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700 mil homenageiam vítimas na véspera da Marcha Republicana

Uma maré humana de 700 mil pessoas foi às ruas de várias cidades francesas neste sábado, véspera da Marcha Republicana

Faixa com a inscrição 'Je Suis Charlie' (Eu sou Charlie) é exibida na frente de uma manifestação em memória das vítimas dos atentados no país (Denis Charlet/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2015 às 18h01.

Paris - A França manteve seu nível de alerta máximo e reforçou a segurança na véspera da manifestação maciça deste domingo, à qual assistirão vários líderes europeus, em repúdio aos ataques jihadistas, que deixaram 17 mortos esta semana.

Uma maré humana de 700 mil pessoas foi às ruas de várias cidades francesas neste sábado, anunciou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

Pelo menos cem mil pessoas protestaram em Toulouse (sul), 40.000 em Lille (norte), 30.000 em Pau (sudoeste) e dezenas de milhares mais em outras cidades para prestar uma homenagem aos 12 mortos no ataque armado ao semanário satírico Charlie Hebdo, a jovem policial abatida a tiros e as quatro pessoas mortas em uma tomada de refém em um mercado de comida kasher parisiense.

Em cidades como Orleans, Rouen e Marselha, os manifestantes saíram às ruas mostrando lápis e capas do semanário atacado, que perdeu cinco de seus cartunistas. Eles mostravam cartazes com inscrições como "não tenho medo" e "contra o obscurantismo".

À espera da gigantesca marcha deste domingo, em Paris, neste sábado milhares de pessoas protestavam em frente ao supermercado parisiense onde foram feitos vários reféns e quatro deles morreram nas mãos do sequestrador jihadista Amédy Coulibaly, antes deste ser abatido pela polícia.

Cazeneuve disse que a França adotou "todas as medidas" necessárias para garantir a segurança da passeata deste domingo na capital.

No total, serão mobilizados 5.500 homens, entre policiais e soldados, inclusive 2.200 agentes encarregados de proteger a manifestação diretamente e os militares encarregados do restante da aglomeração parisiense, no âmbito do plano antiterrorista Vigipirate.

Ao lado do presidente François Hollande, participarão da marcha a chanceler alemã, Angela Merkel, os chefes de governo italiano, Matteo Renzi, espanhol, Mariano Rajoy, e britânico, David Cameron. A presidente Dilma Rousseff será representada pelo embaixador do Brasil na França, José Bustani. O chanceler russo, Serguei Lavrov, e os primeiros-ministros israelense, Benjamin Netanyahu, e turco, Ahmed Davutoglu, também anunciaram sua participação, entre outros.

"Foram adotadas todas as medidas para que esta manifestação possa transcorrer em um clima de recolhimento, respeito e segurança. Todos os dispositivos estão adotadas para garantir a segurança" da grande marcha convocada após o massacre no jornal Charlie Hebdo, disse Cazeneuve.

Mulher mais procurada da França pode estar na Síria

Em Ancara, fontes de segurança turca informaram, neste sábado, que Hayat Boumeddiene, a companheira do jihadista morto na sexta-feira após fazer reféns em um mercado de produtos judaicos, em Paris, e que era procurada intensamente pela polícia francesa, tinha entrado na Turquia no dia 2 de janeiro e que agora provavelmente estaria na Síria.

"Ela entrou na Turquia em 2 de janeiro (...) Achamos que ela tenha estado em Urfa (sudeste) uma semana depois, sem ter prova disso. A suspeita está, agora, provavelmente, na Síria", declarou a fonte consultada pela AFP, garantindo que a Turquia não prendeu Hayat Boumeddienne devido à falta de informações por parte do governo francês.

Procurada pelo suposto envolvimento na troca de tiros praticada por Amédy Coulibaly, em Montrouge (sul de Paris), no qual uma policial foi morta, e pela suspeita de ajuda na tomada de reféns no mercado kasher (que deixou quatro mortos), Boumeddiene já estaria na Turquia no momento dos fatos, caso a informação se confirme.

Tanto Coulibaly quanto a companheira tinham "vínculos constantes" com os irmãos Said e Chérif Kouachi, autores do massacre de 12 jornalistas, funcionários e policiais, na quarta-feira, em Paris, na sede do semanário satírico Charlie Hebdo e de ter executado um policial em uma rua próxima.

Os dois irmãos foram mortos pelas forças de segurança na localidade de Dammartin-en-Goele, a nordeste de Paris, quase ao mesmo tempo que Coulibaly.

A esposa de Chérif Koucahi, Izzana Hamyd, está detida desde a quarta-feira, enquanto a companheira de Coulibaly se tornou a mulher mais procurada da França.

Segundo a promotoria, Izzana Hamyd fez mais de 500 telefonemas em 2014 para a companheira de Coulibaly, Hayat Boumeddiene.

De cabelos pretos e longos e rosto infantil, Boumeddiene é muito religiosa e usa o véu integral, o que a obrigou a renunciar ao emprego de caixa, segundo a imprensa francesa.

Filha de um entregador, faz parte de uma família de sete irmãos. Ela se casou no religioso com Coulibaly em 2009. Sua mãe morreu em 1994, segundo a mesma fonte.

Desde o atentado contra o semanário "Charlie Hebdo", na quarta-feira, até o fim da tomada de reféns, nesta sexta, morreram em diferentes ataques na França 17 pessoas, além dos três atacantes, e pelo menos 20 pessoas ficaram feridas.

Coulibaly, cujos pais tinham origem maliense, justificou a tomada de reféns pela intervenção militar francesa no Mali e os bombardeios ocidentais na Síria, segundo conversa gravada pela rádio francesa RTL.

Além disto, este delinquente reincidente que se radicalizou na prisão, ligou durante a tomada de regéns para outras pessoas próximas pedindo que executassem mais atentados na "periferia parisiense", segundo uma fonte de segurança.

Os dois irmãos Kouachi, franceses de origem argelina, estavam há anos na lista negra americana do terrorismo. Said Kouachi tinha treinado manejo de armas no Iêmen em 2011.

Ambos estavam na "No Fly List" americana, que proíbe as pessoas de voar de ou para os Estados Unidos.

Reunião antiterrorista Europa-EUA

Na reunião de crise, celebrada na manhã deste sábado, convocada pelo presidente François Hollande, dedicou-se a manter o máximo nível de alerta "de mobilização e vigilância" no país, indicou o ministro do Interior.

O chefe de Estado francês prestou homenagem na véspera à "coragem e à eficácia" das forças de segurança. Ele qualificou de "horrível ato antissemita" a tomada de reféns no supermercado kasher e alertou que a "França não terminou com as ameaças" que a cercam.

Neste contexto, uma conferência sobre terrorismo reunirá este domingo, em Paris, doze ministros do Interior dos Estados Unidos e da Europa.

Uma autoridade religiosa da rede Al Qaeda na Península Arábica (AQPA) ameaçou a França com novos ataques em um vídeo divulgado na sexta-feira, revelou o centro de vigilância americano de sites islamitas (SITE).

"Não estarão em segurança, enquanto combaterem Alá, seus mensageiros e seus fiéis", disse ao povo francês Narit al Nadari, autoridade da AQPA em matéria da sharia, a lei islâmica.

"Soldados que adoram Alá e seus mensageiros estão entre nós. Não temem a morte, buscar o martírio em nome de Alá", completou.

O balanço dos atos terroristas destes últimos três dias na França não tem precedentes nos últimos 50 anos e abre interrogações sobre os dispositivos de segurança.

"Há uma falha, é evidente. Quando há 17 mortos, é porque ocorreram falhas", reconheceu o premiê francês, Manuel Valls, lembrando que "centenas de indivíduos partem para a Síria ou o Iraque", onde recebem "formação terrorista".

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Paris - A França manteve seu nível de alerta máximo e reforçou a segurança na véspera da manifestação maciça deste domingo, à qual assistirão vários líderes europeus, em repúdio aos ataques jihadistas, que deixaram 17 mortos esta semana.

Uma maré humana de 700 mil pessoas foi às ruas de várias cidades francesas neste sábado, anunciou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.

Pelo menos cem mil pessoas protestaram em Toulouse (sul), 40.000 em Lille (norte), 30.000 em Pau (sudoeste) e dezenas de milhares mais em outras cidades para prestar uma homenagem aos 12 mortos no ataque armado ao semanário satírico Charlie Hebdo, a jovem policial abatida a tiros e as quatro pessoas mortas em uma tomada de refém em um mercado de comida kasher parisiense.

Em cidades como Orleans, Rouen e Marselha, os manifestantes saíram às ruas mostrando lápis e capas do semanário atacado, que perdeu cinco de seus cartunistas. Eles mostravam cartazes com inscrições como "não tenho medo" e "contra o obscurantismo".

À espera da gigantesca marcha deste domingo, em Paris, neste sábado milhares de pessoas protestavam em frente ao supermercado parisiense onde foram feitos vários reféns e quatro deles morreram nas mãos do sequestrador jihadista Amédy Coulibaly, antes deste ser abatido pela polícia.

Cazeneuve disse que a França adotou "todas as medidas" necessárias para garantir a segurança da passeata deste domingo na capital.

No total, serão mobilizados 5.500 homens, entre policiais e soldados, inclusive 2.200 agentes encarregados de proteger a manifestação diretamente e os militares encarregados do restante da aglomeração parisiense, no âmbito do plano antiterrorista Vigipirate.

Ao lado do presidente François Hollande, participarão da marcha a chanceler alemã, Angela Merkel, os chefes de governo italiano, Matteo Renzi, espanhol, Mariano Rajoy, e britânico, David Cameron. A presidente Dilma Rousseff será representada pelo embaixador do Brasil na França, José Bustani. O chanceler russo, Serguei Lavrov, e os primeiros-ministros israelense, Benjamin Netanyahu, e turco, Ahmed Davutoglu, também anunciaram sua participação, entre outros.

"Foram adotadas todas as medidas para que esta manifestação possa transcorrer em um clima de recolhimento, respeito e segurança. Todos os dispositivos estão adotadas para garantir a segurança" da grande marcha convocada após o massacre no jornal Charlie Hebdo, disse Cazeneuve.

Mulher mais procurada da França pode estar na Síria

Em Ancara, fontes de segurança turca informaram, neste sábado, que Hayat Boumeddiene, a companheira do jihadista morto na sexta-feira após fazer reféns em um mercado de produtos judaicos, em Paris, e que era procurada intensamente pela polícia francesa, tinha entrado na Turquia no dia 2 de janeiro e que agora provavelmente estaria na Síria.

"Ela entrou na Turquia em 2 de janeiro (...) Achamos que ela tenha estado em Urfa (sudeste) uma semana depois, sem ter prova disso. A suspeita está, agora, provavelmente, na Síria", declarou a fonte consultada pela AFP, garantindo que a Turquia não prendeu Hayat Boumeddienne devido à falta de informações por parte do governo francês.

Procurada pelo suposto envolvimento na troca de tiros praticada por Amédy Coulibaly, em Montrouge (sul de Paris), no qual uma policial foi morta, e pela suspeita de ajuda na tomada de reféns no mercado kasher (que deixou quatro mortos), Boumeddiene já estaria na Turquia no momento dos fatos, caso a informação se confirme.

Tanto Coulibaly quanto a companheira tinham "vínculos constantes" com os irmãos Said e Chérif Kouachi, autores do massacre de 12 jornalistas, funcionários e policiais, na quarta-feira, em Paris, na sede do semanário satírico Charlie Hebdo e de ter executado um policial em uma rua próxima.

Os dois irmãos foram mortos pelas forças de segurança na localidade de Dammartin-en-Goele, a nordeste de Paris, quase ao mesmo tempo que Coulibaly.

A esposa de Chérif Koucahi, Izzana Hamyd, está detida desde a quarta-feira, enquanto a companheira de Coulibaly se tornou a mulher mais procurada da França.

Segundo a promotoria, Izzana Hamyd fez mais de 500 telefonemas em 2014 para a companheira de Coulibaly, Hayat Boumeddiene.

De cabelos pretos e longos e rosto infantil, Boumeddiene é muito religiosa e usa o véu integral, o que a obrigou a renunciar ao emprego de caixa, segundo a imprensa francesa.

Filha de um entregador, faz parte de uma família de sete irmãos. Ela se casou no religioso com Coulibaly em 2009. Sua mãe morreu em 1994, segundo a mesma fonte.

Desde o atentado contra o semanário "Charlie Hebdo", na quarta-feira, até o fim da tomada de reféns, nesta sexta, morreram em diferentes ataques na França 17 pessoas, além dos três atacantes, e pelo menos 20 pessoas ficaram feridas.

Coulibaly, cujos pais tinham origem maliense, justificou a tomada de reféns pela intervenção militar francesa no Mali e os bombardeios ocidentais na Síria, segundo conversa gravada pela rádio francesa RTL.

Além disto, este delinquente reincidente que se radicalizou na prisão, ligou durante a tomada de regéns para outras pessoas próximas pedindo que executassem mais atentados na "periferia parisiense", segundo uma fonte de segurança.

Os dois irmãos Kouachi, franceses de origem argelina, estavam há anos na lista negra americana do terrorismo. Said Kouachi tinha treinado manejo de armas no Iêmen em 2011.

Ambos estavam na "No Fly List" americana, que proíbe as pessoas de voar de ou para os Estados Unidos.

Reunião antiterrorista Europa-EUA

Na reunião de crise, celebrada na manhã deste sábado, convocada pelo presidente François Hollande, dedicou-se a manter o máximo nível de alerta "de mobilização e vigilância" no país, indicou o ministro do Interior.

O chefe de Estado francês prestou homenagem na véspera à "coragem e à eficácia" das forças de segurança. Ele qualificou de "horrível ato antissemita" a tomada de reféns no supermercado kasher e alertou que a "França não terminou com as ameaças" que a cercam.

Neste contexto, uma conferência sobre terrorismo reunirá este domingo, em Paris, doze ministros do Interior dos Estados Unidos e da Europa.

Uma autoridade religiosa da rede Al Qaeda na Península Arábica (AQPA) ameaçou a França com novos ataques em um vídeo divulgado na sexta-feira, revelou o centro de vigilância americano de sites islamitas (SITE).

"Não estarão em segurança, enquanto combaterem Alá, seus mensageiros e seus fiéis", disse ao povo francês Narit al Nadari, autoridade da AQPA em matéria da sharia, a lei islâmica.

"Soldados que adoram Alá e seus mensageiros estão entre nós. Não temem a morte, buscar o martírio em nome de Alá", completou.

O balanço dos atos terroristas destes últimos três dias na França não tem precedentes nos últimos 50 anos e abre interrogações sobre os dispositivos de segurança.

"Há uma falha, é evidente. Quando há 17 mortos, é porque ocorreram falhas", reconheceu o premiê francês, Manuel Valls, lembrando que "centenas de indivíduos partem para a Síria ou o Iraque", onde recebem "formação terrorista".

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