Oito anos após vencer o leilão que lhe rendeu 16 empresas de telecomunicações, agrupadas  em uma companhia, a Telemar vem a público propor uma nova reestruturação societária. Dessa vez a idéia é mais radical: pulverizar 100% do controle da empresa, a exemplo do que já foi feito por Lojas Renner, Embraer e Perdigão. Se tudo correr como esperado, o processo será finalizado no final de julho.

"Essa é uma boa oportunidade para elevar o valor de mercado da companhia", afirma  o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, que está coordenando o processo de reestruturação. Segundo ele, trata-se apenas de uma proposta. "Se não for aceita pelos acionistas, não há problema algum. A estrutura atual está bem", diz.

Antes de entrar para a lista das empresas sem dono, a Telemar terá de submeter sua proposta não apenas aos acionistas majoritários e minoritários, mas também à agência reguladora, a Anatel. Quanto à regulamentação do setor de telecomunicações, os diretores da companhia estão confiantes. Segundo eles, o novo desenho societário da Telemar, se aprovado, é idêntico ao da Telefônica (também pulverizado). "Não estamos propondo nada que não esteja presente no mercado", diz Roberto Terziani, diretor de relações com investidores da companhia.

A estrutura atual do grupo é formada basicamente por três empresas: Telemar Participações, Tele Norte Leste Participações e Telemar Norte Leste S/A. A proposta é de que todas sejam fundidas em uma única empresa listada em bolsa - a Telemar Participações. Para isso, será necessário esperar tanto a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como da comissão  similar americana, a SEC, já que a nova companhia também está listada em Nova York (a exemplo da Tele Norte Leste Participações). Com as mudanças em andamento, a empresa iniciará  o processo para ingresso  no Novo Mercado da Bovespa.

Os detalhes do processo, incluindo datas exatas, serão definidos nos próximos dias. A publicação de fato relevante nesta segunda-feira (17/4), foi feita antecipadamente a pedido da Bovespa. Isso porque já havia rumores no mercado sobre uma possível mudança na companhia, o que fez com que o preço das ações subissem além do normal.

O adeus dos controladores

Assim como em toda empresa "difusa", os controladores não terão mais espaço na Telemar. A proposta prevê uma emissão secundária de ações, a fim de que todas as preferenciais sejam transformadas em ordinárias. O preço de cada papel será baseado no valor médio dos últimos 30 pregões, além de um prêmio adicional de 25% sobre esse valor.

A holding Telemar Participações tem hoje cinco grandes acionistas no quadro de controladores: BNDESpar; Fiago (grupo de fundos de pensão); AG Telecom (Andrade Gutierrez); Lexpart (Argolis, Opportunity) e L.F. Tel (Previ, La Fonte).

O presidente da nova companhia será eleito por um conselho, que será formado já com a nova estrutura societária. Cada grupo de acionistas com 10% ou mais do capital terá direito a nomear um representante no conselho, que terá 11 membros. "Com as mudanças, seremos a maior empresa de capital pulverizado da América Latina", diz Falco.