Onde investir R$ 10 mil que estão na poupança para render mais?
Planejador financeiro responde dúvida de leitor sobre investimentos que rendem mais que a poupança. Envie você também sua pergunta
Júlia Lewgoy
Publicado em 6 de outubro de 2017 às 12h00.
Última atualização em 6 de outubro de 2017 às 12h00.
Pergunta do leitor: Tenho R$ 10 mil investidos napoupança, que rende muito pouco. O que você me aconselha a fazer? Não tenho pretensões de gastar odinheiroagora.
Resposta de Valter Police*:
Embora pareça que a resposta para sua pergunta seja direta, como “invista no fundo X” ou “a melhor opção é o CDB do banco X”, é necessário uma análise mais abrangente, que poderá servir, inclusive, para suas futuras análises de investimento em outras situações.
Quando falamos de investimento , a primeira coisa que nos vem à cabeça é a rentabilidade. No entanto, existem outros aspectos a serem levados em conta. Os investimentos não devem ser analisados separadamente, mas dentro de um plano abrangente.
O primeiro deles é o objetivo para aquele recurso e o prazo. No seu caso, embora não mencione o objetivo, você diz que não tem pretensões de gastar o dinheiro agora, o que dá algum indicativo de prazo. No entanto, incorporando uma visão mais ampla, será que esse dinheiro é o seu único recurso disponível? Ou existem outros montantes investidos que compõem seu patrimônio?
Essas respostas são fundamentais, uma vez que o primeiro investimento recomendado a todas as pessoas é a reserva de emergência, para necessidades não listadas no orçamento ou imprevistos. Essa reserva evita a necessidade de utilizar linhas de crédito com alto custo e deve ter entre seis e doze vezes o seu custo mensal, dependendo da previsibilidade de suas receitas e despesas e da sua empregabilidade.
Para esse tipo de investimento, o ideal são produtos que ofereçam altíssima liquidez, ou seja, estejam disponíveis quando necessário e tenham baixíssimo risco. A rentabilidade é a última característica a ser analisada. Em geral, as melhores opções de investimento para essas características são caderneta de poupança, CDBs, fundos DI e títulos públicos Tesouro Selic. Eles possuem altíssima liquidez e baixo risco.
A partir daí, analisamos a rentabilidade. A caderneta de poupança tende a perder em rentabilidade para essa concorrência, além de só ter o rendimento creditado a cada 30 dias, o que pode fazer com que um período de tempo fique sem remuneração.
Em bancos e corretoras, procure CDBs com rentabilidades acima de 90% do CDI ou fundos que cobrem menos de 1% ao ano. Caso opte por títulos públicos Tesouro Selic, faça as negociações por meio de uma corretora que não cobre taxas adicionais além da taxa de custódia de 0,3% cobrada pela B3.
Caso você já tenha uma reserva de emergência e os R$ 10 mil não façam parte dela, o leque de opções se amplia significativamente. Você terá à sua disposição uma infinidade de títulos de diversos bancos – como CDBs, LCIs e LCAs (isentas de imposto de renda) – e outros títulos públicos federais, além de fundos de investimento com as mais diversas características.
Cada uma dessas opções mostrará facetas diferentes e será mais ou menos adequada dependendo do seu objetivo ou, no mínimo, de uma estimativa de prazo. Além disso, o investimento precisa ser coerente com seu perfil de investidor.
Assim, lembre-se que a construção de um portfólio de investimentos passa pela análise de seus objetivos, sua situação financeira atual, seus prazos e seu perfil. Só depois, é possível buscar as melhores opções do mercado.
Como você viu, não é uma tarefa tão simples quanto parece à primeira vista e, por esse motivo, procure contar com um planejador financeiro pessoal certificado para lhe auxiliar com essas escolhas.
*Valter Police é planejador financeiro pessoal e possui a Certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejadores Financeiros.
Envie suas dúvidas sobre investimentos para seudinheiro_exame@abril.com.br.