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Quase a metade dos brasileiros já sofreu fraude com cartões

Estudo obtido com exclusividade por EXAME.com traça um raio-x do mercado de meios de pagamento no mundo todo: Brasil é o 2º mais fraudulento

Pagamentos: Brasil é o segundo país com mais fraudes com cartões (Pascal Le Segretain/Getty Images)

Anderson Figo

Publicado em 11 de julho de 2016 às 15h00.

São Paulo - Quase a metade dos brasileiros sofreu algum tipo de fraude com cartões nos últimos cinco anos, segundo um estudo realizado pela ACI Worldwide, em parceria com o Aite Group, obtido com exclusividade por EXAME.com. Esse número coloca o Brasil em segundo lugar no ranking global, atrás apenas do México, e reforça a necessidade de o consumidor redobrar o cuidado com seus dados pessoais.

Ao todo, foram ouvidos 6.035 consumidores em 20 países das Américas do Norte e do Sul, Europa, Oriente Médio, Ásia e Oceania. No geral, o levantamento mostrou que as fraudes com três tipos de cartões —débito, crédito e pré-pago— são crescentes no mundo todo.

Participaram do estudo os seguintes países: Brasil, Canadá, México, Estados Unidos, França, Alemanha, Hungria, Itália, Holanda, África do Sul, Espanha, Suécia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Austrália, Índia, Indonésia, Nova Zelândia, Singapura e Tailândia.

Em comparação à pesquisa divulgada em 2014, 14 nações relataram um aumento nas fraudes. O México liderou o ranking: 56% dos consumidores mexicanos relataram já ter sofrido algum tipo de fraude com cartões nos últimos cinco anos. Dois anos atrás, esse percentual era de 33%.

O Brasil ficou na segunda posição: 49% dos consumidores brasileiros entrevistados foram vítimas de algum tipo de fraude com cartões nos últimos cinco anos. Na pesquisa anterior, o percentual era de 30%. Veja abaixo o ranking dos 10 países com o maior percentual de fraudes, de acordo com o estudo.

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“O Brasil tem seus próprios desafios; com uma economia ‘patinante’ e um ambiente fragmentado de pagamentos com cartões, é um mercado atraente para os criminosos. Também é um mercado enorme para as compras online, mas muitas das redes de e-commerce não têm um controle forte de prevenção de fraudes”, conclui o estudo.

Longe dos países mencionados acima, a nação com o menor percentual de fraude foi a Hungria: apenas 9% dos consumidores húngaros entrevistados disseram ter sofrido algum tipo de fraude com cartões nos últimos cinco anos. A Holanda e a Suécia vêm logo em seguida, com 14% cada uma. Já a Alemanha ficou com 18%.

No total, em 2016, 17% dos usuários de cartões afirmaram ter sofrido fraude mais do que uma vez nos últimos cinco anos. Em 2014, esse número era de 13%.

Satisfação

Entre os brasileiros que disseram já ter sido vítimas de fraude, 35% ficaram insatisfeitos com o tratamento dos bancos após a experiência, e 65% ficaram parcialmente ou plenamente satisfeitos com suas instituições bancárias —o pior desempenho entre os países das Américas do Norte e do Sul que fazem parte da pesquisa.

Nos EUA, 90% dos consumidores entrevistados disseram ter ficado parcialmente ou plenamente satisfeitos com o tratamento dos bancos após terem sido vítimas de fraude com cartões. No Canadá, foram 81% e no México, 80%.

Em 2016, 18% do brasileiros que passaram por fraudes disseram ter trocado de instituição financeira após o ocorrido —número bem menor do que em 2014, quando 33% afirmaram ter mudado de banco.

Além disso, apesar de não confiarem plenamente nos bancos, a maioria (60%) dos entrevistados brasileiros acredita que as instituições têm feito o máximo possível para proteger seus clientes de fraudes.

Cuidados

Comportamentos de risco, como deixar o celular desbloqueado quando não está em uso ou carregar a senha do cartão anotada consigo, têm relação direta com as fraudes. A chance de ter seus dados pessoais roubados tem crescido cada vez mais também devido ao aumento global no uso de smartphones e tablets.

De acordo com a pesquisa, 54% dos consumidores entrevistados globalmente apresentaram ao menos um comportamento arriscado, contra 50% em 2014. Entre essas pessoas, 58% já sofreram fraude. Já entre os mais cuidadosos, 36% passaram por essa situação.

Para evitar ter dor de cabeça com um problema como este, especialistas recomendam que o consumidor esteja sempre atento na hora de usar o produto. Por exemplo, nunca deixe que levem o cartão para longe —peça para que tragam a máquina até você.

Ao digitar sua senha, esconda o teclado e nunca a informe para ninguém. Além disso, é importante que você não crie senhas fáceis demais ou que podem ser descobertas sem grande esforço, como datas de aniversário ou números de telefone. E nem pensar em anotar e guardar a senha junto com o cartão —essa é a maneira mais fácil de ser vítima de fraude.

Na internet, o cuidado deve ser ainda maior. Não preencha cadastros nem faça compras em sites desconhecidos. E sempre verifique se o site tem certificado de segurança. Para fazer isso, veja se o http do endereço vem seguido de um "s" no final (https) e se aparece um cadeado à esquerda do endereço da página. O Procon de São Paulo disponibiliza um site em que é possível ver endereços de páginas que devem ser evitadas, pois tiveram reclamações de consumidores.

Na dúvida, desconfie. É sempre bom desconfiar se o site que você está navegando é mesmo a página oficial da loja ou empresa. Os fraudadores fazem cópias idênticas dos sites para enganar os consumidores. Neste caso, fique atento ao endereço de links que aparece no canto inferior esquerdo da tela quando você passa o mouse sobre eles.

A desconfiança também tem que acontecer com os preços. Se a oferta estiver barata demais, isso pode ser um truque de fraudadores para atrair novas vítimas. Vale ficar atento ainda ao uso de redes públicas de internet —quando usar computadores compartilhados, certifique-se de fazer logoff de suas contas antes de ir embora.

Por último, lembre-se de que seus dados pessoais não são apenas senhas, por isso nunca compartilhe fotos de documentos na internet, por exemplo. Isso ajuda fraudadores a se passarem por você. Tente usar o cartão com consciência, tanto para evitar fraudes quanto para não se enrolar financeiramente. Veja aqui alguns erros comuns de quem usa o cartão de crédito.

São Paulo - Não consegue economizar ou vive no cheque especial , mas nunca encontra tempo para colocar as finanças em ordem? A pedido de EXAME.com, Gustavo Cerbasi, especialista em educação financeira e autor do livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", criou um plano de 14 dias para quem deseja melhorar o orçamento .É necessário realizar apenas uma tarefa por dia durante duas semanas para mapear a situação financeira. O objetivo é controlar gastos e poupar para atingir metas pessoais, como a compra da casa própria , por exemplo.As dicas foram baseadas nas orientações compiladas por Cerbasi no livro "Como Organizar sua Vida Financeira", que será relançado em setembro desse ano.  Conheça a seguir o plano de 14 dias para quem deseja se preparar contra eventuais imprevistos que tenham impacto no orçamento:
  • 2. 1º dia: organize comprovantes de renda e despesas

    2 /16(David Sacks/Thinkstock)

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    Calcule sua renda líquida mensal (já livre de eventuais descontos, como impostos) e os gastos realizados no último mês. Separe-os em grupos, como alimentação, saúde, moradia e lazer. Caso não tenha o registro de todas as despesas realizadas nesse período, inicie um monitoramento de entradas e saídas de dinheiro durante os próximos 30 dias, arquivando diariamente os comprovantes em uma pasta. O plano de ação para melhorar o orçamento deverá ser iniciado após essa análise.
  • 3. 2º dia: analise os gastos

    3 /16(ThinkStock/Nastco)

  • Se souber lidar com planilhas eletrônicas, como o Excel, ou aplicativos que ajudam a gerenciar gastos, use essas ferramentas para se organizar. Caso não tenha o costume de utilizar esses recursos, relacione todos os seus gastos em um caderno e identifique onde você está gastando mais do que imaginava.
  • 4. 3º dia: planeje sua rotina para monitorar o orçamento

    4 /16(pressureUA/Thinkstock)

    O ideal é que você não perca muito tempo com essa atividade. Prefira estratégias simples, como arquivar comprovantes por tipo de gasto e dedicar uma hora por mês para atualizar o seu orçamento.
  • 5. 4º dia: faça uma relação de todas as suas dívidas

    5 /16(George Doyle/Thinkstock)

    Crie uma lista na qual você relacione todas as suas dívidas. Em cada uma, é necessário apontar o valor total do saldo devedor, o valor da prestação mensal (quando houver), nome do credor e o Custo Efetivo Total (CET) de cada linha de crédito. O CET mostra todos os encargos incluídos na dívida e é a melhor forma de analisar as taxas cobradas. Organize essa lista a partir da dívida mais cara para a mais barata, usando o CET como critério para esse ranking.
  • 6. 5º dia: defina seus objetivos financeiros

    6 /16(RomoloTavani/Thinkstock)

    Crie uma lista de sonhos e objetivos pessoais que você pretende alcançar nos próximos seis meses, em um ano e após cinco anos. Faça as contas de quanto precisará poupar para alcançá-los.
  • 7. 6º dia: faça uma lista de corte de gastos

    7 /16(Tramvaen/Thinkstock)

    Relacione todas as economias que você se propõe a fazer, com base na análise de seu orçamento, identificação do total de parcelas mensais de suas dívidas e o quanto gostaria de poupar. Trocar o carro atual ou até o próprio imóvel por outro mais em conta é uma estratégia eficaz. As metas devem ser relacionadas por escrito.
  • 8. 7º dia: se comprometa a aumentar sua renda

    8 /16(Tijana87/Thinkstock)

    Defina, por escrito, valores que você pretende levantar no curto prazo, seja vendendo bens que não usa e, se possível, realizando horas extras ou bicos. Defina um prazo para esse período, para que não se torne uma rotina. O ideal é executar esse objetivo durante três a quatro meses, no máximo.
  • 9. 8º dia: negocie dívidas

    9 /16(Thinkstock/Creatas Images)

    Com base no seu plano de corte de gastos e aumento de ganhos, calcule quanto poderá gerar nas próximas semanas ou meses e entre em contato com seus credores para quitar as dívidas com CET acima de 2% ao mês e/ou substituir as dívidas mais caras por outras de CET mais baixo, com o objetivo de reduzir seu gasto com juros. Assuma prestações que você consiga pagar com tranquilidade, para não correr o risco de cair em dívidas não planejadas ( veja 10 passos para negociar sua dívida com o banco ). Uma boa estratégia é vender bens de alto valor, como o carro.
  • 10. 9º dia: estude investimentos

    10 /16(ThinkStock/sjenner13)

    Analise investimentos oferecidos pelo banco no qual você tem conta e por outras instituições financeiras. Dedique uma ou duas horas para entender como funciona cada aplicação financeira ( veja 10 livros essenciais para quem quer começar a investir ). Preencha um questionário para identificar seu perfil de investidor.
  • 11. 10 º dia: defina metas de poupança

    11 /16(James Thew/Thinkstock)

    Faça planos de quanto começará a poupar por mês assim que liquidar suas dívidas, caso tenha débitos que não foram planejados. Passe a poupar somente quando suas dívidas se limitarem a financiamentos planejados, com prestações que caibam confortavelmente no orçamento.
  • 12. 11º dia: escolha uma aplicação para a aposentadoria

    12 /16(ChickiBam/Thinkstock)

    Marque uma reunião com um corretor de seguros para discutir o melhor plano de previdência para seu perfil ou busque uma aplicação financeira que seja mais adequada para objetivos de longo prazo ( veja 8 verdades que você deve encarar sobre a aposentadoria ). Comprometa-se a iniciar as contribuições somente depois de quitar suas dívidas.
  • 13. 12º dia: automatize seus investimentos

    13 /16(Anatoliy Babiy/Thinkstock)

    Ao iniciar aplicações e começar a guardar dinheiro, prefira que os depósitos mensais sejam feitos por débito automático. A ferramenta reforça a necessidade de ter disciplina, essencial para o sucesso de seu plano.
  • 14. 13º dia: organize documentos e senhas

    14 /16(gpointstudio/Thinkstock)

    Com o planejamento definido, tire um tempo para organizar documentos do banco e guardar senhas de cartões, por exemplo. Defina também uma data a cada seis meses para que você estude as aplicações que seu banco oferece e possa compará-las com as de outras instituições financeiras.
  • 15. 14º dia: planeje o orçamento futuro

    15 /16(Thinkstock)

    Para ter disciplina, você precisa saber o resultado de cada passo. Planilhas são recomendadas porque permitem projetar gastos futuros, incluindo consumo em datas festivas, para que você veja quanto dinheiro irá acumular e quando irá conseguir atingir seus objetivos financeiros. Tenha como hábito pensar no futuro e ajustar o orçamento atual quando ocorrer algum desequilíbrio.
  • 16. Agora veja 15 formas de controlar o seu orçamento

    16 /16(Raul Júnior/VOCÊ SA)

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