Exame Logo

Lucro da Petrobras deve cair no quarto trimestre, afirmam corretoras

Média das projeções de cinco corretoras consultadas por EXAME aponta para um lucro líquido de R$ 6,9 bilhões

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Queda de receitas, de geração de caixa, de margens e de lucros. É nessa situação que o mercado espera encontrar os números do quarto trimestre que a Petrobras divulgará nesta sexta-feira (6/3), após o fechamento da Bovespa. EXAME consultou cinco corretoras sobre as expectativas em torno da estatal. Na média, as projeções apontam para um lucro líquido de 6,9 bilhões de reais. A cifra é 36% menor que os 10,852 bilhões obtidos entre julho e setembro, mas ainda ficará acima dos 5,053 bilhões do quarto trimestre de 2007.

A empresa já havia surpreendido o mercado entre julho e setembro, quando o aumento dos custos de produção derrubou o lucro bruto e reduziu o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Agora, a queda do preço internacional do petróleo deve pressionar as contas da estatal desde a primeira linha - a da receita.

Veja também

"A redução da receita, no quarto trimestre, deve ser significativa", afirma Andrés Kikuchi, chefe da área de análise da Link. A corretora projeta uma receita líquida de 60,6 bilhões de reais - 10% menor que os 67,46 bilhões registrados pela Petrobras no terceiro trimestre. Algumas corretoras esperam recuos ainda maiores. O Itaú Securities, por exemplo, estima uma receita de 54,123 bilhões, ou 20% menor.

"Os resultados do quarto trimestre serão negativamente afetados pelo declínio do preço do petróleo (57% na comparação trimestral)", afirma o relatório do Itaú, assinado pelos analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes. Kikuchi, da Link, lembra que, no acumulado até setembro, o preço médio do petróleo estava em 111 dólares do barril. Com a deterioração acentuada do final do ano, o barril encerrou 2008 com um preço médio de 98 dólares.

A primeira linha das demonstrações da Petrobras só não será mais pressionada, porque as receitas com gasolina e diesel devem compensar parte das perdas. "O preço dos combustíveis, apesar da queda nos preços do petróleo, continuam nos mesmos patamares registrados após os reajustes efetuados em abril de 2008", observa a Geração Futuro, em relatório assinado pelo analista Lucas Brendler. O Itaú Securities lembra que o diesel apresenta um prêmio de 40% em relação ao preço internacional. A gasolina conta com uma diferença ainda maior - 60%.

Caixa menor

A queda dos custos de exploração e produção não deve ser tão intensa quanto a do preço do petróleo. Por isso, o mercado estima que a geração de caixa da companhia será menor. Após um ebitda de 15,68 bilhões de reais no terceiro trimestre, a estatal deve divulgar um número ao redor de 11 bilhões - uma retração de 30%. Isso vai reduzir também a margem de ebitda, que foi de 23,20% entre julho e setembro. A expectativa não agrada ao mercado, pois o caixa é um dos pilares para sustentar o ambicioso plano de investimentos da Petrobras para o período de 2009 a 2013 - 174,4 bilhões de dólares, 55% maior que o previsto para o intervalo entre 2008 e 2012.

Somente em 2009, os investimentos previstos são de 18,10 bilhões de dólares, dos quais 12,5 bilhões estão assegurados por linhas de financiamento do BNDES. No ano que vem, o desembolso programado sobe para 18,90 bilhões de dólares, tendo 10 bilhões garantidos já pelo BNDES. O ritmo dos investimentos vem crescendo fortemente desde o ano passado. Em 2008, a Petrobras desembolsou 53,3 bilhões de reais, uma cifra 18% maior que a de 2007.

Nova contabilidade

Os analistas também estão preocupados com os possíveis efeitos de novos critérios contábeis sobre os números da companhia. Em janeiro do ano passado, a CVM publicou a Deliberação Nº 534, que altera os critérios para que as empresas contabilizem variações cambiais em suas demonstrações financeiras. Uma das maiores multinacionais brasileiras, a Petrobras vai sentir as mudanças ao registrar a equivalência patrimonial de suas unidades no exterior, entre outros impactos. "Ainda não estão claros os efeitos da nova legislação sobre as contas das empresas", afirma Mônica Araújo, estrategista da corretora Ativa.

O Itaú Securities simulou o impacto dos novos critérios sobre as contas do quarto trimestre da Petrobras. O efeito foi sentido na receita líquida. Pelo modo tradicional, a receita prevista é de 54,123 bilhões de reais. Pelo novo critério, poderia cair para 46,523 bilhões. As demais contas permaneceram iguais. Mas, como as margens são sempre calculadas com base na receita líquida, um denominador menor vai gerar uma margem maior. A margem de ebitda, sob os critérios da Deliberação Nº 534, seria de 23,3%, ante 20,1% do método tradicional.

Os números mais fracos deste trimestre, contudo, não devem gerar forte impacto sobre o comportamento das ações na Bovespa, de acordo com o Itaú Securities. "Não esperamos que os resultados trimestrais da companhia sejam um gatilho para as ações, após a grande comoção com o boom das despesas no terceiro trimestre que inquietou os investidores", afirma em relatório. A corretora mantém a recomendação de "sector perform", isto é, os papéis da empresa devem seguir a média do setor. O preço-alvo projetado para dezembro é de 39,3 reais por ação, para as preferenciais (PETR4, sem direito a voto).

As previsões das corretoras

Corretora
Item (R$ bilhões) Itaú Fator Geração Futuro Link Ativa* Resultado 3º Trim
Receita líquida54,123058,54855,58360,64167,46
Ebitda10,854010,97711,74716,4915,68
Margem de ebitda20,100018,70%21,10%27%22%23,20%
Lucro líquido8,69606,2587,9574,88,110,852
*Apenas controladora
Fonte: corretoras
Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame