IR 2018: declaração fica mais trabalhosa para quem tem filhos
O Fisco voltou a apertar as regras para os dependentes ou para quem recebe pensão alimentícia
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 10h52.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2018 às 17h42.
São Paulo - A temporada do Imposto de Renda 2018 (ano-calendário 2017) começa na próxima quinta-feira, dia 1º, e vai até o dia 30 de abril. Desta vez, o processo de declaração pode ser um pouco mais trabalhoso para quem tem crianças.
Isso porque o Fisco voltou a apertar as regras para os dependentes ou para quem recebe pensão alimentícia. A mudança é parte de um esforço para reduzir fraudes e sonegações.
Agora, é obrigatório o Cadastro de Pessoa Física (CPF) para dependentes a partir de oito anos - o limite antes era de 12 anos. No ano que vem, a obrigatoriedade será para todos os dependentes, de qualquer idade.
Portanto, há agora a tarefa extra de emitir o CPF da criança - mas o processo não é dos mais complicados. É necessário ir a uma agência do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal ou dos Correios, apresentar certidão de nascimento ou RG da criança, o RG do responsável e pagar uma taxa de R$ 7,50. O número é gerado na hora. O limite anual de dedução por dependentes é de R$ 2.275,09.
A Receita também deixou mais claro como fica a declaração dos filhos de pais separados, aponta o tributarista e sócio do escritório Peixoto & Cury Advogados, Renato Vilella Faria. "A Receita esclareceu que, quando a guarda é compartilhada, apenas um dos pais pode colocar o filho como dependente e ter o abatimento - o outro insere o dependente como alimentando, mas também pode acrescentar despesas como educação e saúde", explica.
A conta feita para incluir o dependente não é uma fórmula matemática e deve ser analisada caso a caso, recomenda Andrea Nicolini, coordenadora de tributos da Sage Brasil. Isso porque a inclusão de dependentes implica informar os rendimentos, bens e dívidas dessas pessoas, o que pode levar a um aumento do imposto devido.
Restituição
Este ano, a grande expectativa, segundo especialistas, é que a declaração seja tão ágil quanto foi no ano passado, quando o Receitanet, serviço que valida e transmite as declarações, foi incorporado ao Programa Gerador da Declaração - que foi liberado hoje no site da Receita Federal.
Um detalhe importante diz respeito à velha estratégia de deixar para entregar a declaração nos últimos dias e receber a restituição mais para frente, com o valor corrigido pela taxa básica de juros (Selic). Agora isso não é mais tão vantajoso. Em anos anteriores, quando a Selic estava em dois dígitos, se o contribuinte não tinha a urgência, poderia retardar o recebimento e ganhar os juros sem dedução.
O artifício era positivo frente a alguns investimentos que tinham como retorno a Selic, mas com o desconto do IR da aplicação. "Hoje, recebendo logo a restituição, o contribuinte tem o poder de decidir por aplicações que dão retornos melhores que a renda fixa", explica o planejador financeiro pela Planejar, Caco Santos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.