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Um bom negócio (para os calmos)

Ainda é possível ganhar mais dinheiro no mercado acionário do que na renda fixa. Mas é preciso ter sangue-frio para não fazer bobagem

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 20h56.

Comprar ações foi um dos melhores investimentos dos últimos três anos. Entre 2003 e 2005, o retorno médio do Índice Bovespa, principal termômetro do mercado acionário brasileiro, foi de impressionantes 48% ao ano -- mais que o dobro da renda fixa. A bolsa bateu sucessivos recordes nesse período -- da valorização das empresas ao número de novos investidores interessados em colocar dinheiro em ações. Quem acompanhou o desempenho do mercado neste ano, porém, sabe que o cenário mudou muito. Desde meados de maio, quando uma crise internacional derrubou os preços das ações na maioria dos países emergentes, os investidores vêm tendo de se acostumar a um mercado volátil, movido a incertezas e a ganhos bem mais magros. O Ibovespa oscilou bastante entre maio e agosto, mas o ganho acumulado no período foi de apenas 0,5%.

Esse panorama mais nebuloso veio para ficar. "Existem muitas dúvidas sobre o que acontecerá com a economia americana, e isso está prejudicando o mercado brasileiro, que é movido a dólares", diz Herculano Aníbal, diretor de renda variável da Bradesco Asset Management, premiado como melhor gestor de fundos de ações do ano. A boa notícia é que dá para ganhar muito dinheiro na bolsa mesmo assim. Para dez especialistas consultados por EXAME, a bolsa continuará sendo uma opção melhor que a renda fixa, apesar de toda a instabilidade. A previsão média desses especialistas é que o Ibovespa chegará aos 41 000 pontos até dezembro, o que significa que o indicador ainda pode se valorizar em mais 11% nos próximos quatro meses. Para 2007, as estimativas variam de 47 000 a 50 000 pontos, uma alta entre 15% e 22%.

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Para entender o que está determinando o comportamento da Bolsa de Valores de São Paulo, basta imaginar um cabo-de-guerra. De um lado está a perspectiva de aumento dos juros nos Estados Unidos, pressionando as cotações brasileiras para baixo. "Historicamente, as bolsas mundiais caem durante e depois de um aperto monetário como o atual", diz Lika Takahashi, estrategista da Fator Corretora. "O banco central americano tende a exagerar na dose, o que freia a economia." Para ela, essa perspectiva faz os investidores estrangeiros, que foram os grandes responsáveis pela valorização das ações das empresas brasileiras desde 2003, ficar mais receosos em colocar dinheiro aqui.

Do outro lado do cabo-de-guerra, opondo-se à piora do cenário internacional, estão as condições favoráveis da economia brasileira. "A combinação de expansão do PIB, queda dos juros, crescimento do lucro das empresas e diminuição do risco Brasil é excelente para a bolsa de valores", diz Walter Mendes, responsável pelos fundos de renda variável do Itaú. Sem falar no desenrolar de uma disputa eleitoral pela Presidência relativamente tranqüila e na perspectiva de as agências internacionais de classificação de risco, como Moody's e Standard & Poor's, elevarem a classificação do país para "grau de investimento". "Hoje o grande problema é que essas duas forças, a interna e a externa, se equilibram, e o mercado fica parado", diz Mendes. Parado na melhor das hipóteses. Oscilações bruscas do valor das ações também têm sido freqüentes.

Se o ambiente atual é hostil, as previsões para o futuro são um pouco mais animadoras. Para todos os analistas ouvidos por EXAME, a incerteza externa vai diminuir nos próximos quatro a seis meses. "Quando ficar claro que o aperto monetário americano terminou, os investidores voltarão aos emergentes", diz Aníbal, do Bradesco. "É certo que o ritmo será mais lento que o dos últimos dois anos, mas melhor que o atual." Com isso, os bons indicadores da economia brasileira passam a ter mais força para ditar o comportamento do mercado acionário. "É por isso que quem souber esperar e pensar no longo prazo conseguirá retornos melhores aplicando em ações do que comprando títulos de renda fixa", diz Lika Takahashi, da Fator Corretora.

O sobe-e-desce da bolsa
Comportamento do Índice Bovespa do início de janeiro até o fim de agosto deste ano (em pontos)
2/jan33 507
1O/fev38 484
13/fev36 113
8/mar39 289
9/mai41 979
24/mai (crise de maio)35 791
26/mai38 629
13/jun32 941
4/jul37 367
1O/ago36 839
(previsão para dezembro)41 000
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