O jeito certo de investir de R$ 10.000 a R$ 10 milhões
O volume de dinheiro disponível costuma determinar qual é a melhor opção na hora de aplicar na bolsa
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2010 às 10h05.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h37.
A melhor forma de constituir uma carteira diversificada de ações com pouco dinheiro é por meio da compra dos chamados ETFs, que são fundos de índices de ações negociados em bolsa. Os ETFs são administrados pelo Itaú (foto) ou BlackRock. A carteira de papéis desses fundos podem seguir: 1) um índice com as principais ações da bolsa (como o Ibovespa, o IBrX-50 e o IBrX-100); 2) um índice focado em empresas médias e pequenas (MidLarge Cap ou Small Cap); ou 3) um índice específico de determinado setor (Índice BM&FBovespa de Consumo ou Índice BM&FBovespa Imobiliário). Com qualquer uma dessas opções, o investidor estará bem diversificado e não sofrerá grandes perdas se uma empresa da carteira passar por sérias dificuldades. O produto é bastante recomendado por especialistas para quem tem pouco tempo para acompanhar o mercado ou mesmo como porta de entrada para a bolsa. Outra grande vantagem dos ETFs é a baixa taxa de administração, que alcança no máximo 0,69% ao ano. A imensa maioria dos bancos e assets vão cobrar taxas de administração bem maiores nos fundos ativos de ações. "É por isso que existem vários estudos que mostram que o investidor ganha mais nos fundos passivos, o que inclui os ETFs", diz o professor de finanças Jurandir Sell Macedo, da UFSC. O único problema dos ETFs é que o investidor precisa abrir uma conta em uma corretora para negociá-los. "Mas ao contratar uma corretora o investidor pode aplicar dinheiro também no Tesouro Direto e fugir das taxas de administração altas tanto na bolsa quanto na renda fixa", diz Fernando Meibak, da Moneyplan Consultoria. Clique aqui e saiba mais detalhes sobre os ETFs.
Os clubes de investimento são uma ótima opção para o investidor que planeja colocar a mão na massa e aprender a investir em ações, mas ainda tem pouca experiência para andar sozinho no mercado. Assim como os ETFs, os clubes possibilitam que o investidor consiga montar uma carteira diversificada com apenas 10.000 reais. O montante aplicado por uma pessoa será adicionado ao dinheiro de até outros 149 participantes do clube e, com o volume total, será possível investir em um bom número de diferentes papéis. O clube é um ambiente rico do ponto de vista educacional porque o investidor poderá trocar ideias com os demais membros e ter alguma ingerência na forma como o dinheiro será aplicado. Caso o clube consiga antecipar os movimentos da bolsa, o investidor também poderá obter uma rentabilidade maior que a dos ETFs. Neste ano, por exemplo, quem investiu em um fundo de índice que segue o Ibovespa obteve, no melhor cenário, uma rentabilidade pífia. Já o investidor que optou por determinados papéis dos setores de varejo, construção, saúde e educação, entre outros, conseguiu multiplicar sua riqueza. Os clubes também possuem uma vantagem tributária. Se aplicar mais de dois terços do patrimônio em ações, o clube permitirá que o investidor só pague Imposto de Renda sobre os lucros obtidos na hora do resgate. Antes disso, o dinheiro permanecerá no clube e poderá se valorizar ou render dividendos. Por trás de um clube sempre existe uma corretora, que ajuda na parte burocrática e faz a intermediação dos investimentos. Entre as principais administradoras de clubes do país, está a Geração Futuro (a foto ao lado é de Wagner Salaverry, sócio da corretora). Para arcar com as despesas de corretagem e outras, os clubes costumam cobrar taxas de administração de ao menos 2% ao ano. Clique aqui e saiba mais sobre como investir em ações por meio de clubes.
Com 50.000 reais já é possível montar uma carteira diversificada de ações, mas contratar uma corretora e começar a investir em ações por conta própria só é recomendável para quem já acompanha o mercado há algum tempo. Todos os anos muita gente deixa a bolsa depois de se machucar financeiramente - e, para a maioria, faltou experiência. Ainda assim, Fernando Meibak, da Moneyplan Consultoria, acredita que o home broker é a melhor plataforma para alguém investir na bolsa no longo prazo. Ele afirma que os fundos cobram taxas que não se justificam pelos serviços prestados. Para não comprar gato por lebre, ele aconselha as pessoas físicas a escolher apenas empresas de grande porte líderes em seus setores de atuação. Outro conselho importante é constituir uma carteira diversificada de ações para não ficar exposto demasiadamente ao mesmo risco. Por último, o investidor não pode se esquecer de investir apenas uma parte do patrimônio em bolsa e manter o resto do dinheiro em aplicações de menor risco. Dessa forma, a pessoa não precisará sacar o dinheiro em momentos ruins da bolsa - que são bastante comuns. Ao mesmo tempo, terá dinheiro para comprar mais ações caso os preços tornem-se excepcionalmente convidativos. Na hora de escolher uma corretora, também é importante verificar se a instituição possui uma equipe de analistas para dar aconselhamento ao investidor e se serão disponibilizados relatórios e outras ferramentas importantes para a tomada de decisão. Veja aqui dicas para escolher o melhor home broker e clique aqui para saber quais são as corretoras mais processadas pelos clientes.
No interior do Brasil, há muitos investidores que se mantêm longe da bolsa porque não têm como pedir aconselhamento para aplicar em ações. Nas agências bancárias, não há profissionais que entendam do assunto. As corretoras tentam cobrir esses nichos com a abertura de escritórios locais, mas ainda existem cidades com mais de 100.000 habitantes desprovidas do serviço. Já os executivos de gestoras de recursos ou private bankings só costumam se deslocar para esses lugares para atender clientes com alguns milhões de reais no bolso. Quem não se encaixa nesse perfil muitas vezes pode contratar os serviços de algum agente autônomo de investimentos. Esses profissionais precisam ser aprovados em um exame técnico realizado pela Ancor (a associação de corretoras) e possuem um registro na CVM (foto). A ideia é evitar que gente sem nenhum experiência no mercado de capitais se aventure nessa profissão e gere prejuízo aos investidores. A regulamentação da atividade, no entanto, não é tão rígida. Um agente de investimento não precisa ter curso superior, por exemplo. Esse é um dos motivos que impedem o agente autônomo de indicar a compra e a venda de determinada ação. A ideia é que esses profissionais apenas indiquem produtos e formas de investir em determinados papéis ou de aproveitar certos movimentos da economia. A CVM admite que a regulamentação não é perfeita e promete realizar em breve algumas alterações nas normas para o trabalho dos agentes. "Na hora de escolher um agente autônomo, eu recomendo dar preferência a um profissional certificado pelo IBCPF [Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros]", diz o professor Jurandir Sell Macedo.
Quem tem ao menos 100.000 reais para investir em ações deve procurar uma gestora de recursos para ajudá-lo a administrar as aplicações. Em primeiro lugar, possuir todo esse montante é necessário para se beneficiar com taxas de administração bem menores. Segundo um relatório da Anbima (a associação dos bancos de investimento), os fundos de ações que exigem um investimento inicial de 1.000 a 10.000 reais cobram em média 2,95% ao ano de taxa de administração. Já nos fundos com aplicação de entrada entre 50.000 e 100.000 reais, a taxa anual cai para 1,61%. Alguns dos fundos com melhor histórico de rentabilidade também não estão disponíveis ao investidor que possui apenas 10.000 reais em conta. O Rio Bravo Fundamental FIA, por exemplo, só aceita investidores qualificados dispostos a aceitar a um investimento inicial de 100.000 reais. É verdade que os grandes bancos oferecem aos correntistas fundos com aplicações bem inferiores. No entanto, um estudo da Luz Engenharia Financeira sobre os fundos com o melhor risco/retorno do Brasil chegou à conclusão que o investidor ganha mais quando investe em produtos oferecidos de assets menores. "São os fundos com um patrimônio menor que conseguem ter mais agilidade na hora de comprar e vender ações", diz Viviane Werneck (foto), gerente de clientes institucionais da Luz e autora do estudo. "Esses fundos menores podem, por exemplo, investir em ações de empresas com baixo valor de mercado sem incorrer em riscos de liquidez." Clique aqu i e saiba mais sobre o estudo.
Seguindo uma tendência mundial, grandes bancos e gestoras de recursos têm criado "private banks" para dar um atendimento especial para clientes milionários. Nas agências bancárias normais, muitas vezes há funcionários preparados para tirar todas as dúvidas sobre conta corrente ou cartão de crédito, mas não existe ninguém especializado em investimentos. É exatamente esse o maior nicho explorado no private, onde há executivos que vão analisar a carteira de investimentos atual dos clientes e entender as aspirações financeiras deles até o final da vida. Após a fase de coleta de informações, o private vai montar uma carteira diversificada de investimentos que se encaixe no perfil de risco do investidor. "O grande diferencial é dar um atendimento personalizado a cada um", diz Julio Ortiz Neto, diretor da Rio Bravo Private Banking (foto). Grandes instituições financeiras como o Itaú Unibanco e bancos de investimento como o Credit Suisse também possuem áreas de "private bank". Em geral, para ter uma conta em um private é necessário possuir ao menos 1 milhão de reais em aplicações financeiras. "Mas o cliente não precisa trazer todo esse dinheiro de uma vez. Podemos iniciar um relacionamento com a aplicação de 300.000 reais", diz Julio Ortiz Neto, da Rio Bravo. Fernando Meibak, da Moneyplan Consultoria, diz que mesmo os investidores com acesso a esse serviço devem estar bem-informados antes de aplicar o dinheiro. Meibak, que já trabalhou em grandes bancos como o HSBC e o Citi, afirma que muitos "private banks" estipulam metas para que seus funcionários vendam determinados produtos financeiros aos clientes. Pode acontecer de esses produtos terem sido escolhidos somente porque o banco ganharia uma comissão maior pela distribuição. "Na Rio Bravo, não há conflito de interesses", diz Julio Ortiz Neto. "Tanto que temos um fundo de ações próprio, mas também distribuímos os de concorrentes se for a vontade do cliente."
Há dois tipos de family offices, que, como o próprio nome diz, são escritórios montados para administrar fortunas familiares. Os chamados multifamily offices são instituições como a GPS Planejamento Financeiro, a LLA ou a FinPlan criadas para atender investidores que possuem mais de 5 milhões de reais. O que garante ao investidor um atendimento personalizado e quase exclusivo ao contratar umas dessas empresas é o pequeno número de clientes por funcionário - não passam de 10. Já os single familly offices são montados por famílias que possuem centenas de milhões de reais e uma enorme gama de investimentos. Esses escritórios trabalham com exclusividade para donos de empresas como WEG (foto), Gerdau, Votorantim, Camargo Corrêa ou TAM. Estimativas apontam que as dezenas de familly offices existentes no Brasil são responsáveis pela administração de mais de 200 bilhões de reais. Em geral, os clientes dessas instituições são bastante conservadores na hora de investir e gostam de imóveis e renda fixa. São pessoas que precisam de proteção para o patrimônio e que não precisam correr riscos elevados para multiplicá-lo. Com a continuidade da queda dos juros, entretanto, especialistas acreditam que os family offices passarão a investir cada vez mais em bolsa e em private equity para manter os níveis de rentabilidade dos últimos anos. Clique aqui e saiba mais sobre family offices.
Investidores com muito dinheiro podem constituir um fundo exclusivo para centralizar todos seus investimentos - e obter diversas vantagens. Uma pessoa que possui aplicações em vários bancos diferentes, por exemplo, pode acabar concentrando demais sua carteira sem que nenhum funcionário dessas instituições perceba. Já num fundo exclusivo, o mesmo gestor será responsável por todo o portfólio e não terá desculpa se não montar uma carteira de investimentos equilibrada e adequada ao perfil de risco do cliente. É necessário, portanto, contratar uma estrutura de gestão para o fundo, que pode ser fornecida por uma asset, um "private bank" ou um family office. Cada fatia da carteira poderá atender às necessidades pessoais do investidor e não precisará se adequar aos produtos que estão na prateleira do bancos. O grande problema desses fundos é que as despesas geradas serão exageradamente grandes caso o investidor aplique menos de 10 milhões de reais. Outro entrave são as restrições para resgate - só é possível realizar uma amortização por ano. Por outro lado, os fundos exclusivos possuem vantagens tributárias e facilitam a distribuição de heranças ( clique aqui e entenda as vantagens dos fundos exclusivos ). O apogeu dos fundos exclusivos no Brasil aconteceu na época em que era cobrada a CPMF sobre movimentações entre aplicações. Se a contribuição voltar como quer o governo e não quer a sociedade (foto), é provável que haja um novo impulso a essas aplicações.
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