Minhas Finanças

Os principais erros de quem cai na malha fina

Veja como não ter a declaração questionada pela Receita Federal

Gastos inflacionados com saúde serão facilmente identificáveis pela Receita este ano  (Stock Exchange)

Gastos inflacionados com saúde serão facilmente identificáveis pela Receita este ano (Stock Exchange)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2013 às 10h21.

São Paulo – Todos os anos milhares de contribuintes caem na malha fina. Só em 2010, 700 mil declarações foram barradas – quase 3% do total. Seja por descuido ou pela notória vontade de escapar das garras do Leão, um motivo em comum acende o alerta da Receita: a discrepância entre o dado indicado pelo contribuinte e a versão apurada na outra ponta da cadeia.

A tarefa de atestar – ou desautorizar – os gastos e rendimentos informados pela pessoa física cabe aos hospitais, imobiliárias, empresas e bancos. Isso acontece porque eles também são obrigados a declarar todas as transações registradas ao longo do ano. O resultado desse cruzamento chega amargo para quem não consegue provar as informações lançadas. A multa é de 75% sobre o valor sonegado, pulando para 150% nos casos em que há comprovado intuito de fraude.

Embora o prazo para a entrega da declaração ainda não tenha acabado, as conseqüências da fiscalização já começam a ser divulgadas pela Receita. Na última semana, investigações identificaram que a proprietária de uma clínica de estética em Aracruz, no Espírito Santo, teria negociado cerca de 2 milhões de reais em recibos frios. As notas foram compradas por quase 300 contribuintes, a maioria de alta renda, ao longo dos últimos três anos.

Um dos grandes desafios do governo era justamente checar a procedência dessas despesas. Diferente dos gastos com educação, por exemplo, cuja dedução é limitada a 2.380,84 reais por pessoa, o dinheiro despendido em tratamentos e consultas pode ser inteiramente abatido. Logo, a submissão desses custos tem o potencial de mudar drasticamente o saldo fiscal contabilizado na declaração, diminuindo a carga de imposto devido ou aumentando o valor da restituição.

Como clínicas e hospitais não precisavam apresentar o comprovante dos serviços prestados até o ano passado, muitos contribuintes eram generosos na hora de lançar esses dados, inventando despesas ou inflacionando valores. Este ano, o Fisco fechou o cerco a estes estabelecimentos, exigindo a entrega da Declaração de Serviços Médicos e de Saúde, a chamada Dmed.

Não por menos, é hora de redobrar os cuidados com os gastos dessa natureza. "Eu diria que despesa médica é o problema número um das declarações que caem malha fina", afirma o advogado tributarista Samir Choaib. "Costumam aparecer desde valores errados até a inclusão de tratamentos de pessoas que não são dependentes," pontua.


A regra para dedução é simples. O contribuinte só deve lançar os gastos com saúde feitos em seu benefício ou de seus titulares. Para tanto, é preciso que o dinheiro tenha saído do seu bolso. Outro pré-requisito é que notas e recibos tenham sido devidamente guardados. Veja como funciona a declaração dessas despesas.

"A cada ano que passa, a Receita tem ficado cada vez mais veloz no processamento das informações", afirma o advogado Edson Pinto. "Se antes a fiscalização só acontecia a partir de determinada renda, hoje o acesso à informática permite que qualquer incongruência seja muito mais simples de detectar", finaliza.

Conheça outros erros comuns de quem cai na malha fina:

Omissão da renda tributável do dependente: Ter outra pessoa como dependente implica a incorporação de todos os seus bens, direitos e obrigações. Logo, se um pai declara um filho que começou a estagiar como dependente, o dinheiro recebido no trabalho do filho deverá constar na sua declaração. Dependendo de quanto for este montante, será possível inclusive que a renda tributável do titular se enquadre em uma nova e mais pesada faixa de incidência de IR.

Omissão de receitas de diferentes fontes pagadoras: Quem muda de trabalho ao longo do ano pode deixar passar batido o lançamento do dinheiro recebido em um ou outro local. Como as empresas necessariamente prestarão essa informação ao Fisco, aumenta a chance do Leão identificar eventuais sonegações.

Omissão do recebimento de aluguéis: O ganho com aluguéis obedece a mesma tabela e é tributado exatamente como o salário pago por uma empresa. Da mesma forma, ele deve ser obrigatoriamente informado na declaração. Quando recebido de pessoa jurídica, esse rendimento é tributado na fonte. Quando os inquilinos são pessoas físicas, o recolhimento acontece mensalmente via carnê-leão. Neste caso, o pagamento do imposto é de inteira responsabilidade de quem recebe o dinheiro.

Omissão do recebimento de pensão alimentícia: Há quem ache que a pensão alimentícia não precise ser declarada. Outros deixam de lançar a informação por considerarem injusto sofrerem tributação sobre um dinheiro que será usado para a criação dos rebentos. A verdade é que o recebimento de pensão necessariamente sujeita-se às garras do Leão. Do lado de quem paga, a pensão alimentícia acordada judicialmente pode ser deduzida na íntegra da renda tributável. Já para quem recebe, os recursos são tratados como um salário e são sempre acrescentados à renda tributável do titular da declaração.

Aparição em mais de um CPF: Situações que envolvem a colaboração de familiares costumam suscitar dúvidas em relação à declaração do IR. É o caso de filhos que dividem entre si a responsabilidade de pagar o plano de saúde dos pais. É bom lembrar que o CPF de cada pessoa só pode aparecer em um formulário do Imposto de Renda. Portanto, os filhos terão que decidir quem colocará o pai como dependente e apenas quem for o eleito poderá deduzir os gastos feitos por ele com o pai.

Inclusão não permitida de dependentes: O simples fato de ter ajudado financeiramente um conhecido para uma causa que permite abatimento (como despesa médica ou mensalidade de escola particular) não dá ao contribuinte a oportunidade de descontar esse gasto de sua renda tributável. Para fazê-lo, é preciso que o beneficiário seja seu dependente. E existem critérios para essa inclusão. Filhos de pais separados só podem ser incluídos como dependentes na declaração de quem detiver a guarda judicial. Também podem ser incorporados em um só formulário cônjuges e companheiros, inclusive homossexuais. Para filhos, enteados, netos e bisnetos, a idade limite é de 21 anos ou 24 anos se estiverem cursando faculdade. Pais e avós só podem ser incluídos como dependentes se tiverem recebido rendimento, tributável ou não, de até 17.989,80 reais em 2010.

Acompanhe tudo sobre:Imposto de Renda 2020ImpostosLeãoMalha finaSonegação fiscal

Mais de Minhas Finanças

Reta final do IR: veja o que acontece se você não declarar dentro do prazo de entrega

Mega-Sena acumulada: quanto rendem R$ 42 milhões na poupança

Brasileiros perderam R$ 2,7 bilhões em golpes online de venda de carros em 2023, diz estudo

Mega-Sena acumula mais uma vez e prêmio vai a R$ 42 milhões

Mais na Exame