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Empresas terão de divulgar com detalhes suas perdas com derivativos

CVM determina que operações sejam divulgadas com mais transparência nos balanços do terceiro trimestre

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM, órgão regulador do mercado de capitais brasileiro) determinou nesta sexta-feira que os balanços do terceiro trimestre das empresas brasileiras deverão ter informações mais abrangentes e detalhadas sobre derivativos. As empresas já eram obrigadas pela instrução 235, de 1995, a apresentar informações sobre instrumentos financeiros em notas explicativas nos balanços. A diferença é que no balanço do terceiro trimestre as explicações terão de ser mais detalhadas.

A mudança deve-se às perdas de diversas empresas brasileiras com a alta do dólar no terceiro trimestre. Empresas como a Sadia e Aracruz tiveram prejuízos representativos com derivativos que incluíam apostas na continuidade do movimento de queda da moeda americana. As perdas causaram forte queda das ações das duas empresas e as levaram a demitir os diretores financeiros e a adiar os planos de investimento para proteger o caixa.

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Sem uma divulgação detalhada das operações nos balanços, o mercado teve dificuldade de avaliar que outras empresas poderiam ser vítimas desses derivativos. Especula-se que cerca de 200 empresas apostaram nesse tipo de operação - e muitas delas têm ações em bolsa. Os analistas mais pessimistas consideram que os derivativos serão o subprime brasileiro. Paulo Vieira da Cunha, atual sócio do fundo de hedge Tandem Global Partners, sediado em Nova York, acredita que as companhias brasileiras podem perder 60 bilhões de reais com essas operações.

"Com esta medida, pretende-se garantir a disponibilização de informações mais objetivas e completas acerca da eventual exposição das companhias abertas, em 30 de setembro, em razão das posições em instrumentos financeiros derivativos detidos, bem como de impactos decorrentes dessa exposição no período do terceiro trimestre", afirmou a CVM em nota.

A deliberação da CVM contém recomendação para que as companhias divulguem análises de sensibilidade de suas posições em instrumentos derivativos em relação a três cenários que são especificados, fornecendo assim aos seus acionistas e ao mercado referenciais concretos para a avaliação do risco trazido pelas posições assumidas pela companhia.

No terceiro trimestre, as empresas terão de divulgar as informações sobre os instrumentos financeiros de acordo com as regras do Iasb, um conselho internacional de regras contábeis. Futuramente a CVM vai colocar em audiência pública uma proposta para regras definitivas sobre o assunto.

"A CVM considera que, no geral, o conteúdo informativo das notas explicativas sobre instrumentos financeiros derivativos que vêm sendo produzidas pelas companhias poderia ser aperfeiçoado e promoverá, no processo de adequação das demonstrações aos padrões internacionais de contabilidade, a melhoria desse conteúdo", afirmou a CVM em nota.

As companhias que já tiverem entregado o balanço de julho a setembro deverão reapresentá-lo com as adaptações exigidas pela CVM até o dia 14 de novembro. Para as empresas que marcaram a divulgação do balanço entre esta noite e o dia 24 de outubro, também será permitida a reapresentação até o dia 14 com o cumprimento das novas exigências.

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