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Acidificação dos oceanos ameaça vida marinha

Disparada da concentração de CO2 na atmosfera tem intensificado a acidificação dos oceanos, o que pode levar a uma catástrofe marinha, alertam cientistas


	Oceanos em perigo: desde o início da era industrial, a acidez das águas aumentou 30%
 (Getty Images)

Oceanos em perigo: desde o início da era industrial, a acidez das águas aumentou 30% (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h53.

São Paulo – A alta concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, vilão do efeito estufa, pode desencadear uma verdadeira catástrofe nos oceanos a medida que estes se tornam mais ácidos, alertam os cientistas em um novo estudo publicado no periódico científico Nature Climate Change.

De acordo com a pesquisa, a acidificação dos oceanos é um processo conhecido por afetar alguns organismos marinhos, mas a gravidade da ameaça aos ecossistemas ainda é pouco compreendida.

Para resolver esse problema, os pesquisadores Astrid Wittmann e Hans-O. Pörtner avaliaram a sensibilidade de cinco componentes-chave dos ecossistemas oceânicos - corais, equinodermes, moluscos, crustáceos e peixes – à exposição a uma ampla gama de CO2.

Os autores descobriram que todos os grupos estudados foram negativamente impactados pela acidificação moderada do oceano, embora de maneiras diferentes e com intensidades diferentes.

Entre os invertebrados, os corais, equinodermos e os moluscos sofrem mais, enquanto que os crustáceos foram relativamente resistentes. Os efeitos sobre os peixes, entretanto, se mostraram mais difíceis de precisar, segundo os autores.

Acidez sem limite

Os cientistas alertam que, embora as emissões de dióxido de carbono (CO2) contribuam para um aumento sem precedentes da acidificação dos oceanos, elas reservam consequências imprevisíveis no longo prazo para a vida marinha.

Desde o início da era industrial, a acidez das águas do planeta aumentou 30% alcançando um nível sem igual nos últimos 55 milhões de anos. Os oceanos são grandes sumidouros naturais de CO2 – eles absorvem cerca de um terço das emissões procedentes de atividades humanas, como queima de hidrocarbonetos e de carvão, a produção de cimento e o desmatamento.

Um estudo publicado em maio deste ano apontou o oceano Ártico como o mais vulnerável, porque as águas frias absorvem mais CO2. De acordo com os cientistas, sem uma redução nas emissões ou outro tipo de controle sobre este gás, a tendência é que o PH dos oceanos se torne ainda mais ácido.

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