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Juros baixos na Europa e EUA estão com dias contados, diz BC alemão

Países emergentes devem se preparar para enfrentar condições contrárias a reduções de juros, num futuro próximo. A avaliação foi apresentada nesta sexta-feira (12/3) por Jürgen Stark, vice-presidente do Bundesbank (o banco central alemão). Estamos num momento de baixa de juros, mesmo nos mercados emergentes, afirmou Stark. Mas há grandes déficits nas maiores economias - Estados […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Países emergentes devem se preparar para enfrentar condições contrárias a reduções de juros, num futuro próximo. A avaliação foi apresentada nesta sexta-feira (12/3) por Jürgen Stark, vice-presidente do Bundesbank (o banco central alemão). Estamos num momento de baixa de juros, mesmo nos mercados emergentes, afirmou Stark. Mas há grandes déficits nas maiores economias - Estados Unidos, Europa e Japão - e isso acabará levando a taxas maiores de juros. Temos de reconhecer que as taxas de longo prazo na Europa estão muito baixas.

O economista afirmou que a elevação dos juros nos países desenvolvidos trará um impacto negativo para países como o Brasil, que precisam oferecer a financiadores taxas mais atarentes, ou seja, mais altas.

Stark acredita, porém, que a situação da maioria dos mercados emergentes é muito diferente da ocorrida na segunda metade dos anos 90, o que tornaria esses países menos vulneráveis. O executivo é responsável por relações externas no Bundesbank e está no Brasil desde ontem, para conversar com a equipe econômica. Encontrou-se na quinta-feira com os secretários do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Arno Meyer, além de deputados da Comissão de Economia da Câmara. Hoje, será recebido pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

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Sem criticar nenhum país explicitamente, o segundo homem do Bundesbank fez um alerta indireto a simpatizantes da tática argentina de pressionar o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em sua opinião, uma das conseqüências naturais de um calote, por parte de um grande devedor do fundo, seria a elevação das taxas de juros cobradas dos outros países-membros. Stark ressaltou, porém, que o Brasil é um dos membros que contribui de forma mais construtiva com o FMI. Ele afirmou que o fundo está decidido a distribuir melhor seu crédito, com volumes menores e por mais países. Atualmente, apenas Brasil, Argentina e Turquia concentram mais de 70% dos empréstimos dados pela instituição. Outra frente de trabalho é a redução do tempo de dependência dos países em relação ao FMI. A Alemanha é o segundo maior contribuidor, atrás apenas dos Estados Unidos.

Stark aproveitou sua passagem por Brasília para fazer o discurso comum a todos os bancos centrais: afirmou que não se obtém crescimento sustentável com relaxamento no combate à inflação; que a política monetária não resolve a estagnação econômica (no caso do Brasil, ele citou a dívida e a carga tributária como maiores problemas); e que políticos nunca concordarão com as metas de inflação estabelecidas (embora considere o sistema apropriado para países com histórico de hiperinflação).

A proposta do governo brasileiro, de modificar a forma de cálculo do superávit primário para excluir investimentos produtivos, não conquistou a simpatia do vice-presidente do Bundesbank. Ele lembrou que o objetivo da formação de superávit primário é reduzir a dívida pública. Segundo Stark, países europeus, como a Itália, precisaram de quase 30 anos para reduzir as dívidas que fizeram nos anos 70, após a crise do petróleo. A flexibilização (no superávit primário) no curto prazo poderia comprometer, no longo prazo, a meta de reduzir a dívida, disse ele.

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