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Resultados da Vale e da Gerdau decepcionam os investidores

Mineradora apresenta lucro operacional menor que o esperado, e siderúrgica surpreende com tombo do lucro líquido

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Duas gigantes do capitalismo brasileiro - a Vale e a Gerdau - decepcionaram o mercado ao divulgarem resultados trimestrais mais fracos que o previsto. O tamanho do descontentamento pode ser medido pela queda dos papéis de ambas na Bovespa nesta quinta-feira (7/5). As ações preferenciais da Gerdau SA (GGBR4, sem direito a voto) passaram boa parte da manhã como a maior baixa do Ibovespa. Por volta das 13h20, porém, outras companhias já haviam passado à frente e os papéis recuavam 5,15%, após 11.334 negócios, sendo cotados a 17,88 reais. Já as ações preferenciais da Vale (VALE5, sem direito a voto) caíam 2,78%, para 32,23 reais, com 11.867 negócios realizados. No mesmo instante, o Ibovespa perdia 2,47%, a 50.288 pontos.

Para a Vale, o que mais desagradou os investidores foi o resultado operacional. A receita bruta, 13,179 bilhões de reais, ficou 6% abaixo da previsão da corretora Brascan. Também foi 27% e 9% menor que a do quarto e do primeiro trimestre do ano passado, respectivamente. O primeiro motivo da queda de faturamento foi o menor volume de vendas físicas. As pelotas de ferro, produto de maior valor agregado e mais consumido em momentos de expansão produtiva, recuaram 62% sobre o quarto trimestre. No conjunto, os minerais ferrosos venderam 3% na mesma comparação.

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Além de um menor volume embarcado, o preço dos minérios também caiu no período. A Vale vendeu 28,8 milhões de toneladas de ferro por 80% do preço praticado no ano passado.

Gastos resistentes

Ao mesmo tempo, a mineradora não conseguiu controlar os gastos de modo a anular a queda da receita. "É importante ressaltar que houve uma perda de eficiência operacional no 1º trimestre, visto que os custos passaram a representar 52% da receita bruta, contra 45% no trimestre anterior", afirma o analista Rodrigo Ferraz, que assina o relatório da Brascan.

O resultado foi um resultado operacional mais fraco que o esperado. O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por exemplo, somou 5,446 bilhões de reais. A cifra é 17% menor que a estimativa da Brascan, e também 17% inferior ao do último trimestre de 2008. Em relação ao início do ano passado, o recuo foi de 18%.

O lucro líquido - 3,151 bilhões de reais - ficou dentro do esperado pela corretora. Em relação ao primeiro quartil de 2008, o recuo foi de 1%. No comparativo com o final do ano, quando o lucro foi de 2,441 bilhões de reais, houve avanço de 29%.

A corretora também mostra preocupação com o peso da China na carteira de clientes da Vale, que passou de 42% para 61% entre dezembro e março. Para a Brascan, embora represente um alívio de curto prazo, a maior dependência chinesa "aumenta o risco para a empresa, uma vez que não vemos, no médio prazo, uma recuperação significativa para três de seus grandes mercados: a Europa, os EUA e o Japão".

A Brascan afirma que deve rever as projeções para a Vale, a fim de incorporar os novos dados do balanço e da economia. Por ora, a corretora mantém a recomendação de outperform (desempenho acima do mercado) para as ações da Vale, com preço-alvo de 52,07 reais por papel - o que indica um potencial de alta de 57% sobre o fechamento desta quarta-feira (6/5).

Gerdau

Já a Gerdau, maior grupo siderúrgico da América Latina, apresentou uma receita líquida inferior ao esperado. A Brascan projetava 7,151 bilhões de reais, e o resultado efetivo foi de 6,968 bilhões. Em relação ao primeiro trimestre de 2008, a cifra foi 22% menor. Já sobre o último trimestre, o recuo foi de 26%.

Como o volume de vendas, 3,061 milhões de toneladas, ficou dentro do esperado pela Brascan, a receita menor é explicada pela queda de preços mais forte que a projetada pela corretora.

A siderúrgica também apresentou outros números decepcionantes. O lucro líquido da companhia, de apenas 35 milhões de reais, representa um tombo de 89% sobre o último trimestre de 2008, e de 96% sobre os três primeiros meses.

A Brascan já projetava também um ebitda menor para o grupo - 935 milhões de reais. Mas o resultado veio bem menor: 599 milhões, um recuo de 59% sobre o quarto trimestre, e de 70% sobre o primeiro. A margem de ebitda, 8,6%, também mostra que a companhia perdeu eficiência no período. O indicador foi de 15,4% e 22,2% para o último e o primeiro trimestre de 2008, respectivamente.

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