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Vale desaba 3% e Ibovespa fecha no pior nível do ano com risco Evergrande

Bolsa brasileira acompanha cenário externo negativo e chega ao quinto pregão consecutivo de queda

Ibovespa perde a marca dos 110.000 pontos e volta a patamar de novembro de 2020 | Foto: Amanda Perobelli/Reuters (Amanda Perobelli/Reuters)

Ibovespa perde a marca dos 110.000 pontos e volta a patamar de novembro de 2020 | Foto: Amanda Perobelli/Reuters (Amanda Perobelli/Reuters)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 17h22.

Última atualização em 20 de setembro de 2021 às 20h02.

Com temores sobre o superendividamento da incorporadora chinesa Evergrande se espalhando para todo o mercado internacional, o Ibovespa fechou em queda de 2,33%, nesta segunda-feira, 20, em 108.843 pontos. É o menor patamar desde novembro do ano passado. O pregão foi o quinto consecutivo de perdas do principal índice da B3.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 caiu 1,66% -- a maior queda desde maio. Com o predomínio da aversão ao risco, investidores buscaram proteção em dólar, fazendo a moeda americana subir no mundo todo. Aqui, o dólar avançou 1,32% e encerrou cotado a 5,352 reais.

Em Hong Kong, onde as ações da Evergrande são listadas, o índice Hang Seng caiu 3,3%, enquanto os papéis da companhia, mais de 10%. A forte desvalorização ocorreu após a Bloomberg noticiar que a empresa, com um passivo de 300 bilhões de dólares -- o maior do mundo --, corre o risco de não pagar os juros de empréstimos bancários que vencem nesta quinta-feira, dia 23. De acordo com a agência, as autoridades locais estão trabalhando na reestruturação da dívida.

As incertezas provocaram uma grande onda vendedora de ações do setor imobiliário, que é um dos mais importantes para o crescimento da China. Em meio à desaceleração econômica e a maiores restrições na indústria do aço, o minério de ferro voltou a cair e, nesta madrugada, recuou 12% em Singapura, perdendo a faixa dos 100 dólares por tonelada. 

“Toda vez que a China soluça e dá sinais de perda de apetite de fôlego no crescimento, o mundo inteiro sente. É um começo de semana bem difícil, que derruba novamente o minério de ferro e piora o cenário para o Brasil, afetando Vale e o setor de siderurgia”, explicou Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual digital, no programa Abertura de Mercado desta segunda-feira.

A desvalorização do minério de ferro teve duras consequências para as ações da Vale, que fecharam em queda de 3,30%, sendo uma das principais responsáveis pela queda do Ibovespa. 

Com a segunda maior participação do índice, somente atrás da Vale, as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) fecharam em queda de 1%, em linha com a desvalorização do petróleo brent no mercado internacional. Já a PetroRio (PRIO3), historicamente mais volátil, caiu 5,68%. Isso porque a piora na economia global também afeta o petróleo, que cai em torno de 1,7% de olho em uma possível redução da demanda. Já a petroquímica Braskem (BRKM5) desabou 11,41% e liderou as perdas do Ibovespa.

Por aqui, ainda segue no radar a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que terá início nesta terça-feira, 21, com decisão de juros prevista para quarta, 22, junto com a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano). 

As expectativas para quarta é de que o Copom eleve a taxa de juros em 1 ponto percentual para 6,25% ao ano. Até a última semana, o mercado vinha apostando em uma alta de juros mais forte, mas o Banco Central sinalizou que irá manter o “plano de voo”, indicando uma nova alta de 1 ponto percentual.

Nos Estados Unidos, a expectativa é que as taxas de juros continuem próximas de zero. A grande mudança pode vir do volume da recompra de títulos, que pode começar a ser reduzido gradativamente em um processo conhecido como tapering

A redução de estímulos afeta principalmente as ações de tecnologia, mas dependentes de empréstimos para financiar seu crescimento acelerado. Como consequência, o índice de tecnologia Nasdaq é o que mais sofreu, recuando 2,3%.

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