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Inflação é ameaça maior para emergentes que recessão nos EUA, diz Merrill Lynch

Expectativa de avanço nos preços deve provocar elevação de juros em diversos países, reduzindo rentabilidade nas bolsas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O estrategista de mercados emergentes do banco de investimentos Merrill Lynch, Michael Hartnett, disse hoje que a inflação já representa um risco maior para a economia dos países emergentes que a recessão nos Estados Unidos. Segundo a agência de notícias Bloomberg, Hartnett afirmou, em entrevista, que a crise americana só será "um grande problema" para as economias emergentes se afetar o preço das commodities, que estão em patamares bastante altos e tem impulsionado o PIB em países como o Brasil. Já a inflação levaria a aumentos das taxas de juros e retração do consumo interno - justamente o que tem puxado a economia brasileira.

O economista da Merrill Lynch prevê que a inflação em mercados emergentes vai avançar de 5,3% para 6,7% neste ano. O banco acredita que, devido aos aumentos generalizados nos preços dos alimentos, a inflação deve avançar em praticamente todos os países em desenvolvimento, com exceção de Malásia, México e Argentina. No Brasil, o mercado prevê que o IPCA (principal índice de inflação) fique em 4,5% neste ano, no centro da meta estabelecida pelo Banco Central.

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Se por um lado juros mais altos ajudam a conter o avanço dos preços, o efeito nos mercados de capitais pode ser bastante nocivo. Em países como China e Hong Kong, as bolsas acumulam perdas de mais de 30% desde novembro devido, principalmente, à expectativa de avanço da inflação.

A Bovespa ainda não refletiu o impacto do aumento dos juros. Na próxima semana, entretanto, a maioria dos analistas de mercado aposta que o Banco Central irá interromper um período de três anos sem aumentos de juros e elevará a taxa básica da economia brasileira (Selic), que está atualmente em 11,25% ao ano, em ao menos 0,25 ponto percentual. A expectativa é de que novos aumentos ocorram nos próximos meses, o que deve levar à migração de recursos dos mercados acionários para títulos de renda fixa. Na Bovespa, juros maiores favorecem as ações das instituições financeiras, mas prejudicam diretamente setores estratégicos para o crescimento da economia, como construção e varejo.

Outro efeito colateral da alta dos juros seria uma desvalorização ainda maior do dólar. Com a crescente diferença entre as taxas brasileiras e as praticadas nos EUA e Europa, mais capital especulativo pode chegar ao país, forçando a moeda americana para baixo. A valorização ainda maior do real ajudaria o país a controlar a inflação, mas prejudicaria principalmente os exportadores de bens manufaturados. Com o dólar cotado no atual patamar de 1,70 real, esses empresários já têm se queixado da redução das margens de lucro nas vendas ao exterior.

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