Líderes Extraordinários

As leis do poder e como usá-las de forma eficaz

Compreender suas fontes de motivação e utilizá-las de forma eficaz pode transformar líderes e impactar positivamente o coletivo

O poder pode ser uma ferramenta eficaz para alcançar resultados e influenciar positivamente as pessoas ao nosso redor. (Thomas Barwick/Getty Images)

O poder pode ser uma ferramenta eficaz para alcançar resultados e influenciar positivamente as pessoas ao nosso redor. (Thomas Barwick/Getty Images)

Luis Giolo
Luis Giolo

Colunista

Publicado em 21 de junho de 2024 às 11h27.

A motivação é uma das nossas maiores forças. Identificar suas fontes e utilizá-las de forma eficaz tem sido objeto de diversos estudos acadêmicos, sendo os professores David McClelland e David Burnham, de Harvard, considerados os mais relevantes nesse campo. Segundo eles, existem três fontes de motivação: conquistas pessoais, a necessidade de ser bem-quisto pelos outros e o desejo de poder.

Os líderes de sucesso geralmente são motivados por este último, embora não se trate de um impulso ditatorial, mas, sim, do desejo de causar impacto e influenciar de forma benéfica o coletivo. No entanto, tendemos a temer o poder ou, pelo menos, associá-lo a aspectos negativos.

Há pouco tempo, participei de uma palestra on-line ministrada pelo Prof. Jeff Pfeffer, especialista em comportamento organizacional da Universidade de Stanford, sobre seu livro "As 7 Leis do Poder". Fiquei bastante intrigado com a abordagem dele sobre o assunto, especialmente por contrastar com temas tão populares atualmente, como vulnerabilidade e autenticidade.

Pfeffer apresentou uma perspectiva contraintuitiva, destacando a importância do poder nas relações e nos ambientes organizacionais. Foi interessante ver como ele argumenta que o poder pode ser uma ferramenta eficaz para alcançar resultados e influenciar positivamente as pessoas ao nosso redor. Suas 7 regras são:

1) Não se coloque no seu próprio caminho. Evite dar desculpas antecipadas, desacreditar-se antes mesmo de falar ou admitir ser introvertido. O poder é uma habilidade que pode ser adquirida. Como disse Pfeffer, "Não seja tão modesto, pois você não é tão bom quanto pensa".

2) Quebre as regras. As regras muitas vezes nos limitam, e David venceu Golias justamente por não seguir as regras estabelecidas.

3) Comporte-se de maneira poderosa. Aja e fale com confiança e autoridade. Domine a linguagem corporal, a forma como você soa e sua presença.

4) Crie uma marca poderosa. Veja-se como um produto ou serviço e trabalhe constantemente para fortalecer essa imagem.

5) Faça networking incansavelmente. Dedique tempo suficiente para construir relacionamentos e aprender com pessoas diferentes. Não se limite a passar tempo apenas com aqueles que você já conhece bem. Você pode conectar pessoas e fornecer um serviço incrível a elas. Uma sugestão é criar uma lista de 10 a 20 pessoas que podem ser úteis para você e pensar em como você pode conhecê-las.

6) Use o seu poder. O poder não é um recurso escasso que se esgota. Faça coisas que atraiam as pessoas e as façam querer se associar a você. Ganhe mais apoiadores e faça com que as pessoas queiram trabalhar com você.

7) Entenda que, uma vez que você adquiriu poder, o que você fez para obtê-lo será perdoado, esquecido ou desculpado. Um líder deve se esforçar para manter sua posição de poder para continuar liderando. Aqui a polêmica gira em torno de personalidades como Trump, Putin, ou CEOs envolvidos em escândalos recentes, entre outros.

Segundo o Prof. Pfeffer, é importante ser autêntico com o que as outras pessoas querem ou esperam de você. Ele recomenda não trazer as coisas ruins para o trabalho, pois os líderes estão nessas posições porque precisam atender às necessidades das outras pessoas e não somente as suas próprias.

Ele também acredita que mostrar vulnerabilidade pode sair pela culatra. Embora a vulnerabilidade crie proximidade, as pessoas querem que você saiba o que está fazendo, que esteja confiante e, portanto, que devam segui-lo. Recentemente, vivenciei uma situação em que um CEO resolveu mostrar sua vulnerabilidade para sua equipe em uma discussão estratégica. Vi exatamente o que o Professor descreve acima, um grande desconforto se seguiu até o final da sessão. A equipe estava provavelmente insegura em relação às decisões estratégicas a serem exploradas e esperava uma definição maior por parte do CEO, e não que ele expressasse suas dúvidas em relação às expectativas dos acionistas.

Nenhum líder é, ou deve se portar, como um super-herói sempre, mas escolher os momentos para se mostrar humano pode ser vital.

Ele conclui ao dizer que os melhores líderes são extraordinariamente pragmáticos. Ele traz o exemplo de uma executiva que pensava em deixar sua carreira nas mãos da equipe de recursos humanos, pois acreditava que eles tinham a visão do todo, de todas as possibilidades e a conheciam bem. No entanto, foi aconselhada por seu coach a falar exatamente sobre suas intenções de carreira com eles e o porquê das escolhas, o que abriu a visão da empresa sobre possibilidades não imaginadas anteriormente para ela.

Em resumo, embora o poder possa ser visto com receio e associado a aspectos negativos, é importante reconhecer seu potencial e aprender a utilizá-lo de forma eficaz. As fontes de motivação, como a necessidade de poder, podem impulsionar líderes a causar um impacto positivo no coletivo.

Seguindo as dicas mencionadas acima, é possível adquirir e utilizar o poder de maneira construtiva, quebrando barreiras, construindo relacionamentos e influenciando pessoas ao redor. Portanto, é fundamental compreender que o poder pode ser uma ferramenta valiosa para alcançar resultados e promover mudanças.

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