Participação de pessoas físicas cresce na Bovespa
Uma campanha de divulgação do mercado de capitais, lançada há dois anos pela Bovespa, fomenta a abertura de clubes de investimento
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A campanha de popularização do mercado de capitais, lançada pela Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (Bovespa), completou seu segundo aniversário com resultados concretos. A participação das pessoas físicas no volume negociado no pregão (considerando-se operações de compra e venda) subiu de 21,9%, em 2002, para 28,1% neste ano. Com isso, as pessoas físicas ultrapassam os investidores institucionais (27,9% de participação), estrangeiros (27,3%), empresas (2,7%), instituições financeiras (13,8%) e outros (0,3%).
"O crescimento das pessoas físicas dá mais consistência à bolsa e incentiva as empresas a abrirem seu capital", afirma o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho. Em quantidade de negócios, esses investidores também já dominaram o pregão. Magliano lembra que, em 2000, eles respondiam por 46% das operações; agora, essa taxa está em 59%.
A informática teve importante papel na popularização da bolsa. Primeiro, porque a internet serve como ferramenta de divulgação do mercado de capitais. Em 2000, o site da Bovespa recebeu 140 mil visitas. Neste ano, somente no primeiro semestre, foram mais de um milhão. O outro motivo é que a internet é um instrumento para os investidores realizarem operações, por meio do pregão eletrônico o home broker. O principal indício de que o aumento da participação das pessoas físicas está ligada à internet é o crescimento das operações no home broker da Bovespa. Em 2000, 5,5% das operações eram realizadas pela rede. Neste ano, a porcentagem subiu para 14%. " O home broker teve papel determinante na difusão do mercado de ações", afirma Magliano.
A formação de clubes de investimento também reflete o aumento do interesse. Essa modalidade de aplicação permite que pequenos investidores se associem para, em conjunto, operarem na bolsa. A vantagem é que isso rateia os custos entre os participantes, tornando mais acessível a aplicação no mercado de capitais. Em 2000, havia 379 clubes de investimento no país. Até meados de setembro deste ano, o número estava em 909.
Ainda é pouco, quando comparado com países como os EUA, onde existem cerca de 35 mil clubes e 52% da população aplica na bolsa. Mas Magliano afirma que o Brasil está no caminho certo. "Quanto mais numerosos forem os investidores, mesmo operando valores pequenos, melhor será para a bolsa", diz. Ele afirma que, nos EUA, a lógica também é essa. Apesar de tantos americanos investindo em ações, as pessoas físicas respondem por apenas 35% do volume financeiro negociado sinal de que muitos movimentam quantias bem pequenas.
Próximos passos
Prosseguindo a estratégia da Bovespa, a campanha se segmentará mais uma vez. Após visitar universidades, empresas, cidades do interior e municípios litorâneos, a Bovespa investirá no público feminino, cuja presença no mercado de trabalho está crescendo em quantidade e em qualidade (veja reportagem da revista EXAME sobre a presença das mulheres no mercado). Na próxima semana, será lançado o projeto "Mulher de Ação". A proposta é divulgar o mercado de capitais para as mulheres, por meio de uma abordagem específica. A campanha contará também com um site próprio, que estará no ar também na próxima semana.
"Homens e mulheres são muito diferentes em relação a seus investimentos", diz Magliano. Os homens tendem a solicitar menos informações antes de se decidirem por uma aplicação financeira. Em compensação, são mais instáveis e mudam de carteira freqüentemente, em busca de rentabilidade imediata. Já as mulheres buscam se informar mais detalhadamente. Uma vez decidida a aplicação, elas tendem a ser mais estáveis. "As mulheres têm uma visão de investimento de longo prazo, bem apropriada ao mercado de ações", afirma Magliano.
Divulgação
Batizada de "Bovespa vai até voc", a campanha de divulgação da bolsa atingiu 150 mil pessoas em dois anos. O projeto conta com vans que percorrem o estado explicando o funcionamento do mercado para o público em geral. Uma das parcerias, nesse período, foi fechada com a Companhia Vale do Rio Doce. A equipe da Bovespa percorreu 4,7 mil quilômetros para visitar as unidades da Vale pelo país, explicando a seus funcionários como aplicar em ações.
Conforme Magliano, já se nota também uma mudança na qualidade dos interessados. "Antes do projeto, as pessoas tinham dúvidas básicas sobre ações. Agora, as perguntas estão mais complexas", diz.