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Juro real afasta fundos de pensão do investimento em ações

Segundo pesquisa da consultoria Mercer com gestores terceirizados, os maiores fatores críticos para a economia brasileira em 2005 são o desempenho da economia americana e o fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O juro real no Brasil afasta os investidores institucionais da bolsa de valores. Esta é uma das conclusões da pesquisa da consultoria Mercer junto a 24 gestores de fundos de pensão em atividade no Brasil, realizada entre 20 e 28 de janeiro e apresentada nesta quinta-feira (17/2). Os entrevistados (veja lista abaixo) cuidam de aproximadamente 555 bilhões de reais, quase 90% do total de recursos administrados por terceiros no mercado brasileiro.

O estudo detectou que nem o mais otimista dos gestores acredita que o Banco Central (BC) vai conseguir atingir o centro da meta fixada para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2005. A Mercer verificou que a média das projeções para o IPCA neste ano é de 5,8%, sendo que a resposta mais otimista indicou uma inflação de 5,3%, ainda acima da meta do BC, de 5,1%. Os mais reticentes imaginam que a inflação oficial possa bater em 7,5%, apenas 0,1 ponto percentual abaixo do resultado do ano passado. Já quanto aos Índices Gerais de Preços (IGP-DI e IGP-M), a expectativa é de queda do patamar superior a 12% verificado em 2004 para cerca de 6,5% neste ano.

Igualmente relevante para a indústria de fundos de pensão, a taxa Selic deve encerrar o primeiro semestre em 18,9% (na média das estimativas dos entrevistados) e em 16,8% no final do ano. Com esse juro real (o diferencial entre inflação e juros nominais), o espaço para as aplicações em bolsa fica bastante restrito, explica Lauro Araújo Neto, consultor de investimentos da Mercer. De fato, apenas 21% dos gestores indicaram a disposição de comprar ações em 2005, enquanto 16% pretendem reduzir sua exposição e 63% vão manter suas ações. "Quem vai dar suporte à bolsa são os investidores estrangeiros e pessoas físicas", diz Araújo. "Os fundos mantêm uma alocação de 15% a 19% de seus recursos em renda variável, apesar do bom desempenho das ações, porque é mais vantajoso aplicar em renda fixa." (Leia reportagem de EXAME sobre isso.)

Entre os fatores críticos para a economia brasileira em 2005, os mais apontados pelos gestores foram o desempenho da economia americana (especialmente a cotação do dólar) e o fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil.

Setores atraentes

A projeção média para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005 é de 3,7%, com saldo da balança comercial de 26,6 bilhões de dólares, ante 33,7 bilhões acumulados no ano passado. As respostas neste quesito variaram bastante, de 23 bilhões a 30,5 bilhões de dólares.

Os entrevistados indicaram petroquímica, mineração e bancos como os setores mais atrativos para investimentos. Em um resultado que pode preocupar o governo, a área de energia elétrica -- com grande necessidade de novos investimentos -- ficou em sétimo lugar na classificação. Em outra pesquisa da Mercer junto a 33 gestores com atuação global, o setor considerado mais atrativo foi o de saúde, na frente de telecomunicações. "É um claro reflexo do envelhecimento da população nos Estados Unidos e União Européia", diz Araújo (leia artigo exclusivo sobre essa tendência).

Os participantes da pesquisa

ABN Amro Asset Management
ARX Capital Management
Banco Calyon Brasil
Banco Fibra
Banco Itaú
Banif Primus Asset Management
BankBoston Asset Management
BB Administração de Ativos
BNP Paribas Asset Management Brasil
Bradesco Asset Management
Caixa Econômica Federal
Citigroup Asset Management
Credit Suisse Asset Management
Global Invest Asset Management
HSBC Asset Management
Máxima Asset Management
Modal Asset Management
Opportunity Asset Management

Pactual Asset Management
Safra Asset Management
Santander Banespa Asset Management
Shroders Investment Management Brasil
Sul América Investimentos
Votorantim Asset Management

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