Veja os cartões de crédito com os menores juros do mercado, segundo a Proteste
A Proteste avaliou os cartões de crédito e analisou a cobrança de anuidade, juntamente com os juros cobrados no rotativo
Karla Mamona
Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 14h31.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2021 às 17h34.
O cartão de crédito no país muitas vezes é o vilão das finanças pessoais. O principal motivo é a cobrança dos juros quando o consumidor paga a fatura mínima, o chamado “crédito rotativo". Neste caso, as taxas cobradas são muito altas.A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) realizou um estudo para analisar os cartões de crédito no país e constatou que os juros praticados podem chegar a 875,25% ao ano. É o caso do cartão Trigg Gold, do Banco Omni, por exemplo.
Além dos juros altos, a Proteste destaca que as instituições financeiras não são transparentes com o consumidor ao informar sobre o Custo Efetivo Total (CET) que incidem em quatro serviços: pagamento rotativo, saque, parcelamento de fatura e da compra.
Segundo a Proteste, quando a entidade entrou em contato com as instituições financeiras, ela teve dificuldade em obter as taxas dos juros cobrados. A falta de clareza é desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) - de acordo com a legislação, ofertas de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas.
A associação conseguiu avaliar 87 cartões de 17 instituições. O cartão com a melhor avaliação foi do Banco Inter, Gold-Mastercard. Foram analisados a ausência de cobrança de anuidade, juntamente com os menores juros cobrados no rotativo. “Também partimos do princípio de que o cartão deve ser usado com moderação, para que o consumidor consiga pagar o valor total de sua fatura em dia, sem precisar entrar no rotativo e gastar dinheiro com juros", explica Rodrigo Alexandre, especialista da Proteste.
Assim como o Gold do Banco Inter, os cartões PAN Zero Anuidade, PAN Básico, Credicard Zero, Original Internacional, Nubank, Digio, Next e Cartão C6 também não possuem anuidade. Mas o cartão de crédito do Banco Inter se destacou por ter os juros mais baixos (143,55% ao ano, no rotativo).
"Já os cartões do Banco Pan apresentam a segunda taxa mais alta do nosso estudo, com 747,19% ao ano, no rotativo", afirma o especialista. Vale ressaltar que os juros que incidem nos outros serviços também são altos. Por exemplo: no parcelamento da fatura, maneira pela qual as pessoas fogem do rotativo (incorretamente), encontramos CET de até 621,38%, no PAN Zero Anuidade. "Por isso, esse cartão jamais pode ser usado de forma descontrolada e a fatura deve ser sempre paga totalmente até a data do vencimento", orienta Alexandre.
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"Já os cartões do Banco Pan apresentam a segunda taxa mais alta do nosso estudo, com 747,19% ao ano, no rotativo", afirma o especialista. Vale ressaltar que os juros que incidem nos outros serviços também são bem altos. Por exemplo: no parcelamento da fatura, maneira pela qual as pessoas fogem do rotativo (incorretamente), encontramos CET de até 621,38%, no PAN Zero Anuidade. "Por isso, esse cartão jamais pode ser usado de forma descontrolada e a fatura deve ser sempre paga totalmente até a data do vencimento", orienta Alexandre.
Cartões de crédito | Bandeira | CET Rotroativo (% ano ano) | Anuidade Titular (1º ano) | Anuidade Titular (2º ano) |
Banco Inter Gold | Mastercard | 143,55 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
Next Visa Internacional | Visa | 210,43 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
C6 Bank Cartão C6 | Mastercard | 268,91 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
Digio | Visa | 271,81 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
Nubank | Mastercard | 385,17 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
Banco Original Internacional | Mastercard | 402,47 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
Itaú Credicard Zero | Mastercard | 417,7 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
Banco Pan Zero Anuidade | Visa e Mastercard | 747,19 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
Banco Pan Básico | Mastercard | 747,19 | R$ 0,00 | R$ 0,00 |
"Já os cartões do Banco Pan apresentam a segunda taxa mais alta do nosso estudo, com 747,19% ao ano, no rotativo", afirma o especialista. Vale ressaltar que os juros que incidem nos outros serviços também são bem altos. Por exemplo: no parcelamento da fatura, maneira pela qual as pessoas fogem do rotativo (incorretamente), encontramos CET de até 621,38%, no PAN Zero Anuidade. "Por isso, esse cartão jamais pode ser usado de forma descontrolada e a fatura deve ser sempre paga totalmente até a data do vencimento", orienta Alexandre.
Versão digital é mais prática
Além de não cobrarem anuidade, o C6, o Next, o Digio, o Nubank e os dos bancos Inter e Original são cartões digitais, o que pode ser uma vantagem extra, dada a praticidade. "Tudo é feito por aplicativo, a contratação, o acompanhamento da movimentação, a geração do boleto e o pagamento da fatura. Mas precisa de smartphone e internet", esclarece Alexandre.
A Proteste destaca ainda que a isenção pode ser pegadinha, isso porquemuitas vezes, a isenção só ocorre no primeiro ano. A partir do segundo, a tarifa pode ser alta, como nos casos do Santander Dufry Platinum (R$ 624) e do Original Platinum, do Banco Original (R$504). O mercado ainda oferece isenção sob algumas condições. O Banco do Brasil dá 12 meses de gratuidade aos clientes dos Ourocard Elo e Ourocard Elo Mais que aderirem ao Clube de Benefício do BB. Mas, a partir do segundo ano, cobra R$190 e R$352, respectivamente.
Já o Itaú não cobra anuidade aos usuários do Latam Pass Itaucard Internacional que gastarem R$ 1 mil por mês, no mínimo. Existem ainda as isenções da anuidade por determinados períodos. São exemplos os cartões Banrisul Standard, Banrisul Gold e Banrisul Platinum (todos da bandeira Mastercard), que não cobram os primeiros seis meses. A partir do sétimo mês, se o cliente usar o cartão de acordo com a política de desconto, pode continuar sem pagar a parcela mensal da anuidade do cartão. "
Saque gera custo
O levantamento destaca ainda que usar a função saque do cartão de crédito não é recomendada. A tarifa para este serviço varia de R$ 5 (C6 Bank) a R$18,80 (Santander), para cada saques nacional, e de R$14,25 (Losango) a R$50 (BV Financeira), para internacional.
Além disso, ao fazer uma retirada, o consumidor contrata um empréstimo e, portanto, ainda paga juros - nosso estudo encontrou CET de até 793,97% ao ano (cartão Banrisul Libre). "O melhor a fazer é nunca sacar com cartão de crédito. É melhor entrar no cheque especial por um ou dois dias, ou contratar um crédito consignado ou pessoal, se precisar de mais tempo para repor a quantia", aconselha Rodrigo.
Tarifas
A Proteste destaca ainda que as administradoras de cartão de crédito podem cobrar cinco taxas, para todos os tipos de cartão de crédito. São elas: tarifas para emissão de segunda via, para a função saque, para o uso de pagamentos de contas, para avaliação emergencial do limite de crédito e anuidade. Por exemplo, no estudo, a Proteste encontrou tarifas para o pagamento de contas que vão de R$4,90 (Banco Pan) a R$25,50 (Santander).
Mas há instituições que, mesmo autorizadas, não cobram algumas delas ou não oferecem um desses serviços - é preciso checar antes da contratação. O especialista chama atenção para os chamados "serviços diferenciados", como mensagem automática de aviso de movimentação e cartões personalizados, que também podem ser cobrados.
Anuidade
O mercado oferece dois tipos de cartão de crédito: o básico e o diferenciado. Ambos podem ser nacional ou internacional e valem para pagamentos de contas, compras ou serviços. A diferença é que o segundo possui programas de recompensas e benefícios (seguro-viagem, desconto na fatura, ingressos para cinema etc.) e o valor da anuidade é maior do que o cobrado no básico. Existem cartões de crédito para cada tipo de perfil, e com grande variação de tarifas. Pelos dados, o valor da anuidade pode variar de R$ 190 (Ourocard Elo/Banco do Brasil) a R$ 1.020 (Cartão C6 Carbon/C6 Bank). "Por isso que sempre consideramos a melhor opção o produto livre dessa tarifa", reforça Rodrigo.
Rotativo
Uma resolução do Banco Central estabeleceu, em 2017, que o consumidor só pode pagar o mínimo da fatura (o chamado pagamento rotativo) do cartão apenas uma vez. No mês seguinte, o valor total deve ser quitado ou parcelado, conforme proposta do banco. Neste caso, a taxa de juros tem de ser sempre menor do que a cobrada no rotativo. "É importante ressaltar que esse parcelamento geralmente envolve longos prazos e que os juros, embora menores, podem continuar sendo altos em comparação a outras linhas de crédito disponíveis, já que as taxas do rotativo são as maiores do mercado. Encontramos CET de até 875,25% ao ano, no cartão Trigg", alerta Rodrigo.