Juro de consignado do auxílio não terá teto e já chega a 86% ao ano
A medida ainda precisa ser regulamentada, mas instituições financeiras já fazem pré-cadastros com taxas de até 86% ao ano
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de agosto de 2022 às 13h02.
Última atualização em 5 de agosto de 2022 às 13h25.
O empréstimo consignado a beneficiários do Auxílio Brasil, sancionado nesta quarta-feira, 3, pelo presidente Jair Bolsonaro não estabelece limite nas taxas de juro cobradas. A medida ainda precisa ser regulamentada, mas instituições financeiras já fazem pré-cadastros com taxas de até 86% ao ano. Os maiores bancos privados do País, porém, devem ficar de fora das ofertas.
Procurados, Itaú Unibanco, Santander e C6 Bank informaram que não vão oferecer o consignado — que desconta automaticamente a parcela da dívida do valor do benefício. O Bradesco afirmou que está avaliando, "mas, a princípio, não deve operar a linha". O Banco do Brasil disse que "analisa a possibilidade". Já a Caixa vai ofertar o crédito, e disse que "as taxas de juros serão informadas quando iniciarem as contratações". Segundo o Ministério da Cidadania, as taxas de juro ficarão a cargo das instituições.
Desde a aprovação da medida pelo Congresso, em 7 de julho, ofertas de empréstimo a beneficiários do programa já circulam pelas redes sociais. Uma das publicações anuncia a liberação de R$ 3.105 a quem receber o auxílio de R$ 600. O valor seria pago em 24 parcelas de R$ 240, com juros de 85,99% ao ano.
As taxas de juro dos anúncios são muito superiores às praticadas em outras modalidades do crédito consignado. Segundo o Banco Central, em abril, último dado disponível, a taxa de juro média em consignados a servidor público era de 20,9% ao ano. No caso de beneficiários do INSS, era de 26,9%; a trabalhadores privados, 36,8%.
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