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Easynvest lançará plataforma de renda variável para pequeno investidor

Com um aplicativo tão simples quanto o do Spotify, expectativa da corretora é passar dos atuais 65 mil clientes de ações para 320 mil em 2021

Em julho, a bolsa de valores alcançou o patamar histórico de 1,2 milhão de investidores, um aumento de 53% em relação ao fim de 2018 (Getty Images/Getty Images)
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Natália Flach

Publicado em 16 de agosto de 2019 às 16h58.

Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 17h30.

São Paulo - Aos poucos, os brasileiros estão descobrindo o investimento em renda variável. Prova disso é que, em julho, a bolsa de valores alcançou o patamar histórico de 1,2 milhão de investidores, um aumento de 53% em relação ao fim de 2018. É um avanço considerável, mas ainda está aquém do potencial do país. Para se ter ideia, nos Estados Unidos, 55% da população investem no mercado acionário, de acordo com o site Statista.

Entre os motivos que explicam por que no Brasil o percentual não chega a 1%, estão o desconhecimento sobre o assunto e a crença de que ações são investimento de endinheirados. Além disso, é comum ouvir relatos de que é difícil usar as plataformas de negociação, chamadas de home broker.

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Ciente disso, a equipe da corretora Easynvest passou seis meses desenvolvendo uma interface mais amigável com informações que atendem as demandas do pequeno investidor. Esse trabalho resultou em uma nova plataforma que vai ao ar no dia 26 de agosto e terá como premissa ser tão simples quanto navegar em aplicativos como Spotify e Netflix. A ideia é que, além de gráficos de rentabilidade e da divulgação das taxas cobradas nas operações, haja divisões por temas, como as ações que mais pagam dividendos e fundos imobiliários mais rentáveis.

Com isso, a expectativa da Easynvest é passar dos atuais 65 mil clientes de renda variável para 320 mil investidores em 2021, quando o total de brasileiros que investem na bolsa deve ultrapassar 3 milhões, segundo Fernando Miranda, presidente da corretora. Miranda também espera que tanto a nova plataforma quanto os demais produtos representem um aumento de 50% no faturamento da Easynvest neste ano. Em 2018, a receita de intermediação financeira quase atingiu 70 milhões de reais, 14% a mais que no ano anterior. No entanto, o lucro recuou 29% para 7,3 milhões.

Para recuperar a perda da lucratividade, a corretora está apostando na nova plataforma. Reduziu as tarifas de corretagem na renda variável de 10 reais para 4,99 reais, no caso de investidores mais experientes, e para 2,49 reais no caso dos iniciantes. Já para aqueles que nunca investiram em renda variável pela Easynvest valerá o conceito "freemium", que nada mais é do que o período de degustação, que terá validade até o fim do ano (desde que sejam 100 operações por mês).

Confira a seguir os melhores trechos da entrevista com Fernando Miranda, presidente da Easynvest.

 

 

A Easyvest tem 50 anos, mas se reinventou como fintech. Como fizeram essa transformação?

Começamos o ano com 250 pessoas e vamos terminar com 450. A empresa respira tecnologia focada em mercado financeiro. Tanto que fomos a primeira corretora a criar um aplicativo de renda fixa e, passamos os últimos 12 meses, discutindo qual seria a próxima onda de disrupção que pudesse criar um portfólio mais completo para os investidores. Então, fizemos muita pesquisa para saber quais são as dores não do trader (investidor que acompanha o mercado com mais afinco) e, sim, do investidor amador. Conversamos com 5 mil pessoas que não investiam em renda variável mas tinham certa curiosidade ou que tinham investido pela primeira vez.

O que descobriram?

Os resultados apontaram que 80% das pessoas não investiam por falta de conhecimento, medo de perder dinheiro ou por achar que investir em ações era coisa para de rico. Outra questão que chamou nossa atenção foi a crítica à qualidade aos home brokers: 67% disseram que as plataformas eram ruins. Não que não funcionassem, mas é que tinham tantos gráficos que os investidores se perdiam. Outros 34% afirmaram que as taxas (de corretagem e de custódia) eram pouco transparentes. Com base nisso, começamos a criar o que seria uma plataforma de renda variável disruptiva.

O que é essa nova plataforma?

É uma plataforma integrada ao aplicativo da Easynvest. Não será necessário operar bolsa no home broker: o iniciante pode investir pelo site ou pelo aplicativo. A plataforma está extremamente intuitiva nos moldes de Netflix e Spotify. É quase uma playlist dos temas. Ou seja, vai ter as ações que mais pagam dividendos ou os fundos imobiliários mais rentáveis. Também vamos incluir na plataforma carteiras recomendadas de parceiros. O conceito que queremos passar é que investir em renda variável é para todos.

E com relação a preço, muda algo?

Estamos focados em transparência. No momento da compra, o investidor vai saber quanto está pagando de corretagem e de custódia. Hoje, a gente cobra 10 reais, mas estamos reduzindo para 2,49 reais para o fracionado. Já para o investidor mais experiente o preço será de 4,99 reais. Além disso, do lançamento até o fim do ano, criamos o conceito freemium que é isenção de corretagem para aqueles que não operavam renda variável na Easynvest, desde que sejam até 100 transações por mês. Estamos fazendo isso porque não queremos que o preço seja uma barreira de entrada. A ideia é que a experiência na plataforma seja tão boa que faça com que o investidor fique e passe a pagar esses valores a partir de janeiro.

Quantos clientes vocês têm hoje e qual é a expectativa de crescimento no curto prazo?

Temos 65 mil clientes investindo em renda variável. É muito pouco — se compararmos, temos 25% do mercado dos investidores de Tesouro Direto. Esperamos que até 2021 esses 65 mil virem 300 mil a 320 mil. Isso será possível porque a bolsa terá de 3 milhões a 4 milhões de pessoas físicas daqui a dois anos. Ao todo, estamos chegando a 20 bilhões de reais sob custódia com 1 milhão de investidores. E vamos crescer 50% em receita neste ano.

Por que não isentar completamente os clientes?

Porque estamos investindo em tecnologia e queremos continuar. A proposta de valor da Easynvest não é produto, porque isso é commodity. O fundo Alaska está aqui e nas demais plataformas. É claro que sempre vai ter uma particularidade ou outra, como alguns CRIs que não vão aparecer em nenhuma outra corretora. Mas não vejo diferenciação nisso. Eu acredito muito mais na experiência encantadora. Parece blá-blá-blá, mas não é. A empresa respira isso. Acho que muitas corretoras quebraram porque dependiam apenas de uma receita. Hoje, temos receita de renda fixa, CDBs, debêntures, e a nossa área de mercados de capitais está cada vez mais forte. Zero é bom para cliente, mas pode ser o gatilho para uma nova leva de quebra-quebra.

Quais são os próximos passos na plataforma?

A partir do momento que eu sei quem é o investidor, tenho seu suitability (perfil de risco e de investidor) e o que ele busca, posso enviar carteiras recomendadas relativas ao seu perfil. Também vamos usar machine learning para dizer no que pessoas com perfil parecido estão interessadas, bem na linha da Amazon que fala "pessoas que compraram esse livro também se interessaram por esse produto". Veja que, em nenhum momento, vamos falar "compre essa ação".

Pode falar quanto investiram?

Difícil... posso dizer que foram seis meses de projeto, que incluiu pesquisa e desenvolvimento da plataforma. A base é toda commodity.

Como está estruturada a receita da Easynvest?

Nosso carro-chefe sempre foi a renda fixa, temos 25% de mercado. A parte de fundos tem crescido muito, com aumento de 60% de clientes. Temos uns 100 e poucos fundos. Ai, quando um não tem uma performance muito boa, a gente troca. Não precisamos de mais, para não cair naquelas de ter tanta coisa que o investidor fica perdido.

E a área de mercados de capitais?

Temos nove ou dez projetos na fila como coordenador líder. São CRIs, CRAs e FIIs. Como tenho uma plataforma de distribuição do varejo, também tenho a taxa da distribuição. No futuro, vamos lançar também produtos voltados para previdência.

 

 

 

 

 

 

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