Inflação vai encarecer financiamento de imóvel na planta
Quem está pensando em adquirir um imóvel na planta este ano tem de estar atento aos contratos. Até pegar a chave e realizar a mudança, as parcelas do financiamento e o saldo devedor deverão ficar significativamente mais caros no médio prazo. Simulação realizada por Veja.com estima que a elevação ao final de três anos poderá […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
Quem está pensando em adquirir um imóvel na planta este ano tem de estar atento aos contratos. Até pegar a chave e realizar a mudança, as parcelas do financiamento e o saldo devedor deverão ficar significativamente mais caros no médio prazo. Simulação realizada por Veja.com estima que a elevação ao final de três anos poderá chegar a 20%.
A explicação para este aumento é a correção pela inflação da construção civil. O comprador, na maioria das vezes, dá uma entrada - de 5% a 10% do valor do imóvel - e, até o fim da obra, tem de pagar à construtora parcelas que são reajustadas mensalmente pelo índice de preços do setor. Este também incide sobre o restante do financiamento.
A maior parte dos contratos utiliza o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI), que reflete as variações de preços de materiais, serviços e mão-de-obra utilizados no setor, e é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para se ter idéia do impacto deste indicador, a LCA Consultores projeta uma alta acumulada no ano de 7,23%.
Já de casa nova?
Continue atento - Após a entrega das chaves, o custo "inflacionário" pode persistir. Na grande maioria dos casos, o comprador financia o saldo devedor (já "turbinado" pelo INCC) junto a um banco ou uma empresa hipotecária. A partir de então, a depender do tipo de contrato, pode passar a haver incidência não só de juros, mas também do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M). As previsões da LCA para o IGP-M para os acumulados de 2010 e 2011 também são expressivas: 8,5% e 4,7%, respectivamente.
A atenção aos detalhes de cada contrato tem de ser redobrada no momento atual, em que construtoras e incorporadoras tentam facilitar, ao máximo, a aquisição de um imóvel. Um empreendimento novo já custa, segundo especialistas, cerca de 35% mais que outro com as mesmas características e localização. O mercado também está bem mais flexível hoje quanto às exigências para a liberação de crédito e chega a oferecer facilidades, como a possibilidade de embutir no financiamento os custos com a papelada para regularização do imóvel.
O resultado é que muita gente se deixa levar pelas facilidades e pela empolgação da compra da casa própria, negligenciando a tarefa de conhecer em profundidade as características do negócio. Para piorar, fontes do setor admitiram à Veja.com que muitos corretores não relatam por completo os detalhes do financiamento na ânsia de efetivar a venda.
Especialista recomenda atenção
As pessoas devem ficar, portanto, atentas às cláusulas dos contratos e aos índices de correção utilizados para que a variação das prestações não transforme a dívida em uma bola de neve.
O Procon de São Paulo recomenda que o comprador faça cálculos projetando a incidência do índice de reajuste, incluindo também os juros e taxas caso haja financiamento com o banco. "Antes de assinar contratos, o comprador deve pesquisar a forma mais conveniente de pagamento para que a parcela fique dentro da média salarial", aconselha Valéria Cunha, assistente de direção do Procon-SP.