Empresas buscam formador de mercado para atrair acionistas

A onda de IPOs (sigla em inglês para oferta pública inicial) que tomou conta do mercado acionário brasileiro nos últimos anos trouxe benefícios também para os pequenos investidores. Na briga pela atenção - e pelos recursos - de quem investe em ações, cada vez mais as empresas buscam formadores de mercado para acabar com dois dos maiores temores dos investidores: a falta de liquidez e a grande volatilidade dos papéis.

Em 2003, apenas três das empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) utilizavam o serviço, que consiste na contratação de uma corretora ou banco para garantir a compra ou venda de suas ações a qualquer momento. Assim, quem possui papéis da empresa tem a tranqüilidade de poder se desfazer deles quando quiser, sem correr o risco de grandes perdas devido à falta de comprador. Por outro lado, quem desejar comprar terá a garantia de encontrar vendedor dentro do preço de mercado.

Hoje, quatro anos depois, saltou para 34 o total de companhias com formadores de mercado e, de acordo com o superintendente de Operações da Bovespa, Ricardo Pinto Nogueira, esse número deve chegar a 40 até o final do ano. "É uma quantidade bastante alta, já que estamos falando de um terço das ações de baixa liquidez da Bolsa hoje", afirma Nogueira.

Não por acaso, 24 das 73 empresas que abriram capital e realizaram IPO na Bovespa nos últimos quatro anos contratam formadores de mercado para suas ações. "O serviço demonstra comprometimento com os investidores, e isso eleva a confiança na empresa", diz Vitor Roquete, sócio da corretora Ágora, que atua como formador de mercado.

Mas não só as novatas buscam o serviço. Empresas que já estão há mais tempo na Bolsa, como a Rossi Residencial, também recorrem aos formadores de mercado para elevar a atratividade de seus papéis. "O investidor, quando vai ao mercado, procura não só papéis com grande potencial de valorização, mas também garantias de que conseguirá se desfazer deles no momento que considerar oportuno. Quem não vende, não lucra", afirma o diretor de Relações com Investidores da Rossi Residencial, Sérgio Rossi.

A companhia, que migrou para o Novo Mercado no ano passado, já registra resultados positivos com a mudança. "Nós quadruplicamos nosso número de transações no último ano e triplicamos o volume negociado por dia. Em dezembro de 2006, movimentávamos diariamente 8 milhões de reais com a compra e venda de ações. Hoje, são 25 milhões de reais", diz Rossi.

Como quase todas as empresas que contratam formador de mercado, a Rossi nem pensa em suspender o serviço. "Nosso objetivo é elevar cada vez mais a liquidez de nossas ações e conseguir entrar no Ibovespa até o final do ano", afirma o diretor daempresa.

De todas as companhias que já contrataram formador de mercado, apenas três deixaram de oferecer o serviço: Ripasa, que não tem mais ações na Bovespa, CCR e Natura, ambas por já fazerem parte do índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa.

Veja abaixo as empresas que operam com formadores de mercado na Bovespa.