Marcel Fukayama, diretor executivo do Sistema B no Brasil (Divulgação/Divulgação)
Para o diretor executivo do Sistema B Internacional Marcel Fukayama, a pandemia torna o papel das empresas na sociedade ainda mais relevante.
Que mundo encontraremos após a pandemia do coronavírus? Que lições teremos aprendido? Como passaremos a lidar com a saúde? Como ficarão aspectos do cotidiano, como as relações de afeto, o mercado de consumo, a espiritualidade? E a economia? Ninguém tem ainda essas respostas. O resultado vai depender de nossa compreensão dos acontecimentos, dos posicionamentos da sociedade civil, das atitudes socialmente responsáveis das empresas, dos caminhos adotados pelos governantes. Em resumo: vai depender de nós. Para tentar antecipar esses cenários, falamos com especialistas em diversas áreas. O resultado você confere nesta reportagem da edição 1207. Nos próximos dias, continuaremos o debate com outros especialistas aqui no site.
A seguir, o depoimento de Marcel Fukayama:
Ainda parece cedo para dizer como será o mundo pós-COVID19. Talvez, já seja possível crer que não será como antes. A crise traz à mesa questões emergenciais que antes estavam veladas ou negligenciadas. Temas que antes dificilmente seriam abordados, entram na agenda e ganham consciência social e política como a renda básica, apoio aos negócios locais e comunitários, as limitações de um sistema universal de saúde ou o papel das empresas e sua função social. Tais temas emergentes podem transformar as instituições e a sociedade.
No âmbito privado, emerge o papel das empresas na sociedade. Aquelas que buscam a tradicional maximização do resultado para o acionista, perderão valor para o consumidor, colaborador e fornecedor. Ganhará cada vez mais força o “capitalismo de stakeholders”, onde o valor compartilhado na cadeia no curto e longo prazo passa a ser o melhor interesse dos negócios.
Diante dos efeitos da crise, modelos de negócios inclusivos e regenerativos ocuparão cada vez mais espaço como soluções de mercado. E terão incentivos de governos e investidores para a o mundo acelerar a sua transição para uma nova economia de impacto positivo e nos aproximarmos de acordos como a agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 2030 e Acordo de Paris.
As crises, de diversos tipos e intensidades, se tornarão mais recorrentes. E somente empresas com o propósito de gerar impacto positivo, responsabilidade com seus stakeholders no curto e longo prazo; e compromisso com a transparência ao medir, gerenciar e reportar seu impacto é que terão responsividade numa realidade de incertezas e volatilidade e, portanto, terão valor no novo mundo pós-COVID19.