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13 mil pessoas foram enforcadas em prisão síria, diz Anistia

Relatório denuncia execuções em massa autorizadas por oficiais e as condições deploráveis em que vivem os prisioneiros de Saydnaya

Prisão de Saydnaya: segundo Anistia Internacional, 13 mil pessoas foram executadas desde 2011 (Anistia Internacional/Divulgação)

Gabriela Ruic

Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 11h29.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2017 às 12h13.

São Paulo – Cerca de 13 mil prisioneiros foram enforcados em segredo pelo regime de Bashar Al-Assad na prisão de Saydnaya, localizada a 30 quilômetros de Damasco, capital da Síria. A informação foi revelada nesta terça-feira pela Anistia Internacional no relatório chamado “Síria: Abatedouro Humano – Enforcamentos em massa e extermínio na prisão de Saydnaya”.

De acordo com a entidade, que é dedicada ao monitoramento dos direitos humanos em todo o mundo, as vítimas são, em sua maioria, civis opositores ao governo de Assad. Antes de serem mortas, essas pessoas foram torturadas, privadas de água, comida e atendimento médico.

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Execuções em massa

Os presos em Saydnaya estão organizados em dois prédios. No que a Anistia chamou de “prédio vermelho”, estão presos civis, enquanto que no “prédio branco”, os presos são ex-oficiais e soldados do exército sírio. As prisões se deram a partir de 2011, quando guerra no país se iniciou.

Estima-se que entre a prisão abrigue entre 10 mil e 20 mil pessoas. Segundo os relatos ouvidos pela entidade, os enforcamentos ocorrem uma ou duas vezes na semana. Em cada uma das sessões, são mortas entre 20 e 50 pessoas de uma só vez.

As vítimas desses enforcamentos foram retiradas de suas celas durante a tarde, sob o pretexto de que seriam transferidas para outra prisão. Eram, no entanto, levadas até o porão do prédio vermelho, onde foram submetidas a sessões de espancamentos.

As execuções, mostrou a investigação, ocorreram em segredo, durante a noite. Vendadas durante todo o processo, essas pessoas descobriram a sentença de morte momento antes de suas vidas chegarem ao fim. Seus corpos foram depois enterrados em valas comuns, muitas vezes sem que as famílias fossem avisadas.

Para a produção do relatório, foram ouvidas 84 pessoas, como ex-prisioneiros, guardas que trabalham ou trabalharam no local, além de juízes e advogados. Por ser proibida de entrar no país, a Anistia Internacional conduziu as entrevistas pessoais no sul da Turquia e também por telefone.

Prisões sírias

Em agosto de 2016, outra investigação da entidade calculou que ao menos 17 mil pessoas tenham morrido em diferentes prisões na Síria como resultado das condições deploráveis de vida e tortura. Na ocasião, a Anistia lançou uma ferramenta interativa na qual é possível observar como é a prisão de Saydnaya e ter acesso aos depoimentos das testemunhas ouvidas.

“As próximas conversas de paz na Síria em Genebra não podem ignorar essas descobertas”, pontuou Lynn Maalouf, diretora de pesquisa do braço da Anistia Internacional em Beirute (Líbano).

“Acabar com essas atrocidades deve estar na agenda. A ONU deve realizar uma investigação sobre os crimes em Saydnaya e exigir que observadores internacionais tenham acesso a todos os locais de detenção”, continuou.

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