Mundo

"A economia argentina é que vai determinar acesso a capitais"

Para analista do CSFB em Nova York, daqui a quatro anos, quando a Argentina tentar recorrer a financiamento externo outra vez, o que estará em foco será o crescimento da economia e a consistência fiscal, e não a reestruturação encerrada ontem. "O mercado

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

A operação de troca de títulos da dívida pública da Argentina não será empecilho quando o país voltar ao mercado internacional de capitais. "Infelizmente, o mercado tem uma memória muito curta", diz a economista Carola Sandy, do Credit Suisse First Boston (CSFB) em Nova York. "Se a Argentina terá problemas ou não para contrair dívida externa novamente, vai depender do estado e das perspectivas de seus fundamentos econômicos, mais do que qualquer outra coisa."

Os títulos em default desde dezembro de 2001 totalizavam 82 bilhões de dólares, devidos a cerca de 500 mil investidores. A troca forçada pelo governo argentino arrancou a adesão de credores que tinham direito a 62 bilhões de dólares e que agora se conformam com 35 bilhões. "Claro que do ponto de vista do mercado, não foi nada bom", diz Carola. "O que o mercado pedia era uma reestruturação mais amigável, com mais participação, mas não foi ouvido."

Para a Argentina, além do nível de adesão, a boa notícia está na reação imediata do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Tesouro americano ao anúncio feito na quinta-feira (3/3) pelo ministro da Economia, Roberto Lavagna, dos resultados da reestruturação. Tanto o FMI quanto o governo dos Estados Unidos manifestaram-se em tom positivo quanto ao resultado, dando a entender que ele é suficiente para a retomada de negociações congeladas há meses. Para a analista, quando o país tentar recorrer a financiamento externo outra vez -- o que deve ocorrer em quatro a cinco anos --, o que estará em foco será o crescimento da economia e a consistência fiscal.

A edição mais recente da revista britânica The Economist não é tão benevolente. Em sua avaliação, o swap em "escala épica" estabelece uma "nova e dolorosa referência" para credores, mas não é o fim da história. A revista destaca estudo do economista Manmohan Singh, do FMI, pelo qual o ganho anualizado de investidores que recorrem à Justiça em casos de calote pode chegar a 300%. Paradoxalmente, afirma a reportagem, quanto maior a adesão em acordo de dívida, melhor para os inconformados, pois os governos estão mais propensos a composições com um pequeno grupo do que com um "exército de litigantes".

De qualquer modo, reconhece a Economist, "reestruturação" deixou de ser um conceito-tabu em grande estilo. O governo argentino conseguiu de uma só vez cortar o principal, alongar prazo (para 42 anos) e reduzir juros.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Mundo

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Entenda como seria o processo para substituir Joe Biden como candidato democrata

Chefe de campanha admite que Biden perdeu apoio, mas que continuará na disputa eleitoral

Biden anuncia que retomará seus eventos de campanha na próxima semana

Mais na Exame