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Para Fator, Pão de Açúcar deve ter o melhor resultado entre as varejistas

Produtos de primeira necessidade devem garantir à rede de supermercados desempenho superior ao de outras empresas do setor

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Os próximos meses prometem ser mais difíceis para as empresas de varejo. Os balanços do quarto trimestre de 2008, que começam a ser divulgados neste mês, já devem evidenciar os efeitos da crise global sobre os negócios. Mas nem todas as companhias serão impactadas da mesma forma. A Fator Corretora espera que o Pão de Açúcar apresente o melhor desempenho do setor. Em sua avaliação, as vendas da rede de supermercados sofrerão menos devido à menor elasticidade na demanda, já que os produtos comercializados são de primeira necessidade.Pelas estimativas de janeiro da corretora Brascan, a receita líquida do grupo deve apresentar "somente pequenas alterações, uma vez que mantivemos nossa expectativa de crescimento do faturamento através de uma agressiva estratégia de aumento da área de vendas". Em relatório, o analista Rodrigo Ferraz, da Brascan ressalta que o Pão de Açúcar é "uma das melhores empresas para enfrentar a crise devido a sua liderança no varejo alimentício, um setor bastante defensivo". Além disso, Ferraz destaca que a situação confortável de caixa da empresa – eram 1,4 bilhão de reais ao final de setembro - permitirá que sejam feitos novos investimentos e aquisições para impulsionar o crescimento neste ano.

A Saraiva, por sua vez, tem no governo um porto seguro contra a crise, diz a Fator. Grande parte das vendas de livros didáticos, de acordo com a corretora, será destinada ao setor público. Com isso, é esperado um aumento de 38,8% na receita líquida do quarto trimestre de 2008, mesmo com a desaceleração nas vendas pela internet.

Já a B2W, criada da fusão entre Americanas.com e Submarino, não poderá contar com a mesma sorte. A queda na confiança do consumidor e a menor disponibilidade de crédito no mercado atingiram em cheio a companhia, que concentra grande parte de suas vendas em eletroeletrônicos. Sem garantia de emprego e com dificuldades para obtenção de financiamentos, os consumidores preferiram adiar seus planos de compras de bens duráveis, colocando a empresa em situação delicada. Para impedir uma queda ainda maior nas vendas, a B2W evitou repassar para os preços a alta no dólar, o que deve reduzir suas margens de lucros. A Fator estima que a margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização caia de 15,1% no último trimestre de 2007 para 13,4% no mesmo período de 2008. "Por outro lado, esperamos melhorias de eficiência operacional com a conclusão da integração dos centros de distribuição", afirma a corretora em relatório.

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Olhando a médio e longo prazo, a corretora Ativa vê boas perspectivas para a companhia. "Embora acreditemos que os papéis da empresa deverão sofrer no curto prazo com a redução de seu ritmo de expansão este ano, suas ações indicam um significativo potencial de valorização", diz a analista Luciana Leocadio em relatório divulgado no dia 13 de janeiro. A corretora projeta preço-justo de 41,05 reais para os papéis da empresa no final do ano.

A Lojas Americanas, que é sócia da B2W, também deve registrar perdas com a variação cambial, embora em menor escala. Como as lojas físicas da empresa contam com uma participação menor dos eletroeletrônicos nas vendas, o impacto da valorização do dólar será minimizado. No entanto, a Fator ressalta que a entrada do Magazine Luiza na cidade de São Paulo prejudicou o desempenho da companhia, que deve ter seu crescimento de vendas reduzido a 15,3% no quarto trimestre do ano passado em relação ao mesmo período de 2007.

Com a piora do cenário econômico, a Brascan acredita a Lojas Americanas irá revisar seus investimentos, reduzindo o número de inaugurações de lojas. A retomada do ritmo de expansão, porém, deverá acontecer já a partir de 2010.

Para Lojas Renner e Guararapes, controladora da Riachuelo, a Fator também projeta desaceleração nas vendas em função do cenário menos favorável para compras.

Tempos difíceis

Enquanto não houver uma melhora no cenário econômico, não há como esperar a retomada no ritmo de crescimento do comércio. E, por enquanto, os indicadores econômicos mostram que ainda não há sinais de bonança.

A última sondagem da Fundação Getúlio Vargas aponta que desde o início da pesquisa, em 2005, os consumidores nunca estiveram tão pessimistas em relação à aquisição de bens duráveis. Em janeiro, a intenção de compra dessa classe de produto, que inclui automóveis e eletrodomésticos, caiu 5,5% em relação ao mês anterior.

O gerente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, ao divulgar os números referentes à Pesquisa Mensal de Emprego de dezembro, comentou que os reflexos da crise global sobre o mercado de trabalho devem aparecer com força em janeiro, refletindo a demissão de temporários do comércio e o aumento pela procura de trabalho.

Em dezembro, segundo dados do Ministério do Trabalho, 654 mil vagas foram fechadas, o dobro do número tradicionalmente registrado nessa época do ano.

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