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Greenspan diz que errou por confiar no livre mercado

Declaração surpreende porque ex-presidente do Fed sempre foi um dos maiores defensores do liberalismo econômico

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Alan Greenspan, ex-presidente do Fed (banco central norte-americano) e um dos maiores defensores mundiais do livre mercado, admitiu nesta quinta-feira que errou ao confiar na livre regulamentação do sistema financeiro e expressou dúvidas em relação a eficácia desse modelo, informa o “The New York Times”. Ainda segundo o jornal, Greenspan se diz angustiado com a atual crise econômica mundial e fez ressalvas ao próprio modelo que defendeu por décadas. Ele admite que errou ao não estabelecer regras para a negociação de derivativos de crédito imobiliário.

O ex-presidente do Fed participou nesta quinta-feira de reunião na Comissão de Controle de Governança, na Câmara dos Estados Unidos. Inicialmente, ele tentou minimizar sua responsabilidade no atual cenário econômico. Porém, ao ser questionado mais incisivamente pelo presidente da comissão, o deputado democrata Henry A. Waxman, Greenspan admitiu ter errado.

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"Cometi um erro na presunção de que o auto-interesse de organizações, especificamente bancos e outros, seria capaz de proteger melhor seus próprios interesses e de seus acionistas”, disse Greenspan.

O jornal diz ainda que ele foi além dessa declaração, depois de ser questionado mais duramente por Waxman. “Em outras palavras, você descobriu que sua visão do mundo, a sua ideologia, não estava certa”, pressionou o democrata.

O ex-presidente do Fed respondeu: “Precisamente. (...) Sabe, essa é precisamente a razão pela qual eu fiquei chocado, porque entendi por cerca de quarenta e poucos anos, com muitas evidências, que ele [o mercado] estava trabalhando excepcionalmente bem”.
Ainda segundo o NYT, Greenspan traçou um futuro sombrio em relação aos desdobramentos da atua crise. “Não se pode ver como é que vamos evitar um aumento significativo do desemprego e demissões."

Ele acrescentou ainda que o consumo irá diminuir e que uma estabilização dos preços domésticos seria necessária para levar a crise até ao seu final. "Esta crise acabou por se revelar bem mais vasto do que qualquer coisa que eu poderia ter imaginado", afirmou ele, de acordo com o New York Times.

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