o panorama para o primeiro relatório mensal do ano "traz um olhar cauteloso" sobre o mercado de petróleo.
De "uma só vez" a demanda estimada dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) por petróleo em 2012 aumentou em 400.000 barris por dia.
"De repente o mercado ficou mais acirrado do que pensávamos", afirmou a AIE.
Com o título "O tigre e o dragão", o relatório da agência aponta que devido a incertezas sobre alguns dados, especialmente relativos à demanda na China e na Arábia Saudita, pode ser muito cedo para "declarar o início de um novo ciclo de mercado ou um retorno à tendência de alta (bull market) de antigamente".
No entanto, o relatório apontou para uma possível volta. A tendência de alta de 2003-08 foi provocada pela demanda e por preocupações sobre suprimentos. Depois, o que se seguiu foi uma tendência de baixa (bear market), ocasionada pela crise financeira.
No momento, o "risco político" é um fator crucial para o mercado, incluindo problemas regulatórios e mudanças, afirmou a AIE.
"Mudanças nas políticas de taxas e comércio na China e na Rússia podem, num piscar de olhos, sacudir os mercados e redefinir o mapa do comércio de petróleo", disse.
Os países na área da OCDE também correm risco por causa de problemas "acima do solo", já que legislações de exportação e transporte estão desalinhadas.