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Acordo entre China e Brasil é passo para internacionalização da moeda chinesa, dizem especialistas

O acordo permitirá à China e ao Brasil realizar suas transações comerciais e financeiras maciças diretamente

Iuane: moeda chinesa (SOPA Images / Colaborador/Getty Images)
China2Brazil

Agência

Publicado em 31 de março de 2023 às 16h56.

Última atualização em 31 de março de 2023 às 17h07.

O Renminbi (RMB), moeda chinesa, está acelerando a expansão de seu uso internacional, uma tendência que ajudará a construir um sistema monetário internacional mais resistente, menos dependente do dólar americano e mais propício ao crescimento do comércio, disseram especialistas na quinta-feira, 30.

Os especialistas chineses comentaram depois que a China e o Brasil – duas grandes economias emergentes e os membros dos Brics – chegaram a um acordo para negociar em suas próprias moedas, abandonando o dólar americano como intermediário.

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O acordo permitirá à China e ao Brasil realizar suas transações comerciais e financeiras maciças diretamente, trocando o RMB por reais e vice-versa, em vez de passar pelo dólar, informou na quarta-feira, 29, a Agence France-Presse, citando o governo brasileiro.

O relatório chega em meio à crescente utilização global do RMB. A primeira transação transfronteiriça de gás natural liquefeito com RMB na China foi concluída na terça-feira, 28, depois que o Export-Import Bank of China conseguiu a primeira cooperação de empréstimo RMB com o Saudi National Bank, o maior banco da Arábia Saudita, no início deste mês.

Zhu Min, vice-presidente do Centro de Intercâmbio Econômico Internacional da China, disse que a tendência é que mais economias estão dispostas a usar o RMB na compensação e nos pagamentos, o que é um “passo significativo” para a internacionalização da moeda chinesa e reflete a crescente confiança da comunidade internacional nela.

Sanções adotadas pelos EUA

As sanções financeiras adotadas pelos Estados Unidos desde o início da crise da Ucrânia desencadearam uma “crise de confiança” para o dólar em certa medida, impulsionando o uso global de outras moedas, incluindo o RMB, disse Zhu à margem da Conferência Anual do Fórum de Boao para a Ásia.

Zhou Maohua, analista macroeconômico do Banco Everbright da China, disse que o uso de moedas locais no comércio bilateral será uma situação vantajosa para a China e o Brasil, reduzindo o risco de flutuações cambiais enfrentadas pelas empresas de comércio exterior, e assim impulsionando o crescimento do comércio.

Em fevereiro, o PBOC e o Banco Central do Brasil assinaram um acordo para estabelecer acordos de compensação de iuane no Brasil, tornando-o o terceiro país sul-americano a fazê-lo – depois do Chile e da Argentina.

A filial brasileira do Industrial and Commercial Bank of China Ltd., o maior doador mundial por ativos, foi autorizada pelo PBOC a ser o banco de compensação.

Os acordos ajudarão as empresas e instituições financeiras dos dois países a usar o RMB para o comércio internacional e facilitarão o comércio bilateral e os investimentos, disse na quinta-feira a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.

A infraestrutura financeira associada à internacionalização do RMB deve ser melhorada ainda mais, disse Pan Gongsheng, vice-governador do Banco Popular da China, o banco central do país, no início de março.

A nação melhorará ainda mais seu sistema comercial e de liquidação para investimentos e financiamentos transfronteiriços usando a moeda, acrescentou Pan.

“Acho que a internacionalização do renminbi provavelmente acelerará”, disse Hong Hao, economista-chefe do GROW Investment Group, uma empresa global de gestão de ativos com sede na China, sublinhando que os recentes desenvolvimentos indicam que um sistema monetário alternativo fora da hegemonia do dólar americano está sendo desenvolvido.

Acordos bilaterais

Com as sanções financeiras dos EUA prejudicando o status do dólar como moeda global, muitas economias, tais como Arábia Saudita, Rússia e Brasil, estão buscando uma alternativa ao sistema existente centrado no dólar, contribuindo para o crescente uso global do RMB, disse Hong Hao.

A China e seus parceiros comerciais que estabelecem mais acordos de liquidação em moeda chinesa podem ajudar a diminuir sua dependência do dólar americano, reduzir os custos de transação e tornar a gestão cambial mais simples, disse Hong.

Os pagamentos no RMB representaram 2,19% dos pagamentos globais por valor no mês passado, ante 1,91% em janeiro, ficando em quinto lugar entre as principais moedas pelo 13º mês consecutivo, de acordo com o provedor de serviços de mensagens financeiras SWIFT.


Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Xinhua

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