O Itaú é o novo recordista de ganhos entre os bancos brasileiros. A instituição obteve lucro líquido consolidado de 3,776 bilhões de reais no ano passado um crescimento de 19,8% sobre 2003. Com o resultado, o Itaú bateu a marca do Banespa, que havia lucrado 3,407 bilhões de reais em 1997 (valor corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo até 31 de dezembro do ano passado), segundo a consultoria Economática. De acordo com analistas, a expansão da carteira de crédito do banco foi o principal responsável pelos bons números divulgados nesta terça-feira (22/2).

Em 2004, o Itaú realizou uma série de ações para reforçar sua carteira de crédito. As três principais, de acordo com o seu Relatório da Administração, foram o lançamento da financeira Taií, em junho, voltada para não-correntistas das classes C e D; a parceria com o Grupo Pão de Açúcar para financiar as compras de seus clientes; e o aumento da participação na Credicard. A ênfase em empréstimos e financiamentos elevou a carteira de crédito do Itaú em 19,5%, para 53,3 bilhões de reais.

Com isso, as receitas geradas pelas operações de crédito subiram de 7,285 bilhões para 9,363 bilhões. O desempenho contribuiu para elevar as receitas totais de intermediação financeira (em que se incluem também operações com títulos públicos, por exemplo) para 17,271 bilhões de reais, contra 14,359 bilhões em 2003. De acordo com o banco, o crédito para micro, pequenas e médias empresas subiu 70,8% no ano passado.

Apesar dos esforços para se aproximar dos consumidores finais e das pequenas empresas, o resultado do banco continuou sustentado pelo crédito concedido a grandes companhias, de acordo com Victor Pereira, especialista em setor financeiro do BES Research. Segundo Pereira, as pessoas jurídicas respondem por 57,2% da carteira de crédito do Itaú. "E, desse total, 71,9% são grandes companhias", diz.

Despesas

O resultado do Itaú poderia ser ainda mais expressivo, se as despesas de intermediação financeira não tivessem quase dobrado, passando de 3,497 bilhões de reais para 6,144 bilhões. Além do maior custo de captação de recursos no mercado, o banco também sofreu com um prejuízo de 329,831 milhões de reais com operações de empréstimos e repasses. No ano anterior, os repasses haviam rendido um saldo positivo de 1,578 bilhão de reais.

O provisionamento de recursos para créditos duvidosos caiu de 2,207 bilhões para 1,581 bilhão. O banco também conseguiu recuperar mais dinheiro que já era dado como perdido: 654,388 milhões. Em 2003, esse valor foi de 569,340 milhões. Com isso, o resultado bruto da intermediação financeira passou de 10,861 bilhões para 11,127 bilhões de reais.

Tarifas

Outra fonte de receitas da instituição foram as tarifas cobradas pelos serviços, como manutenção de conta corrente e cartões de crédito. O total de receitas de serviços aumentou 20%, para 6,165 bilhões. O desempenho favoreceu o aumento de 28,49% do resultado operacional, que somou 7,341 bilhões.

O banco encerrou dezembro com um patrimônio líquido consolidado de 13,971 bilhões de reais. A cifra é 17,6% maior que os 11,879 bilhões registrados em igual período do ano retrasado. "Em linhas gerais, o resultado do Itaú foi bastante expressivo, mas há condições para que ele se repita neste ano", afirma Pereira, do BES Research. As elevadas taxas de juros e a demanda aquecida por crédito são os dois fatores que continuarão estimulando o desempenho do Itaú em 2005, segundo Pereira.

Os dez maiores lucros da história dos bancos brasileiros
Instituição	Lucro líquido (R$ bilhões)*	Ano em que ocorreu
Banco Itaú Holding Financeira	3,776	2004
Banespa	3,407	1997
Banco Itaú Holding Financeira	3,391	2003
Banespa	3,314	2002
Banco do Brasil	3,250	1988
Banco Itaú Holding Financeira	3,162	2001
Bradesco	3,060	2004
Banco do Brasil	3,024	2004
Bradesco	2,872	2001
Banco Itaú Holding Financeira	2,823	1999
*Valores ajustados pelo IPCA acumulado até 31/12/04
Fonte: Economática