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Investimento de alto retorno

Educação de filho é coisa séria. Investimento financeiro, idem. Quando os dois assuntos se juntam, qualquer pai fica com o cabelo em pé. Investir para pagar boas escolas pode ser uma tarefa complicada. Mas a existem algumas regras que ajudam a organizar a vida de quem se preocupa em garantir uma educação diferenciada aos rebentos. […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

Educação de filho é coisa séria. Investimento financeiro, idem. Quando os dois assuntos se juntam, qualquer pai fica com o cabelo em pé. Investir para pagar boas escolas pode ser uma tarefa complicada. Mas a existem algumas regras que ajudam a organizar a vida de quem se preocupa em garantir uma educação diferenciada aos rebentos. A primeira delas é: quanto mais cedo se começa a poupar, melhor. Seja disciplinado. Todos os meses, religiosamente, uma parte de seu orçamento tem de ser separada com essa finalidade. Pouco importa se você destina 10% ou 25% de sua renda a um investimento qualquer. O importante é que todos os meses o dinheiro seja separado. "O investimento tem de ser encarado como uma obrigação", diz o consultor financeiro Mário Esteves, sócio da MCA Economy. Quem começa a economizar enquanto as crianças são pequenas, e tem disciplina, pode ficar sossegado. Vai conseguir bancar ensino médio, Harvard ou um bom curso de mestrado no Brasil sem perder noites de sono. Basta pôr na cabeça que esse é um investimento de longo prazo e que naquele dinheiro poupado ninguém põe a mão.

Mas será essa uma regra difícil de ser cumprida? Há casais, como Giselli Ribeiro Brambilla e Wagner Bernardes, de São Paulo, que conseguem. A engenheira química Giselli, de 30 anos, sempre foi poupadora. Quando tinha 24 anos, se impôs uma regra curiosa: todas as vezes que fosse ao caixa eletrônico checar a conta corrente, jogaria 20 reais na poupança. Quando alcançou 3 000 dólares, fez as malas e foi para a Europa. Wagner, de 31 anos, engenheiro eletrônico, é o oposto. Gosta de ter carro do ano e DVD de última geração. A renda mensal do casal beira os 20 000 reais. Giselli tem em seu nome 300 000 reais e Wagner, 10% desse total. Logo que engravidou, Giselli fez as contas para saber quanto teria de guardar por mês, caso seu filho desejasse estudar fora do Brasil. Guilherme nasceu em agosto deste ano e, quando completou 1 mês, a mãe fez um plano de previdência privada para o garoto. Quis garantir um rendimento seguro: hoje, Guilherme é um bebê com 500 reais na poupança e 1 000 reais na previdência. Enquanto Giselli fazia contas, Wag ner foi até uma loja de aparelhos eletrônicos e comprou a filmadora mais cara do estoque para garantir o registro dos primeiros movimentos do garoto. Pelo perfil de cada um é possível dizer que os investimentos do filho vão depender mais de Giselli do que de Wagner.

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Futuro garantido

Ao começar a poupar com o filho ainda recém-nascido, o casal está garantindo o futuro. Se um dos dois perder o emprego, por exemplo, o dinheiro vai continuar lá. Segundo o consultor Luis Roberto Americano, sócio da LLA Investimentos, o único erro do casal foi ter investido na caderneta de poupança. "Aplicar na poupança é perder tempo e jogar dinheiro fora." Só para ter uma idéia, enquanto a poupança rendeu de janeiro ao final de setembro deste ano 6,61%, a inflação do mesmo período bateu na casa dos 10,25%, de acordo com a MCA Economy. Isso significa que os pais de Guilherme perdem poder de compra ao longo dos anos.

O fato é que Giselli e Wagner foram ligeiros e colocaram uma quantia razoável em nome do filho tão logo ele nasceu. Aí está o segredo. Quanto antes começar a poupar, mais fôlego terá o casal e mais poderá moderar nas aplicações. Mas de nada adianta poupar uma pequena fortuna no começo e minguar as aplicações ao longo do tempo. Por isso, diz Americano, o melhor é fazer os investimentos no começo de cada mês. Se deixar para depois, poderá ser tarde demais. "As pessoas precisam ter consciência de que vão gastar dinheiro com a educação de seus filhos", afirma o professor Ricardo Humberto Rocha, do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração, da USP. Por isso, só o esforço dos pais não basta. "É preciso estimular a própria criança a começar a guardar dinheiro."

Rocha acredita que tanto faz o tipo de investimento que a família pretenda fazer pensando na educação dos filhos. Antes de mais nada, é preciso definir se ela está disposta a tolerar riscos. Outro ponto é a quantidade de dinheiro investido por mês. Os consultores financeiros dizem que algo entre 10% e 20% da renda da família é o ideal. Para manter mais do que isso, é preciso ser persistente. Se o orçamento aperta, é preferível depositar um pouco menos, mas ainda assim depositar. Em último caso, vale estabelecer uma meta para o ano, escrever num papel em letras garrafais e colocar na porta da geladeira. Também é preciso fazer algumas contas. Deixar o dinheiro na poupança é perder o jogo para a inflação, mas significa ter o benefício de não pagar taxas de administração nem imposto de renda. Alguns fundos de investimento podem ser uma boa opção. Bolsa de valores? Só para quem pensa no longuíssimo prazo e tem algum sangue-frio.

E os imóveis? O professor Ricardo Humberto Rocha avisa que, primeiro, é preciso observar que apartamentos e casas têm custos que investimentos em ações, fundos DI ou previdência privada não têm. Um imóvel se deprecia e precisa de constante manutenção. Há também o risco da inadimplência do inquilino e a baixa liquidez. Aquele escritório que você comprou pensando em fazer dinheiro rápido pode dar mais dor de cabeça do que lucro. Apesar disso, há quem aposte em imóveis no longo prazo. O ortodontista Aldemiro Nunes Martins, de 41 anos, não titubeou quando uma construtora de Goiânia colocou unidades de um apart-hotel à venda. Martins desembolsou 70 000 reais. Ainda faltam dois anos para dar os outros 50 000 e quitar o imóvel. "Vou ter retorno suficiente para pagar a faculdade da minha filha", acredita. A pequena Laine tem apenas 6 anos, mas o dentista decidiu desde já que era hora de cuidar do futuro da filha. Se fosse se basear no presente, Martins poderia ficar tranqüilo. A mensalidade da escola da filha custa 263 reais e o apart-hotel rende 350 reais mensalmente. Por suas contas, em um ou dois anos, o imóvel vai render pelo menos 800 reais por mês. "Prefiro pôr o dinheiro num imóvel porque dá mais retorno que a poupança", diz ele. Pode até ser. Mas esse é um setor de altos e baixos.

Tarefa em família

Martins parece saber disso. Tanto que evita colocar todas as suas fichas em apartamentos. Ele investe 1 250 reais por mês num PGBL. Além de Laine, Martins tem de pensar em si próprio. "Ela depende de mim, mas sou profissional liberal e preciso estar precavido", afirma. A idéia de diversificar os investimentos é salutar. Precavida também foi a publicitária gaúcha Lúcia Turquenitch, de 45 anos. Ela e o marido, Renato, de 47 anos, separam todos os meses cerca de 1 000 reais para cada um dos filhos, Maurício e Rafael, de 15 e 11 anos respectivamente. Resultado: cada um tem 30 000 reais na previdência privada. O dinheiro já tem destino certo. O casal quer que os garotos façam cursos nos Estados Unidos ou na Inglaterra, em intercâmbios de pelo menos um ano. O custo para manter um adolescente estudando no exterior vai de 10 000 a 15 000 dólares por ano. Se quisessem mandar os dois meninos hoje, eles teriam de apertar o cinto, mas já conseguiriam bancar os gastos. Com tanto dinheiro em caixa, o casal encontrou uma saída para controlar a ansiedade dos filhos: contar meia história. "Eles sabem que têm dinheiro aplicado, mas não sabem o valor", afirma Lúcia. Estratégia interessante e acertada. "É bom porque as crianças não fazem corpo mole e se empenham em guardar dinheiro também", diz o consultor Keyler Carvalho Rocha, diretor do Instituto Brasileiro dos Executivos de Finanças e professor da Faculdade de Economia e Administração da USP. Lúcia e Renato querem que os filhos estejam preparados para o mercado de trabalho. "Estamos dando ferramentas a eles para que tenham seu próprio dinheiro", diz a mãe. O raciocínio está correto. "Quando a situação do país melhorar, quem estiver mais bem preparado vai conseguir emprego mais rápido", afirma Sérgio Mendonça, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Para Mendonça, um currículo bem recheado pode facilitar a entrada no mercado de trabalho, apesar de não ser garantia de emprego. "Mas é melhor estudar do que tentar uma vaga de cara limpa", diz o especialista. Melhor ainda é começar a economizar desde já para não ficar com a carteira vazia no meio do caminho.

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