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Uma viagem pelo mundo dos vinhos

Uma seleção de oito destinos ideais para quem quer aliar o gosto pelas viagens ao prazer de beber os melhores vinhos do planeta

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h25.

Como muitos brasileiros têm descoberto, o prazer de beber vinho não termina com o último gole. O interesse pela bebida é tamanho (e o universo é tão cativante) que nos últimos anos surgiram no país diversos cursos sobre vinhos, formaram-se confrarias entre amigos e foram lançadas dezenas de livros especializados. Nada é mais fascinante, porém, do que conhecer de perto as regiões em que os melhores vinhos do planeta são produzidos. É como conhecer o Coliseu, em Roma, pessoalmente. Em contato com os responsáveis pela fabricação, o amante de vinho pode de fato mergulhar no assunto. É o que fazem os turistas que visitam a premiadíssima vinícola californiana Merryvale, que organiza jantares em meio aos tonéis onde os vinhos descansam, como pode ser visto na foto que ilustra estas páginas. As principais operadoras de turismo do país constataram um crescimento superior a 30% na venda de pacotes de viagem para vinícolas. Diversas delas oferecem aos interessados programas especiais de visitação, muitas vezes com hospedagem em suas instalações. Claro, todos esses roteiros incluem degustações em série. EXAME RESERVA mostra nas páginas a seguir oito regiões do mundo em que o prazer da degustação e as histórias dos produtores formam conjuntos especialmente fantásticos. Boa viagem.

Cinema, balões e teleféricos

Vale do Napa ­ EUA
A principal diferença entre as vinícolas do vale da Califórnia e as do Velho Mundo é que as americanas parecem já ter nascido pensando em receber os visitantes: o destaque principal não são os vinhos, mas as instalações, algumas com impressionantes jardins ornamentais, como a Newton (www.newtonvineyard.com). Na Niebaum-Coppola (www. rubiconestate.com), o tour termina na lojinha, onde se destacam produtos relacionados aos filmes do cineasta Francis Ford Coppola, o dono da propriedade. Na Sterling (www.sterlingvineyards.com), chega-se à recepção de teleférico, com vista para os vinhedos. O acesso à maioria das propriedades é por uma estrada de apenas 56 quilômetros. "Mas é tudo tão lindo que só esse caminho vale uma semana inteira de viagem", diz Daniel Pinto, vice-presidente da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho e visitante freqüente do Vale do Napa. Apesar da beleza da estrada, a melhor maneira de conhecer o Napa é voando num balão. O serviço é oferecido por diversas empresas locais, a cerca de 200 dólares por pessoa. O passeio dura de 3 a 4 horas.

Vinhedos irrigados pelos Andes

Mendoza ­ Argentina
A região vinícola número 1 da Argentina é um oásis no meio do deserto, emoldurada pelos Andes ao sul. As mais de 1 200 bodegas e seus vinhedos, assim como a arborizada Mendoza, sobrevivem graças a um sistema único de captação da água do degelo dos picos nevados. Canalizada por centenas de quilômetros, ela chega com elevado grau de pureza às casas e às fazendas. O terreno plano faz com que a região seja o destino ideal para os enófilos que gostam de passeios de bicicleta, e esse acabou se tornando um filão das operadoras de turismo. "É uma ótima maneira de visitar os vinhedos. Quando estive lá, as plantas estavam cobertas por redes para protegê-las do granizo", diz o advogado Fernando Lottenberg, que visitou recentemente a região. Com as calorias gastas após um dia de pedaladas, é obrigatória a harmonização dos tintos da região com os tradicionais cortes de carne do país. O restaurante 1884, que fica dentro da vinícola Escorihuela (www.escorihuela.com.ar), é considerado um dos melhores. Comandado pelo chef Francis Mallmann, o mesmo que criou o cardápio de A Figueira Rubayat, o 1884 muda o menu a cada duas semanas, privilegiando a cozinha regional, e tem uma boa carta de vinhos com os melhores rótulos do país.

A terra do Romanée-Conti

Borgonha ­ França
Até a Revolução Francesa, as vinícolas da Borgonha eram propriedade da Igreja -- e muitos de seus principais vinhedos cresceram em torno de abadias. Algumas dessas edificações medievais ainda estão de pé, cercadas por muros, o que torna o cenário especialmente deslumbrante. É dessa região que sai uma das maiores lendas do mundo do vinho, o Romanée-Conti, assim como outros ícones produzidos com as uvas pinot noir e chardonnay. Outro destaque são os chablis. A área pode ser desbravada de bicicleta, dada sua topografia plana, e de barco, graças à grande quantidade de canais que a riscam. Como se não bastassem os vinhos notáveis, a Borgonha ainda tem atrativos gastronômicos inigualáveis. São especialidades locais pratos como o coq au vin e o boeuf bourguignon, famosos mundialmente. E não custa nada fazer uma visita a Dijon, capital da Borgonha, para provar a sua célebre mostarda.

Beba champanhe na fonte

Champagne-Ardenne ­ França
Nenhuma região da França é cercada de tantos mitos quanto Champagne-Ardenne, a terra do champanhe. Segundo um deles, Napoleão perdeu a Batalha de Waterloo porque trocou sua taça diária de Moët & Chandon (www.moet.com) por uma cerveja belga. As histórias são espalhadas pelos guias das bem estruturadas vinícolas locais, que recebem milhares de turistas por ano. As maiores têm museus, organizam idas às caves de temperatura entre 10 oC e 12 oC (tenha à mão uma blusa de manga comprida) e, evidentemente, uma lojinha para degustação. Quem visita a Piper-Heidsieck (www. piperheidsieck.com) passeia em um carrinho típico de parques de diversão em meio a cenários que contam a história da bebida. Para quem quiser aproveitar a viagem, fica na cidade de Reims a catedral onde Joana d'Arc coroou o rei Carlos VII (sua estátua sobre o cavalo está lá, na frente do templo).

Paisagem parada no tempo

Toscana ­ Itália
Quer descobrir os encantos do Velho Mundo? Nenhum destino é tão revelador quanto a Toscana. Entre campos de girassóis e colinas que se perdem de vista, a região reúne algumas das vinícolas mais tradicionais do planeta. A primeira visita obrigatória é à Biondi Santi (www.biondisanti.it), perto de Siena. "Eles são os inventores do Brunello di Montalcino, vinho ícone da Itália", afirma Didu Russo, vice-presidente da Confraria de Sommeliers e autor do livro sobre vinhos Nem Leigo Nem Expert (Design Tutu). Em suas adegas repousam, intactas, amostras centenárias dessa preciosidade. A cada 20 anos, as rolhas das garrafas são trocadas (para evitar que comprometam o sabor do vinho) na presença de um escrivão do cartório de Siena, que atesta e certifica a operação. O sommelier sugere também o Castello di Gabbiano (www.gabbiano.com), ao sul de Florença, cuja adega foi construída no século 12. Além de beber brunellos e conhecer vinícolas, quem visita a Toscana pode apreciar paisagens que parecem ter parado no tempo, como a cidade de San Geminiano -- ou as senhoras que preparam as embalagens de palha do Chianti, um dos orgulhos da região.

Para variar, uma caça às trufas

Piemonte ­ Itália
A melhor companhia para o turista do Piemonte na temporada da primavera é um bom cão sabujo-- sem um bom farejador não há trufas. E sem as espetaculares trufas brancas de Alba degustação alguma dos vinhos do Piemonte estará completa. Mesmo fora da temporada de caça às trufas, o Piemonte oferece enorme catálogo de atrativos. O maior deles é a vinícola de Angelo Gaja. Considerado o mais importante produtor italiano da atualidade, ele é o responsável pela elevação dos barolos e barbascos ao nível dos melhores tintos do país. Num esquema familiar típico da região, ele comanda seu império com o auxílio das duas filhas e da mulher, homenageada na linha Gaja Chardonnay/Sauvignon Blanc Rossj -- corruptela de Rossana. Mas Angelo Gaja é apenas um dos 30 000 produtores da região, que cultivam cerca de 52 000 hectares de vinhedos. Para melhor explorar a região, vale procurar um dos dez Centros Regionais do Vinho, ligados ao Escritório Oficial de Turismo do Piemonte (www.regione.piemonte.it). Uma boa pedida de hospedagem sem fugir do tema é o Relais San Maurizio (www.relaissanmaurizio.it), na cidade de Santo Stefano Belbo: o spa do hotel oferece tratamentos à base de vinhoterapia, com óleos e sementes de uva.

Vinícolas históricas e carne de caça

Cape Winelands ­ África do Sul
Ao contrário do que muita gente pensa, a produção sul-africana não é recente. A cidade de Stellenbosch, ao sul do país, produz vinhos de qualidade desde o final do século 17, quando colonos franceses chegaram aos vales que dominam a região. Com o término do apartheid, nos anos 90, o turismo no país voltou a florescer e as Rotas do Vinho de Stellenbosch e no entorno da Cidade do Cabo foram redescobertas. Entre as vinícolas mais visitadas estão a Vergelegen (www.vergelegen.co.za), fundada em 1700 e que hoje pertence ao gigantesco grupo minerador Anglo American, e a histórica Morgenhof (www.morgenhof.com), uma das primeiras vinícolas do país, na base das montanhas Simonsberg. As degustações surpreendem pela harmonização de bons vinhos com pratos típicos, como a carne de antílope. A combinação preferida do empresário Enio Ribeiro, que visitou a região recentemente, entretanto, foi com chocolate. "O mestre chocolatier da vinícola Waterford desenvolveu um chocolate especial, com cristais de sal, para ser harmonizado com um cabernet sauvignon", diz ele. "Inesquecível."

Muito além do Porto

Douro ­ Portugal
Os vinhos produzidos às margens do rio Douro, em Portugal, passaram recentemente por uma transformação -- impulsionada pelos "Douro Boys", um grupo de produtores que decidiu apostar na qualidade dos vinhos locais. O resultado é que o Douro entrou com força na elite do vinho mundial e não apenas como produtor do tradicional vinho do Porto. Mas a elevação do padrão da produção local não é o único chamariz do Douro: essa é considerada por alguns a mais bela região vinícola do planeta. "O Douro é um dos poucos lugares do mundo onde o homem fez suas intervenções sem atrapalhar a natureza", afirma Lamberto Percussi, dono do restaurante Vinheria Percussi. As parreiras são acomodadas em degraus, por causa do relevo em declive causado pelo rio. Uma das atrações fica na cidade de Vila Nova Gaia, onde está situada a Adriano Ramos Pinto, vinícola que chegou a atender mais de 60% do nosso mercado de vinho do Porto no início do século 20. Suas caves e acervo histórico ajudam a recontar a trajetória do mais emblemático vinho português, que em setembro passado completou 250 anos.

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Como muitos brasileiros têm descoberto, o prazer de beber vinho não termina com o último gole. O interesse pela bebida é tamanho (e o universo é tão cativante) que nos últimos anos surgiram no país diversos cursos sobre vinhos, formaram-se confrarias entre amigos e foram lançadas dezenas de livros especializados. Nada é mais fascinante, porém, do que conhecer de perto as regiões em que os melhores vinhos do planeta são produzidos. É como conhecer o Coliseu, em Roma, pessoalmente. Em contato com os responsáveis pela fabricação, o amante de vinho pode de fato mergulhar no assunto. É o que fazem os turistas que visitam a premiadíssima vinícola californiana Merryvale, que organiza jantares em meio aos tonéis onde os vinhos descansam, como pode ser visto na foto que ilustra estas páginas. As principais operadoras de turismo do país constataram um crescimento superior a 30% na venda de pacotes de viagem para vinícolas. Diversas delas oferecem aos interessados programas especiais de visitação, muitas vezes com hospedagem em suas instalações. Claro, todos esses roteiros incluem degustações em série. EXAME RESERVA mostra nas páginas a seguir oito regiões do mundo em que o prazer da degustação e as histórias dos produtores formam conjuntos especialmente fantásticos. Boa viagem.

Cinema, balões e teleféricos

Vale do Napa ­ EUA
A principal diferença entre as vinícolas do vale da Califórnia e as do Velho Mundo é que as americanas parecem já ter nascido pensando em receber os visitantes: o destaque principal não são os vinhos, mas as instalações, algumas com impressionantes jardins ornamentais, como a Newton (www.newtonvineyard.com). Na Niebaum-Coppola (www. rubiconestate.com), o tour termina na lojinha, onde se destacam produtos relacionados aos filmes do cineasta Francis Ford Coppola, o dono da propriedade. Na Sterling (www.sterlingvineyards.com), chega-se à recepção de teleférico, com vista para os vinhedos. O acesso à maioria das propriedades é por uma estrada de apenas 56 quilômetros. "Mas é tudo tão lindo que só esse caminho vale uma semana inteira de viagem", diz Daniel Pinto, vice-presidente da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho e visitante freqüente do Vale do Napa. Apesar da beleza da estrada, a melhor maneira de conhecer o Napa é voando num balão. O serviço é oferecido por diversas empresas locais, a cerca de 200 dólares por pessoa. O passeio dura de 3 a 4 horas.

Vinhedos irrigados pelos Andes

Mendoza ­ Argentina
A região vinícola número 1 da Argentina é um oásis no meio do deserto, emoldurada pelos Andes ao sul. As mais de 1 200 bodegas e seus vinhedos, assim como a arborizada Mendoza, sobrevivem graças a um sistema único de captação da água do degelo dos picos nevados. Canalizada por centenas de quilômetros, ela chega com elevado grau de pureza às casas e às fazendas. O terreno plano faz com que a região seja o destino ideal para os enófilos que gostam de passeios de bicicleta, e esse acabou se tornando um filão das operadoras de turismo. "É uma ótima maneira de visitar os vinhedos. Quando estive lá, as plantas estavam cobertas por redes para protegê-las do granizo", diz o advogado Fernando Lottenberg, que visitou recentemente a região. Com as calorias gastas após um dia de pedaladas, é obrigatória a harmonização dos tintos da região com os tradicionais cortes de carne do país. O restaurante 1884, que fica dentro da vinícola Escorihuela (www.escorihuela.com.ar), é considerado um dos melhores. Comandado pelo chef Francis Mallmann, o mesmo que criou o cardápio de A Figueira Rubayat, o 1884 muda o menu a cada duas semanas, privilegiando a cozinha regional, e tem uma boa carta de vinhos com os melhores rótulos do país.

A terra do Romanée-Conti

Borgonha ­ França
Até a Revolução Francesa, as vinícolas da Borgonha eram propriedade da Igreja -- e muitos de seus principais vinhedos cresceram em torno de abadias. Algumas dessas edificações medievais ainda estão de pé, cercadas por muros, o que torna o cenário especialmente deslumbrante. É dessa região que sai uma das maiores lendas do mundo do vinho, o Romanée-Conti, assim como outros ícones produzidos com as uvas pinot noir e chardonnay. Outro destaque são os chablis. A área pode ser desbravada de bicicleta, dada sua topografia plana, e de barco, graças à grande quantidade de canais que a riscam. Como se não bastassem os vinhos notáveis, a Borgonha ainda tem atrativos gastronômicos inigualáveis. São especialidades locais pratos como o coq au vin e o boeuf bourguignon, famosos mundialmente. E não custa nada fazer uma visita a Dijon, capital da Borgonha, para provar a sua célebre mostarda.

Beba champanhe na fonte

Champagne-Ardenne ­ França
Nenhuma região da França é cercada de tantos mitos quanto Champagne-Ardenne, a terra do champanhe. Segundo um deles, Napoleão perdeu a Batalha de Waterloo porque trocou sua taça diária de Moët & Chandon (www.moet.com) por uma cerveja belga. As histórias são espalhadas pelos guias das bem estruturadas vinícolas locais, que recebem milhares de turistas por ano. As maiores têm museus, organizam idas às caves de temperatura entre 10 oC e 12 oC (tenha à mão uma blusa de manga comprida) e, evidentemente, uma lojinha para degustação. Quem visita a Piper-Heidsieck (www. piperheidsieck.com) passeia em um carrinho típico de parques de diversão em meio a cenários que contam a história da bebida. Para quem quiser aproveitar a viagem, fica na cidade de Reims a catedral onde Joana d'Arc coroou o rei Carlos VII (sua estátua sobre o cavalo está lá, na frente do templo).

Paisagem parada no tempo

Toscana ­ Itália
Quer descobrir os encantos do Velho Mundo? Nenhum destino é tão revelador quanto a Toscana. Entre campos de girassóis e colinas que se perdem de vista, a região reúne algumas das vinícolas mais tradicionais do planeta. A primeira visita obrigatória é à Biondi Santi (www.biondisanti.it), perto de Siena. "Eles são os inventores do Brunello di Montalcino, vinho ícone da Itália", afirma Didu Russo, vice-presidente da Confraria de Sommeliers e autor do livro sobre vinhos Nem Leigo Nem Expert (Design Tutu). Em suas adegas repousam, intactas, amostras centenárias dessa preciosidade. A cada 20 anos, as rolhas das garrafas são trocadas (para evitar que comprometam o sabor do vinho) na presença de um escrivão do cartório de Siena, que atesta e certifica a operação. O sommelier sugere também o Castello di Gabbiano (www.gabbiano.com), ao sul de Florença, cuja adega foi construída no século 12. Além de beber brunellos e conhecer vinícolas, quem visita a Toscana pode apreciar paisagens que parecem ter parado no tempo, como a cidade de San Geminiano -- ou as senhoras que preparam as embalagens de palha do Chianti, um dos orgulhos da região.

Para variar, uma caça às trufas

Piemonte ­ Itália
A melhor companhia para o turista do Piemonte na temporada da primavera é um bom cão sabujo-- sem um bom farejador não há trufas. E sem as espetaculares trufas brancas de Alba degustação alguma dos vinhos do Piemonte estará completa. Mesmo fora da temporada de caça às trufas, o Piemonte oferece enorme catálogo de atrativos. O maior deles é a vinícola de Angelo Gaja. Considerado o mais importante produtor italiano da atualidade, ele é o responsável pela elevação dos barolos e barbascos ao nível dos melhores tintos do país. Num esquema familiar típico da região, ele comanda seu império com o auxílio das duas filhas e da mulher, homenageada na linha Gaja Chardonnay/Sauvignon Blanc Rossj -- corruptela de Rossana. Mas Angelo Gaja é apenas um dos 30 000 produtores da região, que cultivam cerca de 52 000 hectares de vinhedos. Para melhor explorar a região, vale procurar um dos dez Centros Regionais do Vinho, ligados ao Escritório Oficial de Turismo do Piemonte (www.regione.piemonte.it). Uma boa pedida de hospedagem sem fugir do tema é o Relais San Maurizio (www.relaissanmaurizio.it), na cidade de Santo Stefano Belbo: o spa do hotel oferece tratamentos à base de vinhoterapia, com óleos e sementes de uva.

Vinícolas históricas e carne de caça

Cape Winelands ­ África do Sul
Ao contrário do que muita gente pensa, a produção sul-africana não é recente. A cidade de Stellenbosch, ao sul do país, produz vinhos de qualidade desde o final do século 17, quando colonos franceses chegaram aos vales que dominam a região. Com o término do apartheid, nos anos 90, o turismo no país voltou a florescer e as Rotas do Vinho de Stellenbosch e no entorno da Cidade do Cabo foram redescobertas. Entre as vinícolas mais visitadas estão a Vergelegen (www.vergelegen.co.za), fundada em 1700 e que hoje pertence ao gigantesco grupo minerador Anglo American, e a histórica Morgenhof (www.morgenhof.com), uma das primeiras vinícolas do país, na base das montanhas Simonsberg. As degustações surpreendem pela harmonização de bons vinhos com pratos típicos, como a carne de antílope. A combinação preferida do empresário Enio Ribeiro, que visitou a região recentemente, entretanto, foi com chocolate. "O mestre chocolatier da vinícola Waterford desenvolveu um chocolate especial, com cristais de sal, para ser harmonizado com um cabernet sauvignon", diz ele. "Inesquecível."

Muito além do Porto

Douro ­ Portugal
Os vinhos produzidos às margens do rio Douro, em Portugal, passaram recentemente por uma transformação -- impulsionada pelos "Douro Boys", um grupo de produtores que decidiu apostar na qualidade dos vinhos locais. O resultado é que o Douro entrou com força na elite do vinho mundial e não apenas como produtor do tradicional vinho do Porto. Mas a elevação do padrão da produção local não é o único chamariz do Douro: essa é considerada por alguns a mais bela região vinícola do planeta. "O Douro é um dos poucos lugares do mundo onde o homem fez suas intervenções sem atrapalhar a natureza", afirma Lamberto Percussi, dono do restaurante Vinheria Percussi. As parreiras são acomodadas em degraus, por causa do relevo em declive causado pelo rio. Uma das atrações fica na cidade de Vila Nova Gaia, onde está situada a Adriano Ramos Pinto, vinícola que chegou a atender mais de 60% do nosso mercado de vinho do Porto no início do século 20. Suas caves e acervo histórico ajudam a recontar a trajetória do mais emblemático vinho português, que em setembro passado completou 250 anos.

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