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Quem tem bala na agulha

O ABN Amro é o estrangeiro mais bem-sucedido até agora. Além de saírem com vantagem por terem comprado um banco redondo e sem esqueletos no armário, os holandeses tiveram sucesso na integração. Escolher o brasileiro Fábio Barbosa para liderar a organização facilitou muito as coisas. Cercar-se de cuidados para não melindrar os funcionários do banco […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O ABN Amro é o estrangeiro mais bem-sucedido até agora. Além de saírem com vantagem por terem comprado um banco redondo e sem esqueletos no armário, os holandeses tiveram sucesso na integração. Escolher o brasileiro Fábio Barbosa para liderar a organização facilitou muito as coisas. Cercar-se de cuidados para não melindrar os funcionários do banco adquirido também. "Nosso princípio foi não queimar as pontes de comunicação com as pessoas do Real", diz Barbosa, que preservou um dos mais antigos executivos do Real, o vice-presidente, Flamarion Nunes. "Ele conhecia profundamente o banco e evitou que tomássemos muitas decisões erradas", diz Barbosa.

Um exemplo foi o lanche da tarde na sede do Real, na avenida Paulista, zona sul de São Paulo. Os holandeses surpreenderam-se com o hábito um tanto anacrônico do antigo controlador, o banqueiro Aloysio Faria, de servir pão com manteiga aos funcionários, mas a idéia de suspendê-lo não passou da primeira reunião. "Muita gente gosta do pão com manteiga, e deixar de oferecê-lo provocaria grande insatisfação", diz Barbosa. Segundo a professora Betânia, da Dom Cabral, decisões como essa reduzem muito a resistência dos funcionários à nova organização e tornam a integração mais rápida, algo demonstrado pelos números. O Real respondia por 3,4% do total de crédito do sistema em 1997. São 5,6% hoje. O lucro por funcionário aumentou de 12 880 reais para 19 110 reais.

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O Santander também é considerado um candidato viável, mesmo demorando para colocar o Banespa em pé de igualdade com os bancos privados nacionais. Em 1997 o banco detinha 8,5% dos ativos do sistema financeiro e hoje tem 2,5%. Como no caso do Bamerindus, as diferenças culturais atrapalharam os novos donos. Os espanhóis subestimaram o peso da herança estatal. "Os funcionários do Banespa conviveram com mudanças de governo por décadas", diz um consultor. "Eles desenvolveram um forte corporativismo para manter o banco funcionando apesar das interferências políticas." Ao promover um programa de demissão voluntária, que ceifou quase um terço dos empregos, e implantar metas rígidas de produção e avaliação por resultados, o Santander provocou muita reação contrária. "Foi bom, porque as pessoas com disposição para enfrentar desafios hoje têm espaço para desenvolver seu potencial", diz o colombiano Gabriel Jaramillo, presidente do Santander Banespa. "Esses funcionários hoje se sentem valorizados e prestigiados." No entanto, apesar das jornadas que ainda hoje alcançam de 12 a 14 horas por dia para colocar a casa em ordem -- refazer todo o sistema de informática, treinar os funcionários, modernizar as agências e integrar os bancos adquiridos --, Jaramillo reconhece que há muito a fazer antes de sair à caça de novos clientes. "Seremos agressivos ao disputar mercado com nossos concorrentes a partir de 2004", afirma. "Ainda há ajustes a realizar." Mesmo com as dificuldades, o Santander está em melhor situação que o HSBC, por sua posição geográfica. "Eles estão muito bem posicionados em São Paulo, que é o principal mercado, e a marca Banespa é fortíssima", diz um banqueiro. "Serão concorrentes de peso se conseguirem acertar o banco."

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