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Investidor tira dinheiro de ações e multimercados

Nos dez primeiros dias de agosto, esses fundos sofreram resgates de R$ 3,6 bilhões

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Diante das incertezas em relação à crise do crédito hipotecário nos Estados Unidos, os investidores decidiram não esperar a turbulência no mercado acionário passar e correram para resgatar suas aplicações em renda variável. Nos dez primeiros dias de agosto, 3,6 bilhões de reais saíram dos fundos de ações e multimercados, sendo que parte desses recursos migraram para os fundos DI, que receberam 2 bilhões de reais no período. Os números ainda não refletem a queda da Bolsa da última semana, que foi de 9%. Por isso, é de se esperar que a saída de recursos desses fundos seja ainda maior.

No mês passado, com a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em trajetória de alta e o clima de otimismo tomando conta do mercado, os multimercados receberam 7,1 bilhões de reais, enquanto os fundos de ações registraram mais 4,1 bilhões de reais em aplicações. As duas categorias foram as que mais captaram em julho, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid).

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As constantes notícias negativas sobre o setor de crédito nos Estados Unidos, no entanto, mudaram o humor dos investidores. Os resgates dos últimos dias, dizem os especialistas, são um dos fatores que estão pressionando ainda mais o Ibovespa, principal índice da Bovespa, para baixo. "Chegamos num ponto que não são mais os fundamentos da economia que estão movimentando a Bolsa. Os fundos estão sendo obrigados a vender suas ações para fazer caixa", diz Eduardo Roche, analista da Modal Asset Management.

Somente esse mês, o Ibovespa recuou 11% e, de acordo com os analistas, não há previsão de quando esse movimento vai cessar. "Enquanto não ficar claro qual o tamanho da crise de crédito nos Estados Unidos, o mercado não vai acalmar", diz Max Bueno, analista de Investimentos da Spinelli Corretora.

Diante desse cenário - e do medo dos investidores em manter suas aplicações na Bolsa -, muitos gestores de fundos começaram a rever suas estratégias. Até então, predominava no mercado a certeza de que a turbulência seria passageira, e que ações continuavam sendo um ótimo investimento. "Agora, o que se vê é um movimento de limitação de perdas", diz Bueno. Se o processo de stop loss - termo utilizado para as ordens de venda quando as ações caem a um determinado preço - continuar, o Ibovespa deverá recuar ainda mais nos próximos dias.

É hora de sair?

Não, dizem os especialistas. "Agora é o momento de investir ainda mais em renda variável. É possível que haja mais alguma perda, mas no futuro o ganho compensará isso", afirma o consultor de investimentos Gustavo Cerbasi.

Além de aconselhar os investidores que buscam investimentos de longo prazo a manter e ampliar suas posições na Bolsa, o próprio Cerbasi pretende remanejar parte de suas aplicações da renda fixa para ações. "Enquanto a crise não impactar o resultado das empresas, vou continuar aplicando no mercado acionário", diz.

Segundo o consultor, o desempenho das companhias brasileiras depende em 80% do mercado interno, não devendo ser, portanto, muito afetado pela crise. "O que pode acontecer é uma redução de 40% para 30% no crescimento anual das empresas. Ainda assim é muito bom", afirma. Para Cerbasi, quando essa turbulência passar, será razoável esperar que a Bolsa cresça no mesmo ritmo das companhias brasileiras - de 20% a 30% ao ano.

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