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Empresa de Warren Buffett atuará como fiadora de títulos de governos locais

Em meio a um mercado fragilizado pelas perdas com o subprime, setor deve ser a próxima tacada certeira do megainvestidor para aumentar sua fortuna, dizem analistas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Num momento em que as gigantes do setor financeiro americano se vêem atingidas por fortes perdas, motivadas pela crise das subprimes (hipotecas de alto risco), o megainvestidor Warren Buffett, terceiro homem mais rico do mundo, começa a enxergar na turbulência uma oportunidade para aumentar ainda mais seu patrimônio.

Segundo a edição desta sexta-feira (28/12) do periódico nova-iorquino Wall Street Journal (WSJ), a área de seguros do grupo Berkshire Hathaway, do qual Buffett é dono, começa hoje a operar como fiadora dos títulos que municípios, condados e Estados costumam emitir para financiar obras públicas como construção de redes de esgoto, escolas e hospitais.

A empresa funcionará como uma "garantidora" do pagamento desses títulos, o que permitirá aos governos conseguir financiamentos a juros mais baixos, uma vez que reduzirá o risco de inadimplência para o comprador dos papéis. Em troca, os clientes pagarão uma porcentagem da redução de juros que conseguirem obter.

Outras empresas já atuam dessa maneira, nos Estados Unidos, mas algumas das maiores companhias do setor têm visto sua credibilidade se reduzir no mercado, por terem uma parcela dos empréstimos dos quais são fiadoras ligados às hipotecas. Elas já correm o risco de perder a avaliação AAA ("triple A") que possuem, essencial para garantir que os gestores de crédito de fato sintam-se seguros e baixem as taxas de juros.

Na semana passada, por exemplo, a agência de classificação de risco Fitch pôs em observação para eventual rebaixamento o "triple A" de algumas das principais "garantidoras", como Ambac, Financial Guaranty Insurance Corp. e MBIA. Esta última empresa também foi alvo de outra agência, a Moody';s, que diminuiu sua previsão de avaliação para "negativa".

A instabilidade do setor também pode ser percebida na redução do preço das ações das fiadoras. Os papéis da MBIA perderam dois terços de seu valor, nos últimos três meses, enquanto os da Ambac despencaram quase 60%, no mesmo período.

Mais um acerto de Buffett?

Nesse cenário, a entrada da Berkshire Hathaway no mercado apresenta boas chances de ser um sucesso, segundo analistas ouvidos pelo WSJ. Primeiro, porque as perdas com os empréstimos ligados às subprimes e a redução da credibilidade podem ser fatais para os concorrentes da empresa de Buffett, num setor em que a capacidade de transmitir segurança quanto ao cumprimento dos acordos é o bem fundamental.

Em segundo lugar, embora a companhia ainda não tenha passado por avaliação nas agências de risco, os analistas dão como certo que a empresa receberá desde seu início um status de "triple A", pelo fato de o grupo Berkshire Hathaway, como um todo, já ser classificado dessa maneira e estar entre as empresas cuja avaliação é uma das mais sólidas do mercado.

"Uma fiadora que entre no mercado com um ';triple A'; certamente vai roubar negócios da MBIA, da Ambac e das outras companhias, porque o próprio ';triple A'; delas está sob suspeita", afirmou ao WSJ o executivo-chefe da consultoria Tempus, Ed Grebeck.

Mais do que o nome da empresa, a seguradora da Berkshire Hathaway acaba por se beneficiar do nome do próprio Buffett, cuja fama de gênio das finanças já é quase lendária, em meio a investidores do mundo todo. A entrada no mercado de crédito num momento de baixa também reflete bem a estratégia de Buffett de sempre esperar - se necessário por muitos anos - pelo melhor momento de fazer negócios. A paciência para aplicar o dinheiro e a busca de atividades de baixo risco são algumas das lições mais marteladas pelo bilionário, nos livros em que ele explica a origem de sua fortuna (leia aqui uma resenha de EXAME sobre o mais recente livro a respeito do megainvestidor ).

Depois do estado de Nova York, onde a Berkshire Hathaway contará com um capital inicial de 105 milhões de dólares para atuar como fiadora, Buffett planeja expandir a operação para os Estados americanos da Califórnia, Texas, Illinois e Flórida, além do país vizinho Porto Rico.

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