Agentes da Inteligência prendem jornalista na Venezuela
O governo vincula Luis Carlos Díaz a uma suposta sabotagem que provocou o apagão que atinge o país nos últimos dias
AFP
Publicado em 12 de março de 2019 às 13h22.
O jornalista e ativista venezuelano de direitos humanos Luis Carlos Díaz foi preso em Caracas por agentes de Inteligência que mais tarde invadiram sua residência, informaram sua família e uma organização de imprensa.
Díaz, a quem o partido no poder vincula a uma suposta sabotagem que provocou um apagão generalizado na última quinta-feira, foi preso no final da tarde de segunda-feira, informou no Twitter o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
Depois da prisão, membros do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) apareceram, nas primeiras horas desta terça-feira, com ele algemado em sua casa para uma revista.
"Acabou o ataque do Sebin a minha casa, que realizaram na companhia de Luis Carlos. Eles o trouxeram algemado", confirmou a esposa do comunicador, Nacky Soto, em um vídeo postado no Twitter.
Durante a busca, que durou cerca de duas horas, os agentes confiscaram computadores, memória eletrônica, celulares e dinheiro, informou o SNTP.
Soto convocou um protesto no Ministério Público para exigir a liberdade de seu marido, um crítico do governo de Nicolás Maduro e muito ativo e reconhecido nas redes sociais.
O programa de televisão do oficialista Diosdado Cabello Diaz ligou Díaz ao apagão através de um vídeo com declarações do radialista antes da queda de energia, em que cita casos de apagões em outros países que incentivaram rebeliões contra governos.
Seu caso ocorre depois que, em 7 de março, o jornalista norte-americano Cody Weddle foi detido por 12 horas por agentes militares de contra-espionagem e deportado para seu país.
A ONG Espacio Público, que defende a liberdade de expressão, registrou cerca de 50 prisões de trabalhadores da imprensa na Venezuela em 2019: 27 em fevereiro e 12 em janeiro.
Além disso, observou que o jornalista alemão Billy Six ainda é mantido na sede do Sebin, em El Helicoide, desde 17 de novembro.
Duas semanas atrás, as duas maiores redes hispânicas nos Estados Unidos, Univision e Telemundo, denunciaram "detenção" e "sequestro" no exercício da profissão em Caracas após a prisão por algumas horas de Jorge Ramos, da Univisión, e de Daniel Garrido, jornalista venezuelano da Telemundo.