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Endividamento de famílias na pandemia já é maior do que na crise de 2014

Percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso chegou a 25,4% — o maior desde dezembro de 2017

Dinheiro: parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou 30,4% do orçamento, frente a 29,5% em junho do ano passado (DircinhaSW/Getty Images)

Dinheiro: parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou 30,4% do orçamento, frente a 29,5% em junho do ano passado (DircinhaSW/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 23 de junho de 2020 às 16h39.

Última atualização em 23 de junho de 2020 às 17h29.

Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que o percentual de famílias com dívidas aumentou em junho de 2020 e alcançou novo recorde histórico: 67,1% têm contas em aberto no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal ou prestação de carro e seguro.

A proporção de endividados em junho é a maior da série histórica do indicador, iniciada em janeiro de 2010, ultrapassando a taxa registrada na crise de 2014.

Também em junho, o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso chegou a 25,4% — o maior desde dezembro de 2017, avançando 1,8 ponto percentual em relação a junho de 2019.

Desse grupo, 11,6% declararam não ter condições de pagar suas contas, o que é o maior percentual desde novembro de 2012.

Enquanto nas famílias com renda até dez salários mínimos o endividamento cresceu de 67,4% em maio para 68,2% em junho, ante 64,9% observados em junho de 2019, para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, ou seja, que recebem mais de 10.450 reais, o percentual de endividamento entre maio e junho diminuiu de 61,3% para 60,7%.

Na faixa de menor renda, 13,2% declararam que não iriam conseguir honrar suas dívidas em junho, ao passo que somente 4,7% dos que ganham mais disseram o mesmo.

Entre as pessoas que têm contas em aberto, 16,1% se declararam muito endividados; 24,5%, mais ou menos endividados; 26,5%, pouco endividado; 32,6% disseram não acumular dívidas desse tipo; e o restante não soube ou não quis responder.

A parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou 30,4% do orçamento, frente a 29,5% em junho do ano passado. Este é o quinto mês consecutivo em que cresce o tamanho da renda familiar média envolvida com dívidas, cuja proporção máxima histórica chegou a 31,9% em dezembro de 2015.

Entre as diferentes classes sociais, o cartão de crédito é o maior concentrador de dívidas, sendo apontado por 76,4% dos que têm renda familiar mensal de até dez salários mínimos, e por 75,3% dos que recebem mais do que isso.

Para os que ganham menos, o segundo lugar é ocupado pelos carnês (18,4%), seguido por financiamentos de carros (10,6%). Já entre os que ganham mais, o segundo maior concentrador de dívidas é o financiamento da casa (19,2%), seguido pelo financiamento de carros (17,2%).

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