Exame Logo

Galpões vagos nas estradas paulistas somam 300 maracanãs

Alta vacância de imóveis comerciais é reflexo concreto da recessão pela qual o país passa, que fez inúmeras empresas encolherem ou fecharem as portas

Cruzamento da Anhanguera com a Bandeirantes: rodovias têm centenas de placas de galpões para alugar (Mauricio Simonetti/Exame)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de dezembro de 2016 às 14h23.

Última atualização em 25 de dezembro de 2016 às 14h30.

São Paulo - Um dos retratos da crise na economia está estampado ao longo das estradas paulistas. Num raio de mais de 100 quilômetros da capital, percorridos pelo 'Estado' entre as rodovias Anhanguera e Bandeirantes, há centenas de placas de alugam-se galpões, além de áreas industriais e rurais à venda e painéis vagos à espera de anunciantes num dos principais corredores logísticos do País. É o reflexo concreto da mais longa e profunda recessão, que fez inúmeras empresas encolherem ou fecharem as portas.

Pela primeira vez desde que o setor de galpões logísticos começou a se desenvolver no País em 2010 houve neste ano devolução de imóveis pelos inquilinos. Só no Estado de São Paulo 38 mil metros quadrados (m²) foram entregues de volta aos locadores no 3º trimestre, nas contas da Cushman & Wakefield, consultoria especializada em serviços imobiliários. Nesse total estão descontadas as novas locações ocorridas no período.

Veja também

A ociosidade é tão grande que a área galpões vagos no Estado de São Paulo soma 2,4 milhões de m². Isso equivale a mais de 300 campos de futebol.

"Nunca havia tido devolução líquida de galpões", diz Gustavo Garcia, chefe de pesquisa de mercado para a América do Sul da consultoria.

Ele explica que nesse período houve uma segunda fase de ajuste das empresas ao tamanho menor do mercado. Na primeira fase, a correção ocorreu nas companhias ligadas ao setor de veículos e da construção civil. Agora, diz Garcia, o ajuste pegou os setores ligados a móveis, eletrodomésticos e eletrônicos. Assim como a construção civil e veículos, esses segmentos também são movidos a crédito, mas com prazos menores. No entanto, o ritmo de produção e vendas foi igualmente afetado pela escassez de financiamentos.

Embora o Estado de São Paulo seja o principal mercado, o movimento de devolução de espaços vazios também ocorreu em outras regiões, mas em menor proporção. A pesquisa aponta que no Paraná foram devolvidos 18 mil m² e em Pernambuco 14 mil m² no 3º trimestre, descontadas novas locações. A região Norte foi a única que apresentou valor positivo para o indicador.

Vacância

Com o encolhimento das empresas, o nível de ociosidade nos galpões logísticos disparou. A taxa de vacância no País atingiu 22,7% e no Estado de São Paulo subiu 23,8% no 3º trimestre. Essa vacância e o setor corria para entregar novos empreendimentos.

Garcia acredita que a ociosidade encerre este ano em 24,5% e permaneça nesse patamar durante o próximo ano por causa do processo de reacomodação das empresas que ainda está em curso: "A ociosidade ".

Outro indicador do momento de ajuste aparece no preço pedido de locação. No terceiro trimestre, a cotação média do metro quadrado era R$ 19,99, uma cifra 2,5% menor em relação ao valor pedido no mesmo período do ano passado, sem descontar a inflação. Garcia frisa que esse é o preço pedido. O preço fechado deve ser menor por causa dos descontos dados pelos proprietários.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Empresasguia-de-imoveisImóveisimoveis-comerciais

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame