Como 12 famosos ganham muito dinheiro após a morte
De Michael Jackson a Albert Einstein, os doze nomes da lista levantaram juntos mais de 500 milhões de dólares em 2010
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2011 às 05h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h36.
São Paulo - Para certas estrelas, a roda da fortuna continua a girar independente de estarem a alguns palmos do chão. É o que mostra a lista elaborada anualmente pela Forbes com as celebridades que mais engordaram o patrimônio na posteridade. Se a vida dá aos artistas a brecha para arruinarem sua carreira com escândalos, a morte, por outro lado, congela uma trajetória que pode continuar a render frutos. Na maior parte dos casos, a renda advém da exploração de direitos autorais, da venda de livros ou do licenciamento de imagem. Confira, na próximas páginas, as fortunas póstumas que mais cresceram em 2010.
Em vida, Michael Jackson nunca esteve entre as 100 celebridades mais ricas elencadas anualmente pela Forbes. Depois de morrer em 2009, o rei do pop só não ganhou da apresentadora Oprah Winfrey. Em 2010, Michael não apenas alcançou o posto de número um na lista dos que continuaram movimentando rios de dinheiro após a morte, como superou todo o montante levantado em conjunto pelos outros que o sucederam no rol. Os 275 milhões de dólares arrecadados em 12 meses bateram a renda das duas mais suntuosas e rentáveis turnês do ano passado juntas, a das bandas AC/DC e U2. Além do lançamento do filme “This is it”, com os bastidores do show que o rei do pop iria estrear, a fortuna foi amealhada pelo interesse renovado dos fãs em suas músicas e vídeos. Além disso, Michael colhe os lucros de sua participação no catálogo da Sony/ATV, que detém os direitos autorais de artistas como os Beatles.
O passar das décadas não impediu o rei do rock, morto há 34 anos, de continuar ganhando dinheiro. De outubro de 2009 a outubro de 2010, período considerado pela Forbes para a elaboração da lista, a renda bruta arrecadada por Elvis chegou a 60 milhões de dólares. De um lado, as inúmeras visitas turísticas à mansão Graceland em Memphis, onde ele morou e foi enterrado, costumam garantir um retorno mais ou menos previsível ao patrimônio de Elvis. Por trás de uma arrecadação mais generosa em 2010, está a venda dos mais de 200 produtos licenciados, turbinada pelo aniversário de 75 anos do cantor. Os direitos sobre as músicas apresentadas no aclamado tributo Viva Elvis, apresentado pelo Cirque Du Soleil em Las Vegas, também ajudaram a encher o cofre do músico no ano passado.
O ultimo filme da trilogia O Senhor dos Anéis deixou os cinemas há oito anos. Ainda assim, J. J. R. Tolkien, autor dos livros que contaram a saga transposta para as telonas, continua um nome quente em Hollywood. Por ora, segue em estágio de pré-produção uma adaptação do livro “O Hobbit”, na Nova Zelândia. O burburinho em torno do assunto rendeu à Tolkien uma nova onda de interesse na venda de títulos. Segundo a consultoria Nielsen, foram mais de 500.000 cópias comercializadas no ano passado, alçando o autor, que morreu em 1973, à terceira posição do ranking dos mais ricos na posteridade. Em 2010, o rendimento de Tolkien bateu na casa dos 50 milhões de dólares.
O cartunista que bolou os traços de Snoopy e Charlie Brown morreu em fevereiro de 2000. No ano passado, a marca e os personagens criados por Charles Schulz foram comprados pela Iconix por 175 milhões de dólares, dando origem à Peanuts Worldwide LLC. Na negociação, a empresa fundada por Schulz assegurou uma participação de 20% na nova companhia. Como resultado, o artista ganhou mais dinheiro com as suas tirinhas, hoje publicadas em 2.200 jornais ao redor do mundo. Em 2010, sua renda bruta foi estimada em 33 milhões de dólares.
O assassinato de John Lennon em Nova York completou exatos 30 anos em 2010. Do trágico acontecimento aos dias de hoje, o integrante dos Beatles nunca deixou de ganhar dinheiro. No ano passado, foram 17 milhões de dólares. Para comemorar o que seria seu aniversário de 70 anos, a gravadora EMI relançou muitas canções do músico com a campanha “Gimme Some Truth”, fazendo com que algumas delas chegassem ao topo das mais tocadas em rankings levantados mundo afora. Lennon também ganhou com o jogo de videogame “The Beatles: Rock Band” e com acordos de licenciamento com a Cisco e Mont Blanc.
Autor do best-seller “The Girl with the dragon tattoo” - publicado no Brasil com o título “Os homens que não amavam as mulheres” - o escritor sueco Stieg Larsson embolsou 15 milhões de dólares em 2010. Testemunha do estupro de uma garota aos 15 anos, Larsson empenhou-se em expiar a culpa por não tê-la ajudado abordando o tema da violência sexual em seus thrillers. Da trilogia, também fazem parte os livros “A menina que brincava com o fogo” e “A rainha do castelo de ar”. De qualquer forma, ele não viveu para ver o sucesso dos títulos. Larsson morreu em 2004, antes que qualquer um deles fosse sequer publicado. Poucos anos depois, os números solapam as dúvidas sobre o potencial financeiro das suas obras: até outubro de 2010, foram vendidas cerca de 40 milhões de cópias, traduzidos em 44 línguas. Em dezembro deste ano, uma versão de Hollywood para o primeiro título da saga deverá chegar aos cinemas, estrelada pelo ator Daniel Craig e dirigida por David Fincher, o mesmo de “A rede social”.
Theodor Geisel, mais conhecido pelo pseudônimo Dr. Seuss, é o mais bem sucedido autor de livros infantis na história. Foram 44 títulos ao longo da vida, com personagens que pularam das páginas de papel para o cinema e dali para produtos licenciados, parques de animação em Orlando e aplicativos de iPhone. Foi o que aconteceu com o Grinch do clássico “Como o Grinch Roubou o Natal”, estrelado nas telonas por Jim Carrey, e o desenho animado “Horton e o mundo dos quem”, uma adaptação do livro “Horton hears a Who!”. Segundo a consultoria Nielsen, os livros de Geisel venderam cerca de 3 milhões de cópias em 2010, ajudando sua renda a alcançar 11 milhões de dólares no ano.
Ainda que tenha partido desta vida há mais de meio século, a imagem do cientista com a língua de fora já virou senso comum quando o intuito é exaltar a inteligência. Mesmo assim, o nome de Albert Einstein continua surtindo efeito - e para públicos muito distintos. Foi essa a escolha da Disney para a linha de produtos Baby Einstein, desenhada para estimular o raciocínio dos bebês. A ideia de usar a imagem do físico também se repetiu na campanha do banco de investimentos italiano Profilo, nas propagandas de caminhões da Chrysler, na coleção de óculos geek da marca A.J. Morgan e em um jogo de lógica para videogame. Por essas e outras, o patrimônio de Einstein cresceu 10 milhões em 2010.
Novato na lista, o dono do time de baseball norte-americano New York Yankees arrematou o nono lugar com rendimentos de 8 milhões de dólares em 2010. George Steinbrenner morreu em julho do ano passado, mas seu patrimônio continuou a engordar na esteira das vitórias conquistadas pelos Yankees. Para muitos, o lucro é merecido: Steinbrenner levou um estádio novo ao bairro do Bronx e tornou global a famosa logo do time, com a sigla NY entrecruzada. Vale lembrar que o New York Yankees tem uma lucrativa participação na rede regional de esportes YES e continuará rendendo dinheiro à Steinbrenner sob a forma de participação na venda de produtos licenciados.
Em 2009, os direitos das músicas do compositor Richard Rodgers feitas em parceria com o letrista Oscar Hammerstein foram comprados por aproximadamente 200 milhões de dólares. Ainda que os frutos dessa negociação não tivessem aumentado a fortuna do norte-americano, que terminou o ano com mais 7 milhões de dólares contabilizados, Rodgers ainda figuraria na lista dos maiores milionários mortos da Forbes. A explicação está na popularidade de outras músicas de sua autoria, como “My funny valentine” e “The lady is a tramp”. Entre suas obras, estão mais de 900 canções e 40 espetáculos da Broadway. Rodgers morreu aos 77 anos em 1979.
Com seis milhões de dólares arrecadados em 2010, a décima primeira posição do ranking é do cantor, guitarrista e compositor Jimi Hendrix, morto por overdose em 1970. Se a influência do músico se estende até os dias de hoje, sua música também continua a colher os frutos desse sucesso. Seu álbum de estreia “Are you experienced” foi recentemente licenciado para a terceira versão do jogo de videogame “Rock Band”. Gravações inéditas foram lançadas no ano passado, e a marca de guitarras Fender fechou um contrato para patrocinar a turnê Experience Hendrix, com a apresentação de ex-integrantes da banda.
Também com 6 milhões de dólares acumulados em 2010, o ator Steve McQueen, famoso por protagonizar filmes de ação nas décadas de 50 e 60, fecha a lista dos 12 famosos que já morreram, mas continuam somando quantias milionárias ao patrimônio. No caso de McQueen, 30 anos não foram suficientes para fazer a imagem de galã cair por terra. Não por menos, ele estrelou propagandas de marcas como Dolce & Gabbana e Tommy Hilfinger em 2010, além da campanha global do banco de investimentos UBS.