O que fazer com o dinheiro da restituição do Imposto de Renda
Consultores financeiros apontam quais devem ser as prioridades na hora de utilizar o dinheiro extra
Marília Almeida
Publicado em 15 de junho de 2018 às 16h03.
Última atualização em 15 de junho de 2018 às 16h27.
São Paulo - A Receita Federal realiza o pagamento do primeiro lote da restituição do Imposto de Renda nesta sexta-feira (15). Os contribuintes recebem o valor na mesma semana do anúncio da liberação das cotas do PIS/Pasep para todas as idades, cujo pagamento será feito a partir de segunda-feira (18) pela Caixa (PIS) e o Banco do Brasil (Pasep).
Em média, cada contribuinte deve receber 1,9 mil reais no primeiro lote de restituição do IR, de acordo com a Receita Federal, enquanto cada cotista do PIS/Pasep vai receber, em média, 1.370 reais, segundo o Ministério do Planejamento.
Esse montante que será recebido pelos contribuintes e trabalhadores é uma boa oportunidade para investir. Isso porque a recomendação é aplicar, no mínimo, 1 mil reais, como forma de escapar de taxas cobradas na transferência do dinheiro entre corretoras e agentes de custódia ou bancos. É o que diz Annalisa Dal Zotto, planejadora financeira e sócia da consultoria Par Mais. "Cada TED custa aproximadamente 7 reais. Para quem aplica 100 reais, por exemplo, a taxa equivale a 7%. Ou seja, já perde mais do que o investimento poderá render em um ano", alerta.
Antes de investir, atenção
Consultores financeiros concordam que, para fazer um bom uso do dinheiro recebido, primeiro é necessário pagar dívidas, se houver. Os empréstimos mais caros, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, devem ser a prioridade.
Caso o contribuinte não tenha dívidas, mas também não tenha um fundo de emergência, o conselho é usar o dinheiro extra para iniciar a criação de um.
Segundo Annalisa, o ideal é que o valor depositado no fundo seja equivalente a, pelo menos, três salários recebidos pela família. Os recursos do fundo devem ser aplicados em investimentos que tenham liquidez diária, como a poupança ou em títulos como o Tesouro Selic.
Cautela é essencial
Para quem não tem dívidas e já tenha um fundo de emergência, a dica é investir o valor. Mas em um cenário de volatilidade como o atual, é necessário cuidado.
Para quem ainda não sabe o que fará com o dinheiro, o principal conselho é não aplicar o dinheiro em investimentos muito arriscados, ao menos no curto prazo.
A prioridade, portanto, devem ser investimentos de alta liquidez, como os usados para aplicações do fundo de emergência. "Mais para frente, quando o investidor souber ao menos para que lado o país vai, a partir dos resultados das eleições, por exemplo, pode realizar ajustes", diz Annalisa.
Já para quem já tem um objetivo de médio e longo prazo definido, como criar uma reserva para uma viagem ou a aposentadoria, a dica é investir em CDBs, que são cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), ou títulos do Tesouro prefixados atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA. "Neste caso, é importante manter os títulos até o vencimento, para não correr o risco de perder dinheiro", diz a consultora da Par Mais.
Como a greve dos caminhoneiros elevou a probabilidade de a inflação no país aumentar, a remuneração paga por títulos atrelados à inflação subiu. Além disso, mesmo que um presidente populista vence a eleição, acreditamos que a taxa de juros ainda deve ter espaço para cair. Portanto, garantir uma taxa de 6,5% é interessante.
Para investidores com perfil moderado, Alfredo Meneghetti, professor de pós-graduação em finanças, investimento e banking da PUC-RS, aponta que a renda variável pode representar uma oportunidade depois do revés registrado pela bolsa. "Muitos papéis estão com preços baixos". O professor aposta no crescimento de estatais, como Petrobras, Vale e Gerdau como reflexo de um ciclo de aumento da produção de petróleo, minério de ferro e aço no Brasil e no mundo nos próximos meses.
Tanto Annalisa como Alfredo fazem ressalvas em relação a aplicações em fundos. "Para que o investimento não perca de aplicações isentas de IR, como a poupança e LCIs e LCAs, o ideal é que a taxa de administração cobrada pelos fundos não passe de 1%", diz Annalisa. Meneghetti recomenda que o investidor aplique em ações de forma autônoma para escapar dessas taxas.