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50 mil crianças podem morrer de fome na Nigéria, diz Unicef

O representante sustentou que em seus 20 anos de experiência em contextos similares, a última crise comparável é foi a ocorrida na Somália em 2011

Nigéria: os menores necessitam ser nutridos em primeira instância com alimentos terapêuticos (Lynn Johnson/National Geographic/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2016 às 12h12.

Genebra - Quase 50 mil crianças que vivem no nordeste da Nigéria , a região onde o grupo jihadista Boko Haram operou nos últimos anos, estão em risco de morrer no próximos 12 meses devido à desnutrição avançada, alertou nesta sexta-feira o responsável de nutrição do Unicef neste país, Arjan de Wagt.

O nordeste da Nigéria sofre uma crise humanitária que desde abril vai descobrindo que é mais grave do que o pensado, já que desde então foi sendo recuperado o acesso a zonas que tinham sido tomadas pelo grupo terrorista.

Uma ofensiva do Exército obrigou nos últimos meses suas forças a se retirar mais ao norte, onde estima-se que haja duas milhões de pessoas que seguem fora do alcance das organizações de ajuda.

"Ao norte de Borno ainda há muitos distritos que são completamente inacessíveis para nós", indicou o representante do organização de proteção infantil.

Segundo De Wagt, as novas avaliações revelaram que pelo menos 244 mil crianças estão em condição de desnutrição grave unicamente no estado de Borno, e "uma quinta parte delas foi achada literalmente à beira da morte".

Para superar esse estado, os menores necessitam ser nutridos em primeira instância com alimentos terapêuticos.

Nos três estados do norte da Nigéria, a ONU calcula que 4,4 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária urgente e que cerca de 55 mil pessoas adicionais estão em "condições similares à crise de fome", disse o representante do Unicef.

"O nível de sofrimento e desnutrição nesses lugares é extremamente alto, com 12% de desnutrição severa, que é algo que normalmente não se vê e ressalta a gravidade do que está ocorrendo no local", declarou De Wagt por telefone desde Abuja.

O representante sustentou que em seus 20 anos de experiência em contextos similares, a última crise comparável é foi a ocorrida na Somália em 2011.

Uma das razões para que a população do norte da Nigéria tenha chegado a este extremo é que os milicianos de Boko Haram se apoderaram nos últimos cinco anos dos terrenos agrícolas e os habitantes não puderam cultivar suas próprias terras com fins de autoconsumo.

De Wagt sustentou que outra prática comum dos membros da organização terrorista foi a de confiscar os alimentos da população, que com a passagem dos anos foi esgotando suas reservas, incluídos os animais que criavam.

"Não há cultivos e todos dependem da ajuda humanitária, pelo menos até o final da próxima colheita, que será em outubro do próximo ano", disse o especialista em nutrição.

Sobre o número de crianças que podem ter morrido até agora pela desnutrição, o Unicef considera que é impossível fazer um cálculo sério porque muitos faleceram em suas casas e não há registros deles.

Se considera que uma avaliação realista só pode ser feita com visitas casa por casa, para as quais foram contratados 1,5 mil colaboradores que ao mesmo tempo informarão às famílias da existência dos programas nutricionais do Unicef.

O grande problema para cumprir com as metas é o pouco financiamento dos programas do organização na Nigéria, lamentou De Wagt. EFE

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Genebra - Quase 50 mil crianças que vivem no nordeste da Nigéria , a região onde o grupo jihadista Boko Haram operou nos últimos anos, estão em risco de morrer no próximos 12 meses devido à desnutrição avançada, alertou nesta sexta-feira o responsável de nutrição do Unicef neste país, Arjan de Wagt.

O nordeste da Nigéria sofre uma crise humanitária que desde abril vai descobrindo que é mais grave do que o pensado, já que desde então foi sendo recuperado o acesso a zonas que tinham sido tomadas pelo grupo terrorista.

Uma ofensiva do Exército obrigou nos últimos meses suas forças a se retirar mais ao norte, onde estima-se que haja duas milhões de pessoas que seguem fora do alcance das organizações de ajuda.

"Ao norte de Borno ainda há muitos distritos que são completamente inacessíveis para nós", indicou o representante do organização de proteção infantil.

Segundo De Wagt, as novas avaliações revelaram que pelo menos 244 mil crianças estão em condição de desnutrição grave unicamente no estado de Borno, e "uma quinta parte delas foi achada literalmente à beira da morte".

Para superar esse estado, os menores necessitam ser nutridos em primeira instância com alimentos terapêuticos.

Nos três estados do norte da Nigéria, a ONU calcula que 4,4 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária urgente e que cerca de 55 mil pessoas adicionais estão em "condições similares à crise de fome", disse o representante do Unicef.

"O nível de sofrimento e desnutrição nesses lugares é extremamente alto, com 12% de desnutrição severa, que é algo que normalmente não se vê e ressalta a gravidade do que está ocorrendo no local", declarou De Wagt por telefone desde Abuja.

O representante sustentou que em seus 20 anos de experiência em contextos similares, a última crise comparável é foi a ocorrida na Somália em 2011.

Uma das razões para que a população do norte da Nigéria tenha chegado a este extremo é que os milicianos de Boko Haram se apoderaram nos últimos cinco anos dos terrenos agrícolas e os habitantes não puderam cultivar suas próprias terras com fins de autoconsumo.

De Wagt sustentou que outra prática comum dos membros da organização terrorista foi a de confiscar os alimentos da população, que com a passagem dos anos foi esgotando suas reservas, incluídos os animais que criavam.

"Não há cultivos e todos dependem da ajuda humanitária, pelo menos até o final da próxima colheita, que será em outubro do próximo ano", disse o especialista em nutrição.

Sobre o número de crianças que podem ter morrido até agora pela desnutrição, o Unicef considera que é impossível fazer um cálculo sério porque muitos faleceram em suas casas e não há registros deles.

Se considera que uma avaliação realista só pode ser feita com visitas casa por casa, para as quais foram contratados 1,5 mil colaboradores que ao mesmo tempo informarão às famílias da existência dos programas nutricionais do Unicef.

O grande problema para cumprir com as metas é o pouco financiamento dos programas do organização na Nigéria, lamentou De Wagt. EFE

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